Era um dia cheio. Eu havia chegado de uma missão sozinho a mando de Quíron e confiado pelo meu pai, Zeus.
Contemplava o acampamento enquanto descia pela colina. Não era uma visão incomum porque todos que passavam por aqui, mas eu era amante da beleza. Minha mãe passou esse gosto enquanto me ensinava sobre a arte em meu tempo.
Chegando no chalé, coloquei minhas coisas em seus respectivos lugares. Eu tinha orgulho em deixar o chalé de nossos irmãos e de meu pai impecável e meus poucos irmãos e irmãos faziam o mesmo sem pestanejar. Logo, tomei um banho demorado e relaxante. Era tarde e eu queria sonhar com o meu passado logo.
Em minha cama, já com a mente envolta em meus sonhos, eu via meu lar do passado. Esparta esplendorosa e imponente por aqueles vastos campos. Eu enfim, estava voltando para casa. Via ao longe minha mãe e meu pai adotivo com uma linha grande de guerreiros que me saldavam ao longe pela minha chegada mas uma luz ao longe, pela direita avistei. Meu coração se apertara.
Sons estrondosos e luzes riscavam os céus na direção de minha amada cidade. Eu corria, imaginava uma invasão mas o chão me puxava para trás. Tentei usar de minhas forças, habilidades mas eu era inútil a aquele momento.
Acordo suando frio em meio a barulhos estranhos vindo da plantação de morangos.
_Ahaaa! – Acordara assustado. Senti algo estranho. Fechei minha boca e olhei para os lados. Não vi ninguém.
Logo imaginei que teriam ido lá fora verificar o estranho barulho. Precavido, vesti minha armadura, coloquei meus equipamentos e peguei minha mochila.
Estavam arrumados e prontos para uma missão. Eu sempre fazia isso para poupar tempo.
Fui lá fora armado até os dentes. Segurava minha lança média elétrica e olhava para os lados. Estranhamente não avistava ninguém. Algo de estranho eu ainda sentia desde o momento que havia acordado. O pátio central abrigava todos os campistas. Não cria como não havia ninguém aqui fora para ver aquelas luzes e barulhos imensos saindo das plantações de morango.
Corri para o salão central. Nada. Ninguém. Corri para as plantações mas ao chegar um pouco da metade do caminho, uma quimera saltou em minha frente atirando uma gosma verde pela calda que possuía uma cabeça de serpente.
Recuei em modo defensivo para os lados. Quase fui pego de surpresa. Talvez se ela tivesse atirado antes de pular em minha frente. Agradeci a meu pai em silêncio.
_Seu pai não tem poder aqui criança perdida. – Olhei para a criatura assustado.
Em meus anos de acampamento, nunca tinha visto uma quimera que falasse. Tinha uma voz rouca e metálica. Também parecia que era mesclada com outras vozes. Os olhares de suas cabeças eram penetrantes e objetivos. Rapidamente fiz base de luta quando em um salto bem forte, a quimera aplicou contra mim.
Saltei para o lado enquanto aplicava uma estocada em seu ombro. Infelizmente quando fiz isso, meu escudo foi um pouco para o lado devido ao meu movimento e a calda com a cabeça de serpente me acertara.
Senti minha pele queimar depois da mordida. A quimera sorria. Rapidamente fui de encontro a ela. Surpreendendo-a com uma pancada forte com meu escudo espartano, jogando-a para trás.
Ela me olhava com espanto.
_Achas que vai me derrotar com uma simples mordida? Enquanto houver um sopro de vida, lutarei até a morte.
Os fogos continuavam, ninguém aparecia. Eu estava ficando agoniado.
Quebrando meus pensamentos, a quimera veio como um touro selvagem ao meu encontro. Saltei para o lado enquanto uma de suas patas passava por mim. Tentei aplicar uma estocada com a lança na sua lateral mas a mesma sabia do efeito que ela causara. Abocanhara minha lança ao mesmo tempo que saltava para o lado. Minha lança escorregara de minha mão e em seguida, a via sendo jogada para os lados.
A quimera era diferente, maior que a normal. Antes mesmo que eu percebesse onde a minha lança média elétrica tinha caído, uma segunda patada a mesma estava desferindo. Ela vinha de cima para baixo. Rolei para baixo da quimera que saltava em sequência mas eu já estava sacando minha espada espartana e quase como se fosse em sincronismo, apliquei a tempo um corte de baixo para cima.
Ambos recuavam e se fitavam.
