Chegar no acampamento, inicialmente, foi algo estranho. Meu pai havia me falado sobre minha ancestralidade, como minha mãe era na verdade uma deusa. Íris era minha mãe, deusa do arco-íris e mensageira do olimpo. Aquilo foi um choque para mim mas, honestamente, explicava muita coisa. Os desenhos que dançavam nas folhas, as cores refletidas da luz que pareciam vivas ao toque, meu cabelo cuja as pontas possuíam cores diversas inconstantes que variavam com meu humor... Honestamente lembrar de todos os acontecimentos que eu revivi em minha mente foi um processo deveras exaustivo.

Apesar de toda a estranheza, fui muito bem recebida por aqui, abraçada por meus irmãos e colegas. Descobri sobre toda a história por trás desse local e como isso ditaria muito as decisões que eu tomaria daqui pra frente. Alguns dos meus irmão me contaram sobre uma espécie de ritual de passagem, uma disputa na arena. O acampamento capturava monstros para que eu e outros semideuses pudéssemos treinar num ambiente mais... controlado. Não diria exatamente seguro pois ainda era monstros, e pelo que me contaram pessoas saiam feridas do local, mas algo em mim acordou e me fez ansiar por tal experiência.

Sem enrolar demais, após minha refeição, segui até a grande arena para ver do que se tratava. A estrutura era honestamente imensa, um grande círculo de terra batida cercada por grandes arquibancadas que aguardavam ansiosamente pelo espetáculo. Alguns rostos familiares do meu chalé estavam lá, não saberia dizer se para me incentivar ou medir meu potencial... mas naquele momento nada mais importava, eu queria apenas cumprir o tal ritual de passagem.

Equipamentos:

A arena em si parecia reagir a minha chegada no local, não consigo deixar de achar aquele acontecimento impressionante. Então tudo nesse "novo mundo" é meio mágico? - penso comigo mesma. Para além da multidão ruidosa que não se via em lugar nenhum, o portão do outro lado da arena se abre, revelando duas criaturas que logo foram reveladas como goblins por um semideus que assistia da arquibancada.

Aquilo no entanto parecia acender em mim um desejo de caçá-los, uma espécie de ímpeto sanguinário que nunca havia sentido na vida agora se fazia presente. As pontas do meu cabelo agora tremeluziam em tons de vermelho vivo, eu estava pronta para enfrentar meu oponentes. Havia aprendido alguns truques com meus irmãos nesses tempos de apresentação. Faço uso de um deles: a Fotocinese.

Corro na direção das pequenas criaturas projetando uma luz estroboscópica em seus olhos para atrapalhar sua visão. Sigo para o flanco da criatura mais a direita, fazendo com que ela fique entre eu e o outro goblin. Faço a finta de um golpe para que ele tentasse me golpear, mas logo depois de esquivar aproveito a abertura deixada para desferir um ataque no tronco da criatura e em seguida tomar uma certa distância defensiva.

Caso não consiga desviar dos ataques com minha capacidade física, faço o uso de segundo truque: Esfera Multicolor. Usaria a pequena esfera de luz solidificada para se chocar contra a arma das criaturas desviando seu trajeto para evitar o golpe direto.

Ativas:

Aquele ímpeto de batalha me cegou para a coisa mais óbvia da situação: minha inexperiência. Por consequência recebo uma pancada na cabeca que faz minha cabeça girar e minha visão duplicar. Vejo que o golpe que eu desferi há pouco foi deveras efetivo, mas o goblin que me acertara na cabeça parecia ensandecido.

Me recomponho rapidamente ao ver a criatura preparando uma segunda pancada, aproveito o momento pouco racional da criatura, aparentemente ensandecida, para desviar seu ataque para a esquerda, fazendo minha esfera multicolor choca-se contra sua maça. Isso me daria tempo de reação o suficiente para golpear sua perna de apoio e me afastar das criaturas para aguardar minha visão voltar ao normal.

Ativa:

Estava pagando o preço da inexperiência no débito. Aquela pancada havia me causado uma tontura que demoraria para passar, ainda sim consegui me esquivar da maça de alguma forma e golpear a perna da criatura que a segurava. Contudo uma dor lancinante se irrompe do meu flanco direito, o goblin que eu julguei estar nas últimas devido a perda de sangue estampada no seu rosto pálido, me acertara em cheio abrindo uma ferida que sangrava continuamente.

Aquilo era ruim, para além da dor, sabia que um sangramento era perigoso. Algumas pontas do meu cabelo agora denunciavam minha aparente apreensão em tons de verde, enquanto os tons de vermelho carmesim se intensificavam ainda mais. Aquele goblins conseguiram me incutir uma raiva que nunca senti na vida, quase como um desprezo. Apesar da confusão de sentimentos que afloravam em minha naquele instante, meus instintos de sobrevivência guiavam meus movimentos como um professor. Sabia que ir de encontro com as duas criaturas era perigoso, então me concentro no que estava visivelmente mais fraco me movimentando de forma que me afastasse do goblin caído, atraindo aquele que vinha em minha direção para longe de seu companheiro.

-Vejo que também está em fúria criatura enfadonha. Não se preocupe, irei expurgá-lo e logo logo seu companheiro te encontrará nas profundezas do tártaro. - digo num tom zombeteiro enquanto preparava meu movimento

Sabia que tentar esquivar de um ataque direto era perigoso pois meus sentidos estavam ligeiramente comprometidos. Dito isso faço uso da minha esfera multicolor para empurrar a perna de apoio da criatura quando ela se distanciasse de seu companheiro, no intuito de leva-lo ao chão para que meu golpe encontrasse um alvo mais fácil. Penso que a criatura ao cair, com sua condição precária, não teria reflexo suficiente para escapar do golpe da minha espada, que mirava sua cabeça.

Ativa:

Descobri uma nova sensação... tomar a vida daquela criatura me instigou uma satisfação quase indescritível, um prazer quase sádico. Aquela sensação deixou as pontas dos dedos e da minha língua formigando, como se meu corpo exigisse mais daquilo. As pontas do meu cabelo começam a amarelar por entre os tons de vermelho roseado. Aquele breve êxtase me lembrou que havia outro monstro o qual eu poderia tomar a vida e intensificar ainda mais aquele novo sabor.

-He he he - uma breve risada involuntária escapou da minha boca enquanto eu procurava pelo meu outro oponente.

Quando meus olhos o encontraram sua arma já voava em minha direção e, por pouco, consigo evitar que o golpe recebido fosse letal. Apesar de ainda estar com vida, a dor de ser arremessada parecia inebriar os sentidos... é isso que significava ter sua vida em risco? Minha mente pendia entre a sanidade e a loucura e eu não conseguia compreender aquilo tudo. Mas... desde quando precisava compreender? Meu inimigo cego de ódio corria em minha direção com sua maça novamente em mãos.

-HAHAHA... - irrompo um riso descontrolado - Venha então criatura patética, venha se juntar a seu companheiro! - digo com um sorriso estampado no rosto

Brinco com a luz em minhas mãos rapidamente até poder sentir ela se solidificando numa agulha luminosa, sem nem pensar duas vezes arremesso e controlo sua trajetória em direção ao olho direito da criatura com uma expectativa que não poderia explicar nem que minha vida dependesse disso. Logo em seguida, levanto e recuo de modo com que pudesse apreciar a feição de agonia da criatura ao ter seu olho perfurado. As pontas do meu cabelo já eriçadas num amarelo vívido deixava evidente insanidade que se espreitava nos cantos da minha mente.

Ativa: