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Herois do Olimpo RPG

Fórum de Mitologia Grega baseado em Percy Jackson e os Olimpianos e Os Heróis do Olimpo!


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Ὧ Elie Van Let

Ὧ Elie Van Let
Filho(a) de Magia
Filho(a) de Magia

Nome da narração: Os Mistérios da Floresta I
Objetivo da narração: Adquirir conhecimento
Quantidade de desafios: Nenhum
Quantidade de monstros:
Espécie dos monstros:



Física. Química. Astronomia, metalurgia, botânica e outros tantos ramos da Ciência atual derivam de apenas uma: A Alquimia. Ouro e Vida Eterna foram, por muito tempo, os principais objetivos dos grandes pesquisadores de suas épocas e, em sua busca por conhecimento, estes antigos cientistas fizeram descobertas e invenções que viriam a ser aperfeiçoadas e tornar-se herança para as gerações de pesquisadores futuros. Existem vários relatos sobre o princípio, meio e fim dos esforços dos interessados na área [...]

E assim prosseguia Alquimia – Os Princípios da Transmutação, livro que eu havia pego emprestado de meu quase-irmão Nathan. O conselheiro do chalé de Hécate, no Acampamento Laranja. Estava muito interessada nos fundamentos e descobertas dos estudos da Alquimia, a primeira de todas as ciências, a meu ver. Frutos de um tempo onde o homem buscava o conhecimento para transformar metais pobres em Ouro puro, para curar todas as doenças, incluindo a Morte, para alcançar a Longevidade da Vida Eterna e brincar de Deus, criando Vida Artificial.

Enquanto lia eu fazia anotações, desenhos e observações em um segundo livro. Este, um monte de folhas em branco, era meu diário de pesquisa. O lugar onde eu guardava tudo o que achava importante, para depois poder facilmente buscar informação. Resumia teorias e ilustrava objetos, ferramentas e plantas para referências futuras, à medida que eram citados no livro que lia.  Obra era velha. As escrituras, feitas à mão. O conteúdo era levemente desatualizado, mas bom o suficiente para ainda ser considerado referência mesmo séculos após sua escritura.

Ergui a cabeça das letras quando notei algo na janela. Eu estava, por sinal, em um ônibus, seguindo para casa. Tinha ido até o Acampamento Grego, interessada em um evento de luta que estava ocorrendo lá. Havia conseguido interessantes amostras durante o evento e estava mais do que ansiosa para começar a pesquisa-las em meu laboratório. Na hora da volta, porém, o conselheiro do chalé de Hefesto informou que o portal para Nova Roma estava quebrado – os que entravam nele eram mandados para lugares aleatórios como NY, Haití e NJ. Nathan me convidou para passar a noite no chalé de Hécate, mas estava impaciente demais para esperar um dia sequer para iniciar as pesquisas. Assim, parti rumo a São Francisco de ônibus.

Encarei a floresta, vendo um vulto esconder-se entre as árvores, negro como uma sombra viva. Senti a aura mágica que emanava, sutil, da floresta, como o aroma de flores levado pelo vento. Inspirei profundamente, indecisa. A floresta ficava em algum ponto do caminho entre o estreito de Long Island e SF. Eu não saberia dizer onde estávamos, mas minha curiosidade sempre foi maior que minha coerência. Com um suspiro profundo, eu fechei o livro, enfiando-o na bolsa, e levantei indo para a frente do ônibus. Pedi ao motorista que me deixasse à beira da estrada e, sem pestanejar, o homem encostou o veículo no acostamento, permitindo que eu descesse. Agradeci enquanto saltava para fora do ônibus e encarei o bosque. As árvores balançavam ao sabor do vento, e borboletas de todas as cores possíveis flutuavam por entre seus galhos. Ali, olhando diretamente para as árvores, me senti nauseada, tonta. Havia algo naquela floresta. Eu pensei ter sentido a energia mágica de alguma criatura... Mas a cada passo que dava na direção das árvores, podia sentir aquela energia envolver-me mais e mais. A aura mágica era emanada pela própria floresta, e não por um indivíduo, percebi. Toda a floresta estava impregnada em névoa. Era possível ver o véu mágico espiralando no ar sob os raios de sol que perfuravam pelas copas das árvores.
Aproximei-me dos limites do bosque, encarando a floresta. Lá dentro, não conseguia ver nada além das árvores e das borboletas. Às minhas costas, os carros passavam pela estrada, os motores rugindo. Inspirando fundo, entrei no bosque, decidida.