O céu estava estranho. Em meio à tarde, uma tempestade rocha e negra com raios de cores estranhas cortavam os céus. O céu parecia pulsar.
_Vou te matar grego do passado. – A quimera gritava enquanto corria em minha direção.
Eu, por algum motivo, estava ficando tonto. Minhas vistas estavam ficando embaçadas. Fechei bem os olhos, buscando focar meu alvo. Com um grito forte, fui de encontro a quimera. Usei de minhas habilidades enquanto golpeava seu corpo com o escudo. Senti o impacto forte passando pelo meu corpo. Em meio aos nossos movimentos, aplicara uma estocada forte de lateralmente visando atingir seu coração, ela em sequência, mordera meu ombro e sua calda, mordia minha coxa. Com muita dor, enfiei minha espada com toda a minha força e logo senti um baque no peito.
A quimera virava pó enquanto eu caia no chão. Busquei em meio aos meus pertences, poções de cura e as usei. Embainhei minha espada e busquei minha lança. Minha cabeça estava girando e eu mal conseguia ir nas plantações mas eu fui.
Estranhamente, os barulhos de fogos não eram os mesmos. Por um tempo no acampamento, conheci tais artifícios criados para colorir os céus e alegrar as massas. Em meu tempo, na antiga Grécia, não havia essas coisas. As únicas coisas que cortavam os céus com brilhos únicos eram as bolas de fogo, jarros de fogo grego atiradas por catapultas. Aqueles fogos de artifícios estavam com um som diferente. Pareciam sons de uma máquina dando curto, algo familiar que outrora ouvira enquanto passava pelo chalé de Hefesto e pelas suas forjas.
Quando adentrei na plantação, o barulho se sessava. Algo como um vórtice de um tipo de portal, me sugava e logo não via mais nada.
Tomei minha consciência no momento que estavas chegando no acampamento, depois de minha missão entregue por Quíron e confiada pelo meu pai.
Olhei para o meu corpo rapidamente em busca de ferimentos. Coloquei minha mão em minha garganta.
_O que foi Alceu, perdeu alguma coisa? – Um filho de Hermes brinca quando me vê afoito.
Apenas balancei a cabeça perdido em minhas lembranças. Pensando como voltei para este momento. Era diferente, eu não havia encontrado ninguém quando descia para o meu chalé. Via as mesmas pessoas em seus afazeres mas não havia encontrado e falado com ninguém antes.
Apenas balanço a cabeça e parto para o meu chalé. Foi uma missão longa e cansativa. Provavelmente eu estava viajando em pensamentos, criando um próprio mundo em minha mente.
Comecei a fazer isso depois do divórcio. Não suportava a realidade. Ainda não suporto. Nesse momento, decido ir antes ver Quíron para pedir mais uma missão. Eu havia completado 8 seguidas, estava sempre fora. Acho que ninguém havia sentido minha falta. Somente Aaron, meu amigo, irmão com que eu sempre trocava palavras e experiências me tratava como um igual, como se nada estivesse acontecido, Quíron para me dar mais missões e os deuses com algum pedido a ser feito.
Avistei-o ao longe.
_Quíron!! – Acenei.
Chegando perto, expliquei que havia conseguido recuperar o artefato perdido de meu pai que estavam nas mãos de um grupo de semideuses renegados.
_Tem mais alguma? Gostaria de partir o quanto antes. – Tentava dar um sorriso apensar do cansaço.
_Você está a meses sempre fora Alceu. Se enterrar em missões não vai sarar seu coração.
Quíron olha para mim com uma certa tristeza enquanto colocava suas mãos em meus ombros. Abaixei minha cabeça enquanto algumas lágrimas insistiam em correr pela minha face cansada. Rapidamente enxuguei-as.
_Não se preocupe Quíron. Apensa desejo honrar meus pais e os deuses. Minha pequena vida não importa aqui.
Quíron olhava para mim com um olhar preocupado e muito analítico.
_Então está bem. Tem outra que provavelmente ninguém iria ir sem pestanejar mas acho que você não é assim.
_Dionísio perdera seu Cálice em um lago em Michigan. Ele está louco atrás dele e se quiser ir o quanto antes, acho que ele ficaria muito grato.
Aceito a missão balançando a cabeça.
_Claro. Só irei tomar um banho e partirei assim que todos irem dormir. – Consentimos e tomamos nossos caminhos.
Entrei em meu chalé e guardei meus equipamentos costumeiramente. Tomei um banho demorado, vesti minha roupa de dormir e antes de me deitar, coloquei o despertador programado.
