Heróis do Olimpo RPG - Logo
Herois do Olimpo RPG

Fórum de Mitologia Grega baseado em Percy Jackson e os Olimpianos e Os Heróis do Olimpo!


Você não está conectado. Conecte-se ou registre-se

Ver o tópico anterior Ver o tópico seguinte Ir para baixo  Mensagem [Página 1 de 1]

[Missão One-Post Livre] A caçada - Silva Empty [Missão One-Post Livre] A caçada - Silva

por Ὧ Léon 25/07/20, 11:35 pm

Ὧ Léon

Ὧ Léon
Filho(a) de Vulcano
Filho(a) de Vulcano
Formulário:

Nome da narração: A caçada
Objetivo da narração: Resgatar o Javali da 5º Coorte
Quantidade de desafios: 2
Quantidade de monstros: 2
Espécie dos monstros: Javali e Humano

Gostaria de te dizer que me receberam na minha coorte com um bolo em uma mesa, purpurina e gritos desejando boas-vindas, mas se o fizesse, estaria mentindo.

– Quem é você? –
Gritou um garoto musculoso, aproximando-se até ficar a centímetros do meu rosto. O rapaz tinha um semblante sério e tentava ser bem intimidador, mas suas bochechas estavam visivelmente coradas. Tinha pouco mais do que a minha altura e seus olhos azuis brilhavam como duas safiras. Não pude deixar de achar meu possível companheiro de chalé engraçado, apesar de sentir certo medo dele. O menino usava um colete vermelho com a estampa de um javali vermelho no centro. Os dizeres estavam destacados em negrito "FILHO DO PAPAI.", suas calças foram rasgadas nos joelhos, talvez propositalmente julgando pela irregularidade do corte, e seus sapatos pareciam ser o único item intacto da coleção. Estiloso, mas rebelde. Pensei.

– Sou Silva, fui designado para a Quinta Coorte –
Apresentei-me mostrando a minha tatuagem no ombro. Os dizeres SPQR recém marcados pareciam ser algo de outro mundo para ele. Por alguns instantes achei que ele fosse infartar de surpresa, mas quando um sorriso malicioso veio em seu rosto eu soube que estava em maus lencóis.

– Vem comigo. –
Disse ele me levando em uma excursão pelas barracas. Explicou como tudo funcionava ali. Em nosso percurso alguns semideuses pararam para tentar me esfaquear de surpresa ou levar alguns dos meus itens, uma brincadeira exótica que depois descobrir ser advinda de alguns gregos que fugiram de sua excursão. Se você me conhece, sabe que eu adoro piadas e aprecio um discurso pacífico, mas, se realmente sou neto do deus da guerra, estava na hora de me acostumar com cenários caóticos desse tipo, não? Seja em roma, seja na gŕecia. Acreditei que conseguiria me lembrar de todas as regras e limites que ele fez questão de mencionar, apesar de não ter decorado bem alguns horários.

– E esse é o seu beliche –
Concluiu ele ao me conduzir para uma cama bem maltratada. O travesseiro estava rasgado e algumas manchas de sangue repousavam pelo cobertor. – Ahm... você não vai querer comer perto disso aí. É sério - Sugeriu com um olhar de "Faça o que estou mandando, mas se não fizer, não me importo, você vai morrer mesmo."

– E antes de tudo, meu nome é Herbert, Herbert Cage. –
Assenti, não escondendo a felicidade por ele não ter me deixado perdida em meio ao caos. Confesso que fiquei nervoso a princípio. Depois de ter me despedido dos outros campistas e pego meus pertences no meu antigo apartamento em Nova Roma, fiquei aflito com a aceitação das pessoas daqui. Fui uma idiota, não? Ou talvez estivesse prevendo o que iria acontecer. Antes que pudessemos apertar nossas mãos e selar uma nova amizade ele assobiou alto e em poucos segundos uma multidão se formou ao nosso redor. Temi ter feito alguma besteira.

– Galera, essa é o novo legionário. Conheçam Silva. Alguém tem ideias sobre como vai ser o teste dele? –


– Teste? –
Questionei, engolindo em seco. Okay, uma coisa eu já tinha entendido. Eles eram como eu. No fundo, eu também adorava desafios, brigas e outras artimanhas mais. Mas algo dentro de mim indicava que aquilo não seria algo saudável. Era como se meu próprio corpo falasse que se tinha de ter medo de algo era de algum desafio por eles criado. E acredite, eu sabia que seria bem pior do que enfrentar os homens-tigre da noite passada. Aos berros, todos começaram a sugerir tarefas diferentes e de dificuldade variada. Indo de desafiar o pretor a um dueto de Karaokê até entrar na arena contra um conselheiro de chalé no acampamento meio-sangue. Gradativamente as vozes pareceram se unir, dando espaço a uma única palavra. "CAÇADA! CAÇADA! CAÇADA!". Herbert levantou as mãos em rendição, pedindo espaço para explicar tudo.