Assim que cruzei os limites da primeira árvore, tudo mudou. O som dos carros desapareceu, e até mesmo a temperatura caiu. Ali estava fresco. Quando olhei para trás ainda pude ver a estrada, mas todos os carros haviam sumido. Ao meu redor as borboletas batiam suas asas alegremente, aproximando-se de mim, esticando suas línguas feias e testando o ar a meu redor. A cada passo que eu dava podia ver algo novo; um cogumelo branco com olhos, um pássaro vermelho com quatro asas, uma videira roxa que estrangulava pequenos animais indefesos que ousavam subir em sua arvore hospedeira. Tudo ali era novo para mim. Um recanto enfeitiçado e coberto por magia.

Completamente extasiada, eu puxei meu caderno de desenhos da mochila. Mal sabia por onde começar. Sabia sequer que lugar era aquele, mas estava certa de que não sairia dali até desvendar todos os seus segredos. Caminhei saltitante, cheirando, tocando e cutucando. Um cogumelo explodiu em pó quando o toquei, e uma bolha cresceu em meu dedo. Uma videira roxa tentou agarrar-me, deixando marcas feias em meu pulso. Uma borboleta me picou e pude ver o fluxo de sangue – meu sangue – subindo por seu ferrão. A cada momento ela parecia crescer mais, até que lhe dei um peteleco, e ela saiu voando desnorteada. Cada animal, cada planta... Tudo era novo para mim. Tudo era encantador e desaforadamente mágico.

Ajoelhei-me ao lado de uma florzinha particularmente bonita. Seu caule era verde e sua inflorescência, amarelada. Na verdade, sua flor parecia um tufo de pelos feitos de pura luz. Ela emanava um leve calor, e pude perceber a presença de estranhos prolongamentos de seu caule. Pareciam folhas gordas e deformadas. Toquei sua flor, sentindo sua maciez encantadora, e arranquei a coitada do solo com alegria, sorrindo pra ela. “Oi”, eu lhe disse, mas não tive resposta.

Com presteza eu andei ao redor até achar um lugar mais calmo. Deixei minhas coisas encostadas em uma árvore e apoiei o caderno sobre uma rocha, e pus-me a desenhar a flor. Com minha adaga inox eu cortei seu caule. Pude ver a seiva escorrendo, amarelada, quase tão luminosa quanto a flor em sí. Toquei-a com o dedo, testando sua textura, e percebi que era tão pegajosa quanto mel. Limpei a seiva com um pouco de água e pude perceber que a luminosidade escapava de minúsculos túbulos dentro do caule, que seguiam em sentido vertical. Curiosa, abri o caule ao meio, na vertical, e pude enxergar melhor tais filamentos, que seguiam desde a inflorescência até as tais “folhas gordas”. Curiosa, usei a adaga para cortar uma dessas folhas do caule e, então, abrí-la ao meio. Fiquei encantada ao ver a luminosidade dentro dela; parecia que partículas semi-sólidas de luz eram armazenadas dentro daquele órgão. Extasiada, usei a adaga para abrir mais “bolsões” e empurrar um pouco da substância luminosa para dentro de um tubo de ensaio, guardando-o na bolsa.

Continuei minha empreitada. Vi diversos animais diferenciados, diversas plantas. Tentava coletar ao menos uma de cada tipo, guardando ao menos pedaços delas em meus tubos de ensaio, para poder estuda-las depois. Cortei um pedaço da videira estranguladora, coletei amostra de cogumelos excêntricos e até mesmo excremento de alguns animais. Uma árvore dava frutos que pareciam ameixas, mas flutuavam como balões.