Assim que encostei minha cabeça, senti o sono me levar para longe.
Comecei a ter sonhos estranhos. Sonhava que estava em um lugar amplo e totalmente branco de menos o chão. O chão era de terra batida mas havia sangue por toda parte. Uma mistura de tempestade com ventos fortes, raios e relâmpagos cortavam o céu branco. Parecia que o senário só se formava naquela parte onde eu estava. Não dava para descrever se era de dia ou a noite.
Eu não conseguia me mover. Avistei uma massa de energia vindo em minha direção. Tentei com todas as minhas forças sair do local mas meu corpo estava paralisado. Não era medo. O chão rachava. Parecia que minha força estava fora do normal. No mesmo, saíam almas mas elas pareciam fumaça. Por um instante, o tempo ficou lerdo. Reconhecia as almas que passavam para mim e iam para o buraco causado pela minha força. Eram meus amigos e o conselheiro do chalé de Hefesto. Meu amigo Alvelin. Eles passavam por mim falando mas eu não os escultavam.
Depois que Alvelin passou e fixou seus olhos em mim, ouvi algo. “Chave, sabotagem”. Logo depois disso um som imenso e no mesmo instante, senti meu corpo quente. Imaginei que era a massa de energia que por fim havia me acertado.
Levantei da cama assustado. Olhei para os lados e não avistei ninguém.
_Será que estou passando pelas mesmas coisas? – Ainda olhando em volta, me equipei, peguei meus equipamentos e fui ver que som era aquele que vinha das plantações de morango.
Meu relógio nem havia despertado. Não sabia que horas eram. O tempo estava parado e aquele som que eu ouvira na noite passada era o mesmo. Decido ir pelo outro lado. Queria evitar um confronto e partir para a plantação mas ao tentar passar por de trás do chalé e pegar um caminho alternativo, avisto um minotauro nunca jamais visto. Bem, pelo menos pra mim.
_Ei filho de Zeus, você mesmo. É, você mesmo. Ele vai explodir tudo, tudo.
Olhei sem entender nada. Ele segurava uma grande chave. Parecia uma alavanca. Ele tinha um elmo com olhos de vidro. Parecia de um engenheiro. Ao invés de armadura, havia um avental de couro. Aqueles usados em forjas.
_Quem vai destruir o que? – Perguntei mas segurando meu escudo e espada espartana.
Quando lhe fiz a pergunta, ele me olhava perdido.
_Você veio buscar a chave? – Ele a abraço contra o peito.
_Não vou te dar. Terá que me matar. – Ele a segurava como uma marreta gigante.
Antes mesmo que eu tentasse me explicar, ele veio com tudo para cima de mim. Saltei para o lado oposto de sua “marretada” e logo apliquei um golpe cortante lateral em suas costelas e recuei para trás.
Ele observava seu avental cortado. Parecia que dava mais importância para ele do que para o corte que eu lhe havia dado. Com um urro de raiva, seu semblante mudara. Seus olhos transbordavam fúria. Seu corpo ficara vermelho e senti que era a hora de me afastar.
Ele veio com muita velocidade. Abusei da minha habilidade de saltos. Ele aplicava não 1, 2 e 3 golpes mais 7 em sequência incansável. Eu saltava, rolava. Árvores de pequeno porte eram arrancadas e arremessadas para longe. Ele não deixava chegar perto mas era preciso. Apliquei um impulso no momento que ele acertara o chão mas ele parecia que havia adivinhado o que eu ia fazer. Ele em sequência, aplicou um soco bem forte. Usei de minha energia para invocar forças como atleta e a bloqueei com o meu escudo.
O choque de energia fora tão grande que ambos foram recuados uns 7 metros para trás. Ambos meios tontos por causa do baque mas eu ainda o tinha em meu campo de visão. Elevei a minha espada espartana aos céus para invocar um raio mas quando minha visão voltara ao normal, ele me acertara. Segurando suas duas mãos e aplicara um complete horizontal. Tentei segurar com o escudo mas não consegui a tempo, invocar mais energias para ter forças. O impacto me arremessara contra uma árvore de meio porte, quebrando-a e deslocando meu braço. Meu escudo já não via por onde havia caído.
_Você não levará a chave. – Ele me olhava com muita fúria.
_Quem vai destruir o que? – Perguntei mais uma vez tentando arrumar tempo para colocar meu braço no lugar.
