Não vou negar, era estranho ver vaqueiros tirando férias, cuidar da fazenda era a rotina da vida deles e esse tipo de gente não costumava abandonar dessa forma... talvez fosse só aquela paranóia de semideus achando que tudo e todos ao redor são monstros disfarçados, quem sabe?

— Muito obrigado, amigos! Vocês são incríveis!

Abri um sorriso enorme quando me ofereceram a carona, fazendo um sinal de jóia com o dedão levantado, mandando que o tigre de bronze subisse na caçamba antes de mim, tomando cuidado para que nós não assustássemos muito os bichos... iríamos descer no coração da cidade fedendo a titica, mas pelo menos era mais rápido que ir a pé.

Me segurei, ainda refletindo se aqueles dois não eram na verdade uma dupla de sei lá, goblins maníacos prontos pra comer o meu fígado, ou talvez apenas mortais sequestradores mesmo, infelizmente aquilo era bem comum. Tentei afastar os pensamentos, mas prestando total atenção no casal, no que levavam na caçamba e no caminho que estávamos fazendo; se começasse a ficar muito estranho, pularia com o tigre de bronze pra fora do carro, me encolhendo pra não tomar tantos danos da queda.

Mas torcia com todo meu coração pra que fosse apenas pessoas boas dispostas a me levar até a cidade, era só disso que eu precisava por enquanto.

Não tinha problema até então, estava começando a me acostumar com os animais na carroceria do veículo, até que eles eram uma boa companhia pra passar o tempo, o cacarejo das galinhas era engraçado.

Voltei minha atenção pra frente quando a velocidade diminuiu, estávamos na estrada e estávamos começando a diminuir como se fosse uma área escolar. Ouvi a conversa com cautela, não podia julgar aqueles esquisitos por pedir carona ja que eu havia acabado de fazer isso...mas aqueles velhos concordaram como se o trabalho deles fosse transportar gente maluca.

Não demorou muito pra anunciarem o assalto e, percebendo que eu não havia sido notado pela dupla de meliantes, era meu dever ajudar aqueles doces velhos fazendeiros; ia me ferrar, mas eu precisava ajudar. Foquei na arma do assaltantes ou armas, não pretendia fazer grandes alterações no metal do nada, seria surpreendente até para as vítimas do assalto, usaria minha habilidade apenas para engasgar as balas da arma de forma imperceptível, impedindo que qualquer disparo fosse feito e se ele fizesse resultaria em uma explosão desagradável em sua mão.

— Sinto muito, galinha — Sussurrei segurando uma das gaiolas de metal, arremessando com força na direção da cabeça de um deles (se só um estiver armado, eu jogo no desarmado, se os dois estiverem eu jogo no que estiver menos emocionado).

Por que focar o que não apresentava tanto risco? Ora, eu queria que ele fizesse um disparo e explodisse a arma na própria mão, me pouparia esforço em causar danos nele. Assim que arremessei a gaiola, saltei da carroceria do veículo acompanhado do enorme tigre de bronze; ele talvez não fosse útil em um duelo com mortais, mas era bem ameaçador.

— Acho melhor vocês darem o fora daqui e deixarem meus amigos em paz. — Emocionei, eles me fizeram um favor e eu já tava ali chamando eles de vovô e vovó, praticamente.

Não baixava a minha guarda, pretendia naquele momento me tornar o alvo dos assaltantes, usando o metallon pra evitar ser atingido pelas balas, esperando que as armas fossem severamente danificadas. Percebendo que os velhos não eram alvo deles, fazia um sinal para que fossem embora o mais rápido possível e me deixassem ali pra lidar com os malfeitores...meu Zeus, tô achando que sou o Superman já.

Nível 4 - Metállon : O herói é capaz de manipular o metal e controlar quantidades do mesmo de acordo com a sua FORÇA total, desde agulhas a autômatos pesados. Não é possível mudar a forma dele, apenas controlar. O uso desta habilidade requer no mínimo 30 pontos de energia que podem ser acrescidos de acordo com a quantidade de material controlado, a decisão ficando ao encargo do narrador. Essa habilidade poderá ficar ativa por mais de uma rodada, como por exemplo para levantar uma espada, caso isso ocorra o custo por rodada será igual ou semelhante ao custo inicial, tudo definido pelo narrador.[Habilidade para batalhas]

Passiva:

Nível 7 - Pele de Aço: Por ser filho do Deus do Metal e eles mesmos controlarem o metal, quando receber um golpe vindo de equipamento metálico o dano será reduzido. (5% da CON como dano reduzido para ataques de metal)

Se o casal estava horrorizado, imagine eu que tava vendo o cara morrer bem ali...não imaginava que um golpe daqueles fosse suficiente pra fazer um estrago daquele tamanho; eu tinha feito uma merda enorme.

O outro bandido correu e só pude perceber que eu devia realizar os primeiros socorros ou aquele cara ia morrer e eu definitivamente seria culpado por isso. Fui até seu corpo tremendo no chão e me abaixei próximo a ele, segurando sua cabeça de forma gentil, mas firma o suficiente pra evitar que ele a batesse mais vezes e piorasse o estrago que eu havia feito. O tigre de bronze caminhou devagar na direção dele e deitou o corpo de forma também gentil em cima do tronco dele, de modo que não machucasse o homem, mas evitasse que ele se batesse.

— Eu não pretendia fazer isso, será que algum de vocês pode ligar pra emergência? — Tinham muitas chances dos dois ali decidirem ir embora e me largar com aquele b.o, mas meu material de cura só servia para semideuses, era totalmente mortal para pessoas comuns...eu ia precisar de ajuda.

Os velhos aceleraram e sinceramente, talvez eu devesse ter deixado eles serem assaltados e pegar carona com os bandidos...não, esse tipo de pensamento não era muito correto, eu tava parecendo uma vadia egoísta do chalé 10.

Por um momento me lembrei da câmera na armadura, talvez alguns semideuses estivessem me admirando por ter cacetado um mortal com uma gaiola, mas provavelmente eu já tinha me tornado na maior piada do acampamento, podia imaginar: Jayce, burro e manco.

— Não sei se vocês podem me ouvir por essa câmera e se podem me responder, vou fazer uma coisa aqui que não faço ideia do resultado... — Puxei uma das minhas poções de cura comum da mochila, removendo a rolha com os dentes enquanto com a outra mão segurava o bandidinho pela nuca. Cuspi a rolha e tentei pedir direção pra câmera e pro Olimpo. — Se isso for errado, me dêem um sinal.

Levei a poção até a boca do lesionado, derramando cuidadosamente o líquido em sua boca, evitando que ele se engasgasse. Se eu notasse um sinal negativo dele perante a poção, ia parar de dar imediatamente.