[Missão One-Post] - Elie van Let - Os Mistérios da Floresta I 338a6acdfc9945a30db28204b806c46d58934250_hq

Guardei uma das frutas na bolsa, com dificuldades, pois ela insistia em tentar voar para longe.
Em determinado momento, me deparei com um animal morto; um veado. O sangue estava seco, e parte da carcaça estava devorada. Algo havia abatido e se alimentado do animal, deixando para trás o resto. Mas o interessante não era o animal morto, mas o que crescia dele;

[Missão One-Post] - Elie van Let - Os Mistérios da Floresta I Bleeding_heart_by_mirrorcradle

Várias flores, completamente vermelhas,  cresciam do corpo e da poça de sangue que o acompanhava. Pude notar que a flor crescia apenas nos pontos onde o sangue era abundante; onde era escasso, elas cresciam menos e em menor número.  A cor da planta era vermelho-sangue, e pude notar os filamentos na inflorescência. Encantada, toquei algumas com a varinha. Como não tentaram me comer, eu cuidadosamente coletei algumas, em tubos de ensaio, para poder estuda-las depois. Com um suspiro, ergui a cabeça. Começava a anoitecer, e eu ainda estava ali. Relutava em traçar meu caminho de volta para fora da floresta quando algo me chamou a atenção.

[Missão One-Post] - Elie van Let - Os Mistérios da Floresta I Large

Cerca de três vultos observavam-me por entre as árvores. Seus corpos pareciam feitos de sombra, e seus olhos, amarelos, brilhavam com intensidade. Cerrei os dentes, imaginando o que deveria fazer. Seriam agressivos? Amigáveis? Não sabia. Mas tinha de sair dali o quanto antes.

Lentamente eu me levantei, guardado as flores na bolsa. Tinha em mãos apenas minha varinha e a adaga inox. Com calma, comecei a caminhas na direção de onde tinha vindo.
Por vários minutos eu andei. Pude ver novas coisas; novas plantas que brotavam apenas ao pôr do sol, e animais que saíam apenas quando estavam protegidos pelo escuro. A flor de luz que eu havia visto durante o dia ainda brilhava; agora, emitia sua luminosidade com intensidade, atraindo diversos insetos que flutuavam ao seu redor. A videira roxa ficava mortalmente camuflada no escuro, de forma que tive de tomar cuidado para não encostar em nenhuma. À medida que andava, os vultos negros me acompanhavam, observando-me de longe, curiosos.

Trinta minutos depois, pude ver a orla da floresta, e a estrada além dela; ainda vazia e silenciosa. Suspirei profundamente. Estava anestesiada por ter descoberto aquele lugar magnifico, e extremamente grata por tudo o que havia visto ali, e por todo o material que teria para pesquisar. Porém me entristecia a possibilidade de não encontra-lo ali novamente. Certamente, eu tentaria ir ali outro dia. Mais preparada, com mais equipamentos, para melhores pesquisas. Mas, por enquanto, teria de me contentar com aquilo.

Olhei uma ultima vez por entre as árvores. As criaturas escuras ainda me observavam com interesse. Não sabia se queriam que eu ficasse ou que eu fosse embora de uma vez. Seus olhos grandes não me davam medo, de alguma forma. Pareciam apenas... curiosos. Mais e mais daqueles vultos haviam surgido à medida que eu caminhava, e a esta altura mais de 10 escondiam-se no escuro, apenas seus olhos visíveis.

Sorri, divertida. Eu ainda os veria de novo. Os tocaria. Descobriria tudo sobre o que eram, o que faziam, como funcionavam. Descobriria tudo sobre aquele lugar, e tudo o que há para se descobrir no mundo.