_Você e aquele ligeiro de uma figa. Não vão levar minha chave. – Ele Praguejava e destruía algumas árvores por perto.
Eu tivera o tempo necessário. Com um grito e um ranger de dentes, coloquei meu braço no lugar, peguei minha espada e o olhei com ódio.
Não sentia isso a muito tempo. Seria pelo fato de tantas coisas ruins que estavam acontecendo comigo?
Corri de encontro a criatura. Senti minha energia e estava pronto para mostrar o tamanho da força de um filho de Zeus atleta de Héracles.
Avancei de encontro e assim que ele desferia um golpe, de cima para baixo, com sua “marreta”, saltei para o lado e em sequência o surpreendia com um avança, ficando frente a frente com ele. Usei de minhas habilidades para obter mais força e movimentos mais precisos em batalha. Segurei seu braço armado, puxando para frente no momento que ele atingira o chão. Isso o desequilibrou e em seguida, apliquei três golpes perfurantes em seu peito. Eu estava tão tomado pela raiva espontânea que não percebera que ele havia virado pó e que eu estava destruindo uma árvore.
Eu lutara contra muitos minotauros mas aquele era muito diferente. Suas palavras estavam martelando minha mente enquanto eu estava indo para as plantações ver o que estava acontecendo.
Eram os mesmos fogos de antes mas os sons eram diferentes. Seus sons eram como explosões. Não como fogos que explodiam e logo se ouvia um som agudo.
Entrei na plantação e não via nada, nem ouvia mais os sons. Tentei ver por onde tinha saído os fogos. Avistei um risco de um dos fogos, por onde um saíra próximo de mim e corri para ver o que era. Tentei correr mas parecia que a distância aumentava. Eu corria e corria. Tentava saltos longos mas a distância aumentava ainda mais. Parei para observar onde eu estava. Não lembrava que a plantação era tão grande. Olhava para os lados e foi então que eu avistei algo correndo pela plantação de morango.
_Ei!! Você!! – Corri atrás mas eu só escutava sorrisos que pareciam sorrisos travessos de uma criança. Ela corria muito. Imaginava que eram mais mas ela somente ela. Percebi quando eu a vi, saindo das plantações. Saí também e quando saí, os sons e os fogos voltaram. Escutei uma risada e quando olhei para o garoto, ele havia sumido.
Eu olhava para os lados e naquele instante, os céus pareciam que estavam caindo. O chão sumira e eu estava caindo e caindo. Um sono forte me envolvia e quando perdi minha consciência, eu me via descendo a colina, em meio ao pôr-do-sol.
Olhei para ver seu os meus equipamentos estavam comigo e estavam. Meu ombro nem doía. Nem parecia que eu havia deslocado.
Dessa vez eu tinha certeza que estava preso em algum espaço temporal, déjà vu.
Descia a colina e logo avistei com mais clareza algo acontecendo com a arena. Ela estava cheia e toda enfeitada. Me lembrei da Grécia e seus jogos por uns instantes. Eu ouvia gritos em meio à multidão. Ignorei e fui para o meu chalé.
Em meu chalé, joguei minhas coisas na cama. Estava pensativo e cansado de mais. Talvez um banho quente na banheira resolveria. Entrei e fiquei por um bom tempo.
Refleti por uns instantes sobre meu sonho com a minha família e aquelas luzes seguidos de explosões que vira caindo em minha cidade. Uma dor forte dominava meu peito e comecei a chorar em silêncio. Havia perdido minha família, meu tempo, minha esposa. Um turbilhão de sentimentos me dominava. Minhas lágrimas se misturavam as águas daquela banheira grande de mármore.
Balancei minha cabeça tentando afastar tais pensamentos. Foquei no que aquele minotauro havia falando comigo. Ele falava sobre a chave e que um ligeiro a tomaria dele. Foquei nas almas que vi de meus amigos e das palavras de Alvelin. “Chave e sabotagem”.
Cansado e perdido em meio aos meus pensamentos, adormeci. Não sabia por quanto tempo eu havia dormido mas acordei com os sons dos mesmos fogos de artifício.
_As plantações de morando. – Disse enquanto saía da banheira e me vestia. Peguei minhas coisas que havia deixando na cama e me equipei.
Saia do meu chalé com passos firmes mas foi então que vi alguém correr em meio as sombras e ir para trás dos chalés. Achei suspeito e fui ver o que rolava.
