- Você ainda não entendeu, né mortinha? Violência nem sempre é apenas atacar, as vezes, é um simples produto de uma defesa.

No mesmo instante em que John terminava sua frase, um homem que os estava encarando desde que entraram parte para cima de ambos. O filho de Ares para o soco do mortal com uma mão, rapidamente encaixando uma chave e quebrando o braço do inimigo, que foi ao chão. Angellica fica um pouco surpresa com a força do garoto, mas não era o suficiente para lhe impressionar. A garota sugere irem procurar pelo semideus, John revira os olhos e vai até a recepção.

- Oi. Estamos procurando uns amigos nossos, semideuses, sabe como é? – Falou ele, enquanto pegava e mordia um pedaço dos biscoitos – Você pode nos ajudar? – complementou de boca cheia.

- Claro!!! – Respondeu o atendente de prontidão, digitando coisas em um computador e desviando de objetos que eram lançados em sua direção. – Bem, temos algumas no salão de jogos, e dois hospedados no 13º andar, quartos 132 e 133! Divirta-se e aproveite sua estadia :)

John sorriu de boca fechada e voltou para Angellica, cuspindo a parte do biscoito que havia abocanhado no caminho. Nenhum funcionário prestou atenção no gesto, ainda ocupados com a insurreição que estava acontecendo no hotel.

- Não é meu primeiro rodeio. – Falou o filho de Ares. – Para onde vamos, salão de jogos? Acho que o elevador é nele também.

- Como você sabe tanto sobre o hotel? – Perguntou a garota.

- Eu já morei aqui. – Respondeu o garoto, dando de ombros.

- O encantamento sobre as pessoas? Não tenho nem ideia do que está causando isso, nunca vi isso no tempo que fiquei aqui. – respondeu o filho de Ares começando a andar, ao que Angell o segue – Normalmente, sim, teríamos que fingir. Hoje, acho que ninguém vai continuar nos empurrando os biscoitos, fingi comer um para ter a boa vontade do atendente, sempre funciona. Coma uma biscoito, fiquei preso por 50 anos, ganhe todos os DVDs de luta livre que você quiser.

Os dois semideuses continuaram andando pelo Cassino, presenciando cenas de violência completamente desnecessárias até que chegaram a portas duplas escancaradas. A cena que viram, deixaria qualquer mortal boquiaberto. No meio de todos os tobogãs, piscina de bolinhas, e árcades, uma batalha feroz era travada. Mortais brigavam entre si, alguns monstros (ciclopes, sátiros, minotauros e goblins) brigavam entre si e contra os mortais, e finalmente eles identificaram as semideuses que estavam ali. Um grupo de sete Caçadoras de Ártemis estavam no meio da luta , disparando flechas, fincando adagas e lutando corpo-a-corpo. As caçadoras teriam sido uma visão tranquilizadora se não estivessem tão ensandecidas quanto os outros hospedes, atacavam homens mortais, duas estavam em um duelo de adagas e o restante estavam engajado em algum combate.

Ambos absorveram a visão, e Angellica reparou na palidez de John. O garoto estava tão branco, ou mais, que ela, e olhava fixamente para uma Caçadora.

- Chanel?

Foi nada mais que um sussurro, mas o suficiente para a garota se virar e atirar uma flecha de prata contra o garoto, que desviou. Um grito de raiva foi emitido pela negra e ela partiu contra John. O garoto conseguiu transmutar seus equipamentos e engajou em uma batalha feroz contra a caçadora. Angellica assistiu ao começo do embate atônita, incrédula com o acontecimento.

Antes que pudesse intervir ela percebe uma Caçadora parada na sala, disparando flechas ocasionais e se defendendo do ataque de mortais com maestria. Cabelos negros e volumosos, pele branca e pálida e um diadema em sua testa. A garota a reconheceu, sua irmã, Sophia Masters, parecia em um transe no meio da sala.

A filha de Hades abandona o casal que ainda duelava e corre até sua irmã. Desviou sem dificuldades dos avanços mortais até que um minotauro se entrepôs em seu caminho, a garota o golpeia na perna, esquivando de um ataque e o monstro torna-se poeria dourada. Uma flecha de prata cai junto da poeira, e ela vê Sophia com o arco levantado, sem flechas e mirando em sua direção. Sua irmã não estava louca e matando a todos, ela cobria a retaguarda de todas as caçadoras. Os mortais que avançavam contra ela estavam todos no chão, inconscientes, porém vivos. Ela se aproxima se temor, e fala com a filha de Hades.