Enquanto pensava nisso, saí do bosque, sentindo o ar mudar de densidade e o som dos carros encherem meus ouvidos. Se eu queria mesmo descobrir tudo o que havia no mundo, então eu tinha muito trabalho pela frente. E sabia bem que um tempo de vida humano não seria jamais suficiente para me permitir concluir minhas pesquisas. Então, eu teria muito com o que me ocupar ao chegar em casa. Caçadoras. Ceifadores. Espíritos da natureza  e deuses... Todos que eram “imortais”, ou quase isso... O que os mantinha vivos por tanto tempo? O que tinham que nós, semideuses e humanos comuns, não tínhamos? Eu poderia desenvolver uma imortalidade artificial em meu laboratório? O elixir da vida, a pedra filosofal pela qual lutaram os antigos alquimistas. Rí de minha loucura.
Aproximei-me da estrada e aguardei algum coletivo interestadual passar. A espera não foi longa, já que a estrada era bem movimentada. Não pude deixar de olhar para trás e me surpreender com a vista da floresta; quieta, silenciosa, como uma floresta comum deve ser. Seus segredos estavam ocultos por folhas, sombras, troncos e névoa. Mas eu sabia que ela estava ali. E eu voltaria por ela, cedo ou tarde.

Missão concluída
Amostras que gostaria de obter~~
- Amostra de Flor Brilhante [x3] - Uma flor de caule verde e inflorescência brilhante. A flor absorve os raios se luz solar e os retém em órgãos de armazenamento que se projetam do caule. À noite, a luz acumulada é liberada, atraindo insetos, dos quais a flor obtém a mínima quantidade de pólem que precisa para nutrir-se. Sua seiva é amarelada e luminosa, devido à presença de partículas de luz, e possui propriedades cicatrizantes, eficientes contra injúrias pequenas.
- Amostra de Fungo de Sangue [x2] - Um fungo parece uma flor vermelha. Seus esporos se espalham pela floresta e crescem apenas em sangue, de onde obtém seus nutrientes. Uma vez adulto o fungo floresce e libera mais esporos. Não possui propriedades mágicas especiais, mas pode adquirir alguma a depender do sangue em que for cultivado.
- Amostra de Trepadeira Roxa [x2] - Uma trepadeira de cor roxa capaz de se enrolar em qualquer coisa que a toque com força e agilidade. Libera uma secreção que em contato com a presa a enfraquece aos poucos, facilitando o processo de aprisionamento. Após imobilizar completamente seu alvo, a trepadeira o enrola em um casulo e o digere.
- Amostra de fungo Marrom [x3] - Fungo marrom e feio com traços esverdeados no corpo de frutificação superior. Produz um anestésico capaz de imobilizar predadores pequenos e insensibilizar os maiores.
- Ameixa Flutuante [x1] - Uma ameixa que sempre flutua. Embora voe pelos ares o seu corpo é sólido, e uma vez cortada ela para de flutuar. Os pequenos animais que se alimentam dela ou se sua seiva têm problemas em manter-se no chão.

#1

Hermes

Hermes
Deus Olimpiano
Deus Olimpiano
Elie van Let escreveu:

Nome da narração: Os Mistérios da Floresta I
Objetivo da narração: Adquirir conhecimento
Quantidade de desafios: Nenhum
Quantidade de monstros:
Espécie dos monstros:



Física. Química. Astronomia, metalurgia, botânica e outros tantos ramos da Ciência atual derivam de apenas uma: A Alquimia. Ouro e Vida Eterna foram, por muito tempo, os principais objetivos dos grandes pesquisadores de suas épocas e, em sua busca por conhecimento, estes antigos cientistas fizeram descobertas e invenções que viriam a ser aperfeiçoadas e tornar-se herança para as gerações de pesquisadores futuros. Existem vários relatos sobre o princípio, meio e fim dos esforços dos interessados na área [...]