Chagava o mais silencioso o possível e foi quando vi um filho de Hermes ir sorrateiramente por trás dos chalés e chegar as costas do salão das forjas. Ele segurava um tipo de chave e parecia abrir alguma coisa. A luz dos fogos de artifício não brilhava o suficiente para ver quem era. Ignorei os fogos e segui para ver e tentar ouvir o que o suspeito pretendia.
_Vou abrir esse escapamento e sobrecarregar a forja fazendo explodir tudo hahaha
Chagava mais perto para ouvir mais.
_Óbvio que as chamas não os mataram mas os destroços sim muhahaha hehe
Fiquei espantado com a ousadia do cara. Saquei minha espada e isso foi o suficiente para ele ver que não estava sozinho. Ele se erguei de onde estava e olhava assustado para mim e recuava para as luzes das tochas. Eu não enxergava seu rosto. Parecia que uma aura o tampava. Só notei uma coisa peculiar em seu pescoço mesmo com a boa iluminação das tochas. Um pingente com o símbolo de Hermes.
_O que pensas que está fazendo?
_Não importa o que pretendes fazer. Não vou deixar que coloque a vida dos campistas que se encontram nas forjas.
Dizia com autoridade e um senso de dever.
_Você? – Ele começou a sorrir.
_Bem típico de você Alceu. Um filho de Zeus querendo por ordem.
_Matarei você e colocarei em prática minha vingança.
Não disse mais nada. Eu não retrucava provocações porque palavras nessas horas não cortavam mais que lâminas.
Ele veio a toda. Eu mal pude ver sua adagada. Ele cortara de leve meu braço e a lateral de minha cintura.
_Você nunca vai me pegar com essa velocidade cara.
_Saia daqui e eu finjo que não te vi e pouco sua vida.
Aquelas palavras de deboche me deixaram bem irritado. Tentei focar na luta que eu não queria deixar de ter e bolei um plano.
_Achas mesmo que esse graveto de palitar dentes vai me matar?
Sorri o provocando e via em seus olhos que havia dado certo. Sem dar uma palavra, ele veio a toda. Antes de correr, ele havia mirado sua adaga em meu peito. Nesse meio tempo, usei de minha habilidade como filho de Zeus para aumentar a velocidade e coloquei o escudo a frente de meu peito. Por um instante, nossas velocidades se equipararam mas não foi o suficiente para evitar que eu sofresse mais 2 ataques. Agora minhas costas e minha coxa esquerda estava sangrando.
_Nunca pensei que era tão fácil matar um filho de Zeus como você.
Eu estava caído devido os ferimentos e os mesmos começavam a queimar. Meu corpo tremia.
Ele se agachou e sussurrou em meus ouvidos.
_Perdeu sua família, milénios de sua vida preso naquele hotel, perdeu sua esposa que agora é desejada por todos, não tem ninguém, mais nada e agora perderá sua vida.
Eu via ele erguer aquela adaga. Desejei por uns instantes, ao fechar meus olhos, que me desse um fim tanto desejado. Relembrei os tempos de criança. Minha mãe sempre adorável, aquele olhar de ternura, os abraços de meu pai, dela, os sons de seus sorrisos que a milhares de anos eu havia esquecido. Pro um momento eu sorria. Olhei para os céus e via as mesmas estrelas as quais passava horas vendo e aprendendo com minha mãe.
“Dizem meu querido filho, que quando morremos, uma estrela nasce representando-nos. O brilho das estrelas ne nossos antepassados nos ilumina, nos guiando em meio as trevas.” Ela me abraçava. “Quando se sentir só, perdido e envolto as trevas em seu coração, basta olhar para as estrelas. Você não está sozinho”.
As lembranças e as palavras de minha mãe me deram forças. Ao mesmo tempo que olhava para os céus, senti uma força me revigorando.
_NÃO!!! – Gritei bem forte quando segurei no chão antes de encravar sua adaga em meu peito e dar fim a minha vida.
Os fogos de artifício ainda estouravam mas eu não estava mais interessado. Segurei o filho de Hermes com muita força pelos braços e invoquei um raio mais forte que eu conseguia.
O raio nos atingira e o joguei para frente.
_Como o efeito do meu veneno não está funcionando em você? – Ele me olhava assustado e caído no chão.
_Mais uns cortes e eu o mando para o submundo seu maldito. – Antes mesmo que ele terminasse de falar no chão, fechei as duas mãos e golpeei bem firme o chão. Uma onda de choque percorreu aquele local sacudindo o filho de Hermes. Sua arma caíra no chão. Antes mesmo que ele conseguisse seu equilíbrio e corresse, usei mais uma vez de minhas habilidades para o jogar o filho de Hermes de encontro a uma pilastra gigante de mármore. Manipulei o ar e o lancei para a pilastra perto de mim. Foi o suficiente para dar um fim naquele maldito.
