Caronte olhou o jovem garoto e olhou as moedas. Sem expressão nenhuma, entrou no barco e aguardou os demais.

O longo rio estige fez os garotos refletirem. Era sempre um bom lugar para refletir. Ou talvez era um tipo de força, pois todas as almas que passavam por ali faziam a mesma coisa. Refletiam sob tudo que já tinha feito.

Desceram do barco. Daniel da mais uma olhada em volta. Nicolas ainda se encontrava muito enjoado, mas tentava seguir o companheiro. Estavam apenas os dois nas profundezas do sub-mundo.
Seguiram pelos grandes portões do Reino de Hades.
Ao encontrar Cerberus, o filho de Hypnos volta a sentir falta de sua cama. Entretanto, ao ver Daniel, o cão volta a dormir.

Estava a poucos metros do Senhor do Submundo.
Persefone abre as grandes portas e informa:

-- Ele já estava esperando.

Os garotos avançam.

-- Sabe que eu permito a entrada de vcs, meus filhos, em meu reino. Mas também sabe que eu não permito outros que não estejam mortos. -- Diz ele, repreendendo Daniel. -- Explique-se.

-- Aceitarei suas desculpas neste momento apenas. -- Avisa ele com muita ênfase no "apenas" -- De fato, as coisas não estão normais. Viu como tudo aqui esta parado! -- Diz Hades, irritado.

-- Ora, não ia perdoá-los? -- Lembra Perséfone, ao perceber que seu marido estava se exaltando.

Ele respira fundo e continua.

-- Não costumo bisbilhotar a vida dos mortais, mas tenho certeza que o índice de mortalidade caiu em 70%. NO MUNDO INTEIRO!! -- Perséfone senta no trono ao lado de Hades e pousa sua mão sob a dele. Ele volta a dizer mais calmo -- Entretanto, não sei o que pode ter acontecido.... -- Hades para pensativo. Parece que até então, ele não se importara REALMENTE com tudo que estava acontecendo. -- Sabem que muitos Deuses não aceitos no Olimpo são bem acolhidos aqui no sub mundo. Talvez devessem ir direto a fonte. -- Ele assume um tom diferente. Talvez não quisesse contar tudo que sabia -- Usem suas cabeças. Sabem que o que falta neste equilíbrio.... -- O Deus termina. Impaciente. -- Agora sumam daqui! E espero que tenham sucesso nesta missão.


Foi necessário ma piscada. Estavam nas portas do Reino de Hades.
Não poderiam voltar ali tão cedo.

Os garotos não demoraram muito a identificar o problema do mundo. Quando se fala em morte, era fácil saber do que se tratava. Sempre a discórdia para interromper uma boa vida.

Daniel oferece a Nicolas uma oportunidade de dormir, mas no submundo, não era muito confiável. Por isso, decidiu seguir o companheiro, numa distancia segura para não atrapalha-lo

O filho de Hades por sua vez, começa a ir traz de novas informações.

-- Não. Morri a muito tempo. -- Diz a primeira alma, um antigo governador -- Não sei de nada.

-- Talvez, Dizem que ela se cansou de todos a acharem uma escória entre os Deuses. -- Explica outra alma. Sua função no mundo era julgar quem deveria ser levado à forca -- Mas não sei onde esta. Nunca sai daqui.

-- Sim! Ouvi dizerem que ela quer provar aos Deuses que sem ela, não é possível manter o mundo. -- Informa um ex-ladrão -- É claro que todos discordam. Só não sei onde ela esta.

-- Ah... -- Explica uma mulher jovem. Esta era dona de um bar onde garotas eram forçadas a trabalhar pra ela. -- Disseram que ela esta cansada desta nova era. É só o que sei.

-- Deveria saber, vcs semideuses não são tão poderosos? -- Diz uma velha ranzinza. Ela fora condenada por levar crianças ao mercado negro. -- E ainda pedindo ajuda aos mortos?

As demais almas disseram coisas iguais e divergentes das informações obtidas.

Daniel estava indo sentar em um canto mais vazio, quando encontra uma alma diferente das demais. Ele não conseguia ver o que se passou na vida daquela alma enquanto estava vivo.

-- Vc é diferente. Quem era você? -- Pergunda o filho de Hades.

-- Eu? Eu sou um filho de Plutão. Vc também é diferente... Esta vivo? -- Ele fica um tanto perplexo. -- Outro filho de Plutão?

-- Filho de Hades. Tecnicamente somos irmãos...

Daniel explica a história que estava enfrentando e o garoto informa:

-- Entendo. Queria conhecer o ano de hoje... Vivi a muito tempo atrás -- Diz o Filho de Plutão -- Bom, se posso te ajudar.. nós, filhos do soberano do submundo temos alguns privilégios aqui.. mesmo estando mortos. Só não podemos dar problemas ao nosso pai. Mas se quer saber, Éris reside há 1km por ali -- Ele afirma e aponta para o leste de onde estavam -- Tome cuidado com os guardas do submundo.

Daniel agradece. Agora já tinham um destino.