– Para que você prove que é uma de nós, terá que realizar uma caçada. –

- Não está nas regras. Eu sou da Quinta Coorte. É determinação superior - Argumentei.

– Ah, qualquer um pode estar sujeito a isso. Não vamos suportar ter companheiros fracos e que só nos dão fama de fracos para as outras coortes! Ou você cai fora daqui ou aceita nossos termos. –
foi assim que fizera os meus primeiros laços de amizade. História linda, não é? Vi-me pressionado a aceitar. De forma repentina ou não, aquele era meu lar, tinha de permanecer ali. Sabia que podia muito bem ir no escritório do pretor pedir uma ajudinha para acalmar os ânimos, mas... Quer que eu seja sincero? No fundo eu queria uma caçada.

– Vá até a floresta e capture o nosso Javali. Traga-o morto ou vivo. –

– Vocês tem um Javali? –
Perguntei surpreso. Ele assentiu.

– Se chama George. Ele é o símbolo de... bom, nada. É gostoso no almoço. Tínhamos outro, mas é que tivemos algumas festas e... Você sabe. Podemos ter maltratado ele um pouco. –


– Isso parece meio cruel –
Julguei com um suspiro. Eles apenas deram de ombros, alguns até sorriram, sem peso qualquer peso na consciência. Haviam ordenado que eu consertasse o erro que eles cometeram. Possivelmente só haviam o perdido e queriam que eu fosse resgatá-lo. Francamente...

– Começamos amanhã! –
Anunciou Herbert com um sorriso no rosto.


[Ω]

– Vai logo! –
Disse-me Erik. O garoro me conhecera na noite passada e já ganhara o costume de me dar ordens. O semideus tinha dez anos e um corpo com mais feridas do que muitos sobreviventes de guerras. Mesmo sentindo que podia lhe dar alguns cascudos, preferi não irritá-lo.

– Tenha calma –
Resisti antes que ele colocasse as mãos em minhas costas e me empurrasse floresta a dentro. Olhei ao meu redor, um tanto acanhado. As árvores tinham algum espaço entre uma e outra, mas não o suficiente para que eu corresse sem bater a cabeça em algum tronco. Essa seria a hora perfeita pra avisar meus companheiros de que eu não tinha nenhuma experiência nesses ambientes, mas sem dúvidas eles não ligariam. Era mais fácil me deixar morrer ali e organizar uma busca até o meu cadáver. Além disso, estava sozinho. Continuei a andar, aguardando por trás de meu elmo um movimento estranho vindo do mata. Encarei alguns galhos e tive uma ideia. Não tinha como me lembrar de todo o percurso, ainda mais com meu déficit de atenção. Tinha certeza de que poderia me perder. Segurei o cabo de meu machado e raspei a copa de uma das plantas, formando um traço apontando para a direção de onde tinha vindo. Olhei para os lados, procurando meu autômato. Jorge ainda estava sem condições de entrar em um combate. Lamentei não ter tirado um pouco de tempo para consertá-lo, mas haviam maiores preocupações nesse momento. Continuei marcando o percurso após alguns metros de caminhada mata a dentro, deixando sinais para evitar que eu me perdesse ou andasse em círculos. Se eu sou um rapaz tão engenhoso em situações assim? Talvez fosse só o medo me protegendo. Enquanto andava refletia sobre meus pesadelos, cada vez mais constantes. Nas últimas semanas presenciava meus piores temores concretizados em um sonho altamente destrutivo e caótico, mas ontem tudo mudou.

[Ω]

As portas se moviam freneticamente, alternando suas posições e saltando entre os corredores. As escadarias seguiam o mesmo ritmo, apostando corrida de um lado da sala ao outro. Era como se o próprio salão tivesse criado vida. As cores eram as únicas que permaneciam as mesmas, preto e branco. Estava parado olhando toda a confusão. Não existia solo além dali nem destino certo, apenas escadas, em um aglomerado infinito, conduzindo à portas inquietas. Diante do caos, decidi olhar para meu corpo. Estava vestido com um macacão de presidiário e um chapéu de mágico (que, honestamente, ficaram muito estilosos).

– Gui... –
Chamou sussurrante alguém por trás de uma porta branca as minhas costas. Comparando-a com as outras aberturas, essa era cheia de arranhões, possivelmente de animais. Era a única do salão que continuava estática enquanto eu a estudava. Quase como se estivesse me aguardando. Aceitando seu convite, girei a maçaneta, e de supetão algo invisível me puxou para a escuridão. Nada mais vi além do breu. Nem mesmo meus braços ou pernas. Meu próprio corpo pareceu tornar-se parte da negritude e logo nada mais eu era além de um ser que só podia enxergar e ouvir sons de pessoas aleatórias, clamando por ajuda. Senti minha própria existência entrar em combustão, sobrecarregada com tanta agonia. Acordei.


