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No horizonte o sol manchava as água com uma tinta alaranjada. O oceano parecia um cobertor para que o próprio Apolo tirasse um descanso, e o acampamento meio-sangue estava prestes a mergulhar na noite. As harpias se preparavam para fazer a inspeção. Quíron olhava da varanda no segundo andar da Casa Grande para o semideus em frente à extensão de Poseidon. Era o próprio Ryan. Depois de encarar a face do fim ele sabia enxergar a beleza em tudo ao seu redor. Nada havia mudado, a não ser o próprio semideus. E isso mudava tudo.
Distante, entre as montanhas uma nuvem de tempestade se formava com estrondos e clarões. Ela era densa, tão densa que talvez pudesse ser segurada na palma de uma mão. Quem sabe fosse possível até andar sobre ela. Ryan não sabia, pois agora via o mundo de forma diferente. Via a vida de forma diferente.
Uma certa vez foi dito que os homens mais velhos carregam um peso no olhar, por causa de todas as coisas que viram durante suas vidas. Ryan carregava esse mesmo peso, talvez ainda maior. Pois o fim do mundo já aconteceu diante dos seus olhos, e também foi parte dos mesmos.
Nos ouvidos do conselheiro do filho de Ares uma voz soprou. Era suave como o vento. Doce como uma chuva em tardes de verão. A voz parecia tocar sua nuca com seda, cobrindo seus ouvidos em veludo e seu olhar baixou. Ryan olha em volta, mais três pessoas havia se reunido junto à ele. Na beira do mar. Aparentemente a voz havia conversado com todas aquelas pessoas. Tinha dito a mesma coisa à todos eles.
“Siga a tempestade”.