E assim prosseguia Alquimia – Os Princípios da Transmutação, livro que eu havia pego emprestado de meu quase-irmão Nathan. O conselheiro do chalé de Hécate, no Acampamento Laranja. Estava muito interessada nos fundamentos e descobertas dos estudos da Alquimia, a primeira de todas as ciências, a meu ver. Frutos de um tempo onde o homem buscava o conhecimento para transformar metais pobres em Ouro puro, para curar todas as doenças, incluindo a Morte, para alcançar a Longevidade da Vida Eterna e brincar de Deus, criando Vida Artificial.

Enquanto lia eu fazia anotações, desenhos e observações em um segundo livro. Este, um monte de folhas em branco, era meu diário de pesquisa. O lugar onde eu guardava tudo o que achava importante, para depois poder facilmente buscar informação. Resumia teorias e ilustrava objetos, ferramentas e plantas para referências futuras, à medida que eram citados no livro que lia.  Obra era velha. As escrituras, feitas à mão. O conteúdo era levemente desatualizado, mas bom o suficiente para ainda ser considerado referência mesmo séculos após sua escritura.

Ergui a cabeça das letras quando notei algo na janela. Eu estava, por sinal, em um ônibus, seguindo para casa. Tinha ido até o Acampamento Grego, interessada em um evento de luta que estava ocorrendo lá. Havia conseguido interessantes amostras durante o evento e estava mais do que ansiosa para começar a pesquisa-las em meu laboratório. Na hora da volta, porém, o conselheiro do chalé de Hefesto informou que o portal para Nova Roma estava quebrado – os que entravam nele eram mandados para lugares aleatórios como NY, Haití e NJ. Nathan me convidou para passar a noite no chalé de Hécate, mas estava impaciente demais para esperar um dia sequer para iniciar as pesquisas. Assim, parti rumo a São Francisco de ônibus.

Encarei a floresta, vendo um vulto esconder-se entre as árvores, negro como uma sombra viva. Senti a aura mágica que emanava, sutil, da floresta, como o aroma de flores levado pelo vento. Inspirei profundamente, indecisa. A floresta ficava em algum ponto do caminho entre o estreito de Long Island e SF. Eu não saberia dizer onde estávamos, mas minha curiosidade sempre foi maior que minha coerência. Com um suspiro profundo, eu fechei o livro, enfiando-o na bolsa, e levantei indo para a frente do ônibus. Pedi ao motorista que me deixasse à beira da estrada e, sem pestanejar, o homem encostou o veículo no acostamento, permitindo que eu descesse. Agradeci enquanto saltava para fora do ônibus e encarei o bosque. As árvores balançavam ao sabor do vento, e borboletas de todas as cores possíveis flutuavam por entre seus galhos. Ali, olhando diretamente para as árvores, me senti nauseada, tonta. Havia algo naquela floresta. Eu pensei ter sentido a energia mágica de alguma criatura... Mas a cada passo que dava na direção das árvores, podia sentir aquela energia envolver-me mais e mais. A aura mágica era emanada pela própria floresta, e não por um indivíduo, percebi. Toda a floresta estava impregnada em névoa. Era possível ver o véu mágico espiralando no ar sob os raios de sol que perfuravam pelas copas das árvores.
Aproximei-me dos limites do bosque, encarando a floresta. Lá dentro, não conseguia ver nada além das árvores e das borboletas. Às minhas costas, os carros passavam pela estrada, os motores rugindo. Inspirando fundo, entrei no bosque, decidida.

Assim que cruzei os limites da primeira árvore, tudo mudou. O som dos carros desapareceu, e até mesmo a temperatura caiu. Ali estava fresco. Quando olhei para trás ainda pude ver a estrada, mas todos os carros haviam sumido. Ao meu redor as borboletas batiam suas asas alegremente, aproximando-se de mim, esticando suas línguas feias e testando o ar a meu redor. A cada passo que eu dava podia ver algo novo; um cogumelo branco com olhos, um pássaro vermelho com quatro asas, uma videira roxa que estrangulava pequenos animais indefesos que ousavam subir em sua arvore hospedeira. Tudo ali era novo para mim. Um recanto enfeitiçado e coberto por magia.