Desarmado, prensei seu peito de contra a pilastra, fechei meus punhos e armei 3 socos fortes como uma marretada. Senti suas costelas se quebrarem como gravetos com o primeiro e o segundo soco e quando mirei em sua face e lhe dar um fim, eu acordei em meio a mesa dos filhos de Zeus. Eu estava em um jantar onde por coincidência era uma comemoração de boas-vindas a uns semideuses que voltaram de uma missão.
Não sabia como e porque eu tivera aquela visão. Não sabia também se era realmente uma visão ou sonho. Eu ainda segurava uma taça de vinho estranha que provavelmente eu havia bebido.
_E então filhos de Zeus, o vinho de sua época ainda é melhor que o meu vinho de nossas plantações? – Olhei meio tonto para a taça e para o Senhor D que falava comigo.
_Não. – Coloquei a mão na cabeça e fui de encontro ao senhor D.
_O vinho do senhor é bem forte e saboroso. – Entreguei a taça ao senhor D e voltei a mesa dos filhos de Zeus.
_Só tomou algumas goladas e já está tonto? Dionísio sorrio e os demais. Sorri em meio a brincadeira.
Naquele momento, uma pessoa me chamava a atenção. Ela se levantara dentre os filhos de Hermes, portava uma chave igual aos meus sonhos e ela ainda possuía o pingente com o símbolo de Hermes também igual aos meus sonhos.
Olhei meio assustado com aquilo e com as lembranças depois de beber aquele vinho. Os céus ainda eram tomados pelos fogos de artifício.
Me levantei rapidamente e olhei para o senhor D. Ele olhava fixamente para mim e logo acenou com a taça, como se me desse uma autorização. Percebi que era algo real e logo fui atrás do filho de Hermes sem que ele percebesse.
Fingi que ia no meu chalé pegar algo, inventei desculpas para os que me perguntavam para onde eu ia e logo, comecei a seguir com cautela o filho de Hermes.
Estávamos no mesmo lugar, atrás das forjas. Ele falava as mesmas coisas e tinha a mesma ideia.
_Você não vai se vingar de ninguém Rômulo.
Ele olhou assustado para mim.
_Como sabe que eu estaria aqui? Como adivinhou o que eu pretendia?
Ele possuía sim as mesmas coisas de meu sonho. Seu pingente e chave, suas vestes. Ignorando seus dizeres e indo para cima como eu havia feito, previ seus movimentos e o desarmei.
_Como em nome de meu pai, conseguiu ver meus movimentos? Como sabia de minhas intenções?
_Tive um bom pressentimento do que poderia fazer. – Apenas sorri para ele enquanto o segurava firme. Levei-o ao centro onde o jantar de boas-vindas ainda estava acontecendo.
No meio do local e em frente a todos e do senhor D eu disse.
_Senhor D, peguei Rômulo Tentando sabotar as forjas. Presumo que se algo acontecesse caso ele conseguisse, alguns amigos filhos que estavam nas forjas, sairiam bem machucados.
_Levem ele para o “canto” – Alguns campistas ficaram murmurando e meio assustados quando o senhor D falara “canto”.
Alguns sátiros o pegara e o levara.
_Calma meus jovens. Não precisam se assustar. Só crianças levadas vão para esse local e obrigado Alcípedes por ajudar.
_É Alceu senhor D – Sorri. Ele ainda não dizia corretamente nossos nomes. Eu sempre achei que era para fazer raiva mas eu sempre achei mais engraçado como ele fazia isso.
_Que seja. Continuem as festas.
Me sentei a mesa com meus irmãos e irmãs e logo recebi uma saudação de meus amigos filhos de Hefesto. Alvelin chegou perto de mim e me agradeceu com um aperto de mão e um papel depois me entregara.
_Isso é um cupom de desconto de 30% nas forjas de meu pai. Presente dele e obrigado cara.
Nos cumprimentamos e curtimos a festa. Olhei para as plantações de morango e sorri e disse:
_Agora sim dá para ver que são bonitas mas não mais bonitas que essa noite.
Olhei para as estrelas e agradeci para uns em especial. Fechei o punho e o coloquei a frente do coração.
“Pai e mãe, muito obrigado”.