- Angellica. – Responde a garota, olhando para a irmã friamente. – O que está fazendo aqui?

A Caçadora não diminui seu ritmo, lançando flechas e prendendo alguns humanos com sombras enquanto espera a resposta da mais nova.

- É nosso objetivo. – falou Sophia, a expressão endurecendo – O filho de Hypnos está criando tudo isso. Ártemis me enviou com este grupo para descobri-lo e impedi-lo, mata-lo se for preciso. Quando chegamos eu o confrontei, ele... Ele me enfeitiçou – Sophia parecia derrotada, a expressão era bem mascarada pelas características herdadas de seu pai, mas Angel conhecia aquela expressão o suficiente para ver através da máscara de sua irmã – Não consigo me mover daqui, estou presa neste ponto. O feri gravemente, e todo o inferno foi liberado no Cassino. Minhas companheiras não estão com o controle de sua razão.

Angellica sabia que Sophia precisava de ajuda naquele momento, a chama em seu peito se aquecia enquanto ela se aproximava da irmã. Nenhum mortal ou monstro chegava próximo a ela, Sophia estava cuidando disto. Ela pergunta sobre Chanel e a outra lhe responde:

- Ela é filha de Deméter, a mais pacifica entre nós... John era seu namorado antes dela juntar-se a Caçada. Ele não levou bem quando Chanel se juntou a nós, desafiou Lhokita pela chance de ficar junto de sua amada. Ártemis não permitiu. Ambos saíram com o coração partido... Ela me confessou sentir-se humilhada pelo filho de Ares não respeitar sua decisão... Fazem dois séculos que isto aconteceu, o que acontecer com ele, ele merece. – completa a filha de Hades com raiva e desprezo na voz.

Do outro lado da sala, John ainda duelava com Chanel. A luta era párea, mas o filho de Ares estava crescendo sobre a garota. Sophia arma uma flecha em seu arco, mais rápido que qualquer reação de Angell, disparando contra John. O garoto consegue bloquear a flecha, com um escudo invocado, mas estava em desvantagem. Se Sophia continuasse a ataca-lo, ele não teria chances. A mais nova entende naquele momento que, embora sua irmã estivesse mais lúcida que os outros, ela mesma não se encontrava com 100% de seu controle mental.

Angellica se coloca na frente da irmã, suplicando que ela volte a sua razão. Naquele momento, um momento verdadeiramente altruísta na qual a garota não desejava nada além de paz a chama dourada em seu peito brilhou forte e inundou o saguão. Após um breve flash de luz a expressão de Sophia se suavizou, ela olhou para a irmã na sua frente como olharia para uma companheira de caça: ela protegerei e honraria seus pedidos. A mais nova notou a diferença na irmã, surpresa com os acontecimentos. A sombra de um sorriso brincou na face da Caçadora.

- Você possui duas chamas Angellica, honre a chama dourada em seu peito.

Momentos seguintes o salão inteiro estava negro. A filha de Hades mais nova olha ao redor e vê sombras se solidificando e prendendo caçadoras, mortais e monstros. John estava sendo imobilizado duramente, assim como Chanel. Ambos foram arrastados para longe um do outro e os sons de combate morreram deixando espaço apenas para o brilho tênue das maquinas de jogos.

-Vá. Não os segurarei para sempre. – falou Sophia, claramente exausta do esforço de aprisionar tantas criaturas. – Assim como Héstia lhe deu forças para quebrar o feitiço sobre mim, nosso pai me dá forças agora para mantê-los. Corra Angel, ele está no 13º andar, quarto 131. Não farei promessas que não posso cumprir, apenas vá.

Angellica assentiu com a cabeça, sendo revigorada por toda a escuridão no recinto e partiu veloz em direção ao elevador subindo ao 13º andar. Sophia manteve a habilidade por mais alguns segundos, antes de cair de joelhos exausta, a escuridão dispersa.

“Não decepcione sua patrona...” foi o último pensamento da filha de Hades, antes de cair desmaiada no chão e o caos voltar a reinar na sala.

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Angellica empurrou a porta sutilmente, adaga em mãos e pronta para encontrar o tal filho de Hypnos. Quando pôs seus olhos sobre a cama, porém, sentiu como se suas entranhas virassem bronze. Com uma flecha fincada no peito, repousando porém acordado, estava alguém que ela conhecia bem. Tyler Durden, conselheiro do chalé de Hypnos, e seu cunhado lhe abriu um sorriso zombeteiro.

- A última filha de Hades não conseguiu me matar, então será você?