Completamente extasiada, eu puxei meu caderno de desenhos da mochila. Mal sabia por onde começar. Sabia sequer que lugar era aquele, mas estava certa de que não sairia dali até desvendar todos os seus segredos. Caminhei saltitante, cheirando, tocando e cutucando. Um cogumelo explodiu em pó quando o toquei, e uma bolha cresceu em meu dedo. Uma videira roxa tentou agarrar-me, deixando marcas feias em meu pulso. Uma borboleta me picou e pude ver o fluxo de sangue – meu sangue – subindo por seu ferrão. A cada momento ela parecia crescer mais, até que lhe dei um peteleco, e ela saiu voando desnorteada. Cada animal, cada planta... Tudo era novo para mim. Tudo era encantador e desaforadamente mágico.

Ajoelhei-me ao lado de uma florzinha particularmente bonita. Seu caule era verde e sua inflorescência, amarelada. Na verdade, sua flor parecia um tufo de pelos feitos de pura luz. Ela emanava um leve calor, e pude perceber a presença de estranhos prolongamentos de seu caule. Pareciam folhas gordas e deformadas. Toquei sua flor, sentindo sua maciez encantadora, e arranquei a coitada do solo com alegria, sorrindo pra ela. “Oi”, eu lhe disse, mas não tive resposta.

Com presteza eu andei ao redor até achar um lugar mais calmo. Deixei minhas coisas encostadas em uma árvore e apoiei o caderno sobre uma rocha, e pus-me a desenhar a flor. Com minha adaga inox eu cortei seu caule. Pude ver a seiva escorrendo, amarelada, quase tão luminosa quanto a flor em sí. Toquei-a com o dedo, testando sua textura, e percebi que era tão pegajosa quanto mel. Limpei a seiva com um pouco de água e pude perceber que a luminosidade escapava de minúsculos túbulos dentro do caule, que seguiam em sentido vertical. Curiosa, abri o caule ao meio, na vertical, e pude enxergar melhor tais filamentos, que seguiam desde a inflorescência até as tais “folhas gordas”. Curiosa, usei a adaga para cortar uma dessas folhas do caule e, então, abrí-la ao meio. Fiquei encantada ao ver a luminosidade dentro dela; parecia que partículas semi-sólidas de luz eram armazenadas dentro daquele órgão. Extasiada, usei a adaga para abrir mais “bolsões” e empurrar um pouco da substância luminosa para dentro de um tubo de ensaio, guardando-o na bolsa.

Continuei minha empreitada. Vi diversos animais diferenciados, diversas plantas. Tentava coletar ao menos uma de cada tipo, guardando ao menos pedaços delas em meus tubos de ensaio, para poder estuda-las depois. Cortei um pedaço da videira estranguladora, coletei amostra de cogumelos excêntricos e até mesmo excremento de alguns animais. Uma árvore dava frutos que pareciam ameixas, mas flutuavam como balões.

[Missão One-Post] - Elie van Let - Os Mistérios da Floresta I 338a6acdfc9945a30db28204b806c46d58934250_hq

Guardei uma das frutas na bolsa, com dificuldades, pois ela insistia em tentar voar para longe.
Em determinado momento, me deparei com um animal morto; um veado. O sangue estava seco, e parte da carcaça estava devorada. Algo havia abatido e se alimentado do animal, deixando para trás o resto. Mas o interessante não era o animal morto, mas o que crescia dele;

[Missão One-Post] - Elie van Let - Os Mistérios da Floresta I Bleeding_heart_by_mirrorcradle

Várias flores, completamente vermelhas,  cresciam do corpo e da poça de sangue que o acompanhava. Pude notar que a flor crescia apenas nos pontos onde o sangue era abundante; onde era escasso, elas cresciam menos e em menor número.  A cor da planta era vermelho-sangue, e pude notar os filamentos na inflorescência. Encantada, toquei algumas com a varinha. Como não tentaram me comer, eu cuidadosamente coletei algumas, em tubos de ensaio, para poder estuda-las depois. Com um suspiro, ergui a cabeça. Começava a anoitecer, e eu ainda estava ali. Relutava em traçar meu caminho de volta para fora da floresta quando algo me chamou a atenção.