[Ω]

Algo se moveu a esquerda, interrompendo meus pensamentos. Já estava caminhando haviam horas. Entre uma pausa e outra me perguntava se valia a pena tal tormento. Jurei ser outro esquilo quando me virei para aquele lado, colocando meu escudo próximo ao peitoral desacreditado. Avancei, atento aos arbustos altos. "Um javali poderia se esconder ali" Concluí, movendo-me de forma cautelosa para não fazer nenhum tipo de besteira. Quando estava a alguns metros, notei que estava correto. O animal saltou do seu esconderijo e, diferente do que eu pensava, ele não foi em direção ao bosque que se abria mais adiante. Veio em direção à mim. Quando suas presas foram de encontro com meu scutum, senti o peso me empurrar e me jogar alguns metros para trás, desabando em algumas raízes de uma árvore gigante. Com certeza era esse o que eles estavam procurando. Era um adulto de quase dois metros de comprimento. Seus pelos eram de um vermelho escuro, ao contrário de seus olhos que brilhavam com um vermelho mais vivo, me encarando. Suas patas eram pequenas, mas ele trotava com maestria. Acreditando estar na vantagem. Segurei o cabo do meu machado com força e joguei meu braço para trás, dobrando os joelhos e contraindo as pernas. Girei o quadril e voltei meu braço, jogando o machado o mais longe que conseguisse, tentando acertar o animal. Por mais ofensivo que aquilo parecesse, ele não se irritou. O javali soltou um barulho estranho e correu na direção contrária, deixando meu machado atingir o caule de uma árvore. Tentei segui-lo, puxando minha arma de volta e disparando por entre a vegetação. Nota mental: Aprender mais sobre florestas. As raízes das árvores eram bem grandes, o que atrapalhava a minha movimentação e a disposição das árvores não me ajudava nem um pouco, permitindo que ele sumisse da minha visão por alguns instantes. Cada tentativa de arremesso? Todas idênticas: Um fracasso. Por mais que sentisse que conseguia correr mais rápido e talvez aumentar minhas chances de acerto estando mais perto, era necessário reduzir a velocidade para acabar não batendo a cabeça em algo ou tropeçando. Após o que pareceram dias para mim, perdi meu fôlego, parando ofegante e olhando para o animal que se afastava.

– Droga! –
Praguejei rapidamente, ainda cansado da corrida. Olhei ao meu redor, percebendo que havia entrado no bosque. Ainda era manhã, então não haviam se passado muito mais tempo do que eu imaginava, mas algo estava diferente. Tudo ali parecia transmitir uma mensagem de “Vá embora!”. Talvez minha imaginaçao me lançando peças. Talvez algum presságio alertando-me de um perigo iminente. Me agachei e olhei pro chão. Sabia que minha presa deixara pegadas, levando em consideração que ele era bem pesado. Mesmo assim, não conseguia rastreá-lo. Odiava ser tão... Argh, inexperiente. - Não se culpe –Disse a mim mesmo. Temi enlouquecer se tivesse que conversar comigo mesmo por mais algumas horas. Quando pensei que não havia como piorar, arregalei os olhos e encarei uma das árvores. Virei meu rosto para o caminho que tinha percorrido. Meu coração pareceu parar. Onde estavam as marcas nas árvores? Para completar o meu dia, estava perdido na floresta.


[Ω]

O calor do ambiente estava mais forte, talvez já estivesse chegando ao meio dia. Minhas mãos estavam cansadas de tanto segurar meus itens. Os músculos da minha perna estavam doloridos, fadigados de tanto andar adiante na estrada. Sentei-me e encostei em uma árvore, olhando a paisagem. Deveria ter trazido alguma filha de Ceres comigo, a Luisa poderia me ajudar. Mas agora distante dos legionários, duvidava que meus gritos chegassem ao seu chalé. Poderia buscar pensar com calma, mas era certo que não iria ter ideias tão claras e firmes, estava exausto demais. Comecei a falar em voz alta. Não havia ninguém para me interromper ali.

– E então, vovô –
Perguntei, aguardando alguns segundos antes de continuar meu discurso – Não acha que está na hora de me dar explicações? Você é um deus. Sabe onde minha mãe está. E se ousar negar isso... – Parei emocionado. As lágrimas foram incontroláveis. Distante de todos os outros semideuses, podia fazer isso sem receio algum. Abracei minha arma e continuei a chorar até meus olhos arderem. Não houve resposta divina por ali. Por mais que tivesse herdado características e poderes do deus do fogo e parte da sua seriedade, a outra parte veio da minha mãe. De alguém feliz, de alguém mortal a sua maneira. Negar meu lado humano seria como esquecer as minhas raízes.
"Aha, peguei!"
disse uma voz masculina em algum lugar da floresta. Me levantei olhando para os lados. Risadas vieram de algum arbusto mais a frente e eu queria entender quem tirava sarro de mim. Comecei a andar rápido, percebendo que a frase tinha sido dita longe demais para ser dirigida a mim. Era o primeiro sinal de alguém consciente na floresta, mas duvidava que fosse um amigo