[Missão One-Post] - Elie van Let - Os Mistérios da Floresta I Large

Cerca de três vultos observavam-me por entre as árvores. Seus corpos pareciam feitos de sombra, e seus olhos, amarelos, brilhavam com intensidade. Cerrei os dentes, imaginando o que deveria fazer. Seriam agressivos? Amigáveis? Não sabia. Mas tinha de sair dali o quanto antes.

Lentamente eu me levantei, guardado as flores na bolsa. Tinha em mãos apenas minha varinha e a adaga inox. Com calma, comecei a caminhas na direção de onde tinha vindo.
Por vários minutos eu andei. Pude ver novas coisas; novas plantas que brotavam apenas ao pôr do sol, e animais que saíam apenas quando estavam protegidos pelo escuro. A flor de luz que eu havia visto durante o dia ainda brilhava; agora, emitia sua luminosidade com intensidade, atraindo diversos insetos que flutuavam ao seu redor. A videira roxa ficava mortalmente camuflada no escuro, de forma que tive de tomar cuidado para não encostar em nenhuma. À medida que andava, os vultos negros me acompanhavam, observando-me de longe, curiosos.

Trinta minutos depois, pude ver a orla da floresta, e a estrada além dela; ainda vazia e silenciosa. Suspirei profundamente. Estava anestesiada por ter descoberto aquele lugar magnifico, e extremamente grata por tudo o que havia visto ali, e por todo o material que teria para pesquisar. Porém me entristecia a possibilidade de não encontra-lo ali novamente. Certamente, eu tentaria ir ali outro dia. Mais preparada, com mais equipamentos, para melhores pesquisas. Mas, por enquanto, teria de me contentar com aquilo.

Olhei uma ultima vez por entre as árvores. As criaturas escuras ainda me observavam com interesse. Não sabia se queriam que eu ficasse ou que eu fosse embora de uma vez. Seus olhos grandes não me davam medo, de alguma forma. Pareciam apenas... curiosos. Mais e mais daqueles vultos haviam surgido à medida que eu caminhava, e a esta altura mais de 10 escondiam-se no escuro, apenas seus olhos visíveis.

Sorri, divertida. Eu ainda os veria de novo. Os tocaria. Descobriria tudo sobre o que eram, o que faziam, como funcionavam. Descobriria tudo sobre aquele lugar, e tudo o que há para se descobrir no mundo.

Enquanto pensava nisso, saí do bosque, sentindo o ar mudar de densidade e o som dos carros encherem meus ouvidos. Se eu queria mesmo descobrir tudo o que havia no mundo, então eu tinha muito trabalho pela frente. E sabia bem que um tempo de vida humano não seria jamais suficiente para me permitir concluir minhas pesquisas. Então, eu teria muito com o que me ocupar ao chegar em casa. Caçadoras. Ceifadores. Espíritos da natureza  e deuses... Todos que eram “imortais”, ou quase isso... O que os mantinha vivos por tanto tempo? O que tinham que nós, semideuses e humanos comuns, não tínhamos? Eu poderia desenvolver uma imortalidade artificial em meu laboratório? O elixir da vida, a pedra filosofal pela qual lutaram os antigos alquimistas. Rí de minha loucura.
Aproximei-me da estrada e aguardei algum coletivo interestadual passar. A espera não foi longa, já que a estrada era bem movimentada. Não pude deixar de olhar para trás e me surpreender com a vista da floresta; quieta, silenciosa, como uma floresta comum deve ser. Seus segredos estavam ocultos por folhas, sombras, troncos e névoa. Mas eu sabia que ela estava ali. E eu voltaria por ela, cedo ou tarde.

Missão concluída
Amostras que gostaria de obter~~
- Amostra de Flor Brilhante [x3] - Uma flor de caule verde e inflorescência brilhante. A flor absorve os raios se luz solar e os retém em órgãos de armazenamento que se projetam do caule. À noite, a luz acumulada é liberada, atraindo insetos, dos quais a flor obtém a mínima quantidade de pólem que precisa para nutrir-se. Sua seiva é amarelada e luminosa, devido à presença de partículas de luz, e possui propriedades cicatrizantes, eficientes contra injúrias pequenas.
- Amostra de Fungo de Sangue [x2] - Um fungo parece uma flor vermelha. Seus esporos se espalham pela floresta e crescem apenas em sangue, de onde obtém seus nutrientes. Uma vez adulto o fungo floresce e libera mais esporos. Não possui propriedades mágicas especiais, mas pode adquirir alguma a depender do sangue em que for cultivado.
- Amostra de Trepadeira Roxa [x2] - Uma trepadeira de cor roxa capaz de se enrolar em qualquer coisa que a toque com força e agilidade. Libera uma secreção que em contato com a presa a enfraquece aos poucos, facilitando o processo de aprisionamento. Após imobilizar completamente seu alvo, a trepadeira o enrola em um casulo e o digere.
- Amostra de fungo Marrom [x3] - Fungo marrom e feio com traços esverdeados no corpo de frutificação superior. Produz um anestésico capaz de imobilizar predadores pequenos e insensibilizar os maiores.
- Ameixa Flutuante [x1] - Uma ameixa que sempre flutua. Embora voe pelos ares o seu corpo é sólido, e uma vez cortada ela para de flutuar. Os pequenos animais que se alimentam dela ou se sua seiva têm problemas em manter-se no chão.


|Missão Aceita|

Experiência a receber: 0
Dracmas a receber: 0
Marca da Floresta✱

✱ Elie é a única semideusa viva que possui passe para a floresta misteriosa. Ela poderá em missões ou One-Posts visitar o local desde que esteja sozinha e será capaz de recolher novas amostras de plantas (com o limite máximo de 3 amostras por narração). Em caso de One-Posts, será obrigatório o surgimento de monstros, uma vez que seu cheiro de semideusa passou a atrair criaturas para o ambiente.

Itens Recebidos:
- Amostra de Flor Brilhante [x3] - Uma flor de caule verde e inflorescência brilhante. A flor absorve os raios se luz solar e os retém em órgãos de armazenamento que se projetam do caule. À noite, a luz acumulada é liberada, atraindo insetos, dos quais a flor obtém a mínima quantidade de pólem que precisa para nutrir-se. Sua seiva é amarelada e luminosa, devido à presença de partículas de luz, e possui propriedades cicatrizantes, eficientes contra injúrias pequenas.

- Amostra de Fungo de Sangue [x2] - Um fungo parece uma flor vermelha. Seus esporos se espalham pela floresta e crescem apenas em sangue, de onde obtém seus nutrientes. Uma vez adulto o fungo floresce e libera mais esporos. Não possui propriedades mágicas especiais, mas pode adquirir alguma a depender do sangue em que for cultivado.

- Amostra de Trepadeira Roxa [x2] - Uma trepadeira de cor roxa capaz de se enrolar em qualquer coisa que a toque com força e agilidade. Libera uma secreção que em contato com a presa a enfraquece aos poucos, facilitando o processo de aprisionamento. Após imobilizar completamente seu alvo, a trepadeira o enrola em um casulo e o digere.

- Amostra de fungo Marrom [x3] - Fungo marrom e feio com traços esverdeados no corpo de frutificação superior. Produz um anestésico capaz de imobilizar predadores pequenos e insensibilizar os maiores.

- Ameixa Flutuante [x1] - Uma ameixa que sempre flutua. Embora voe pelos ares o seu corpo é sólido, e uma vez cortada ela para de flutuar. Os pequenos animais que se alimentam dela ou se sua seiva têm problemas em manter-se no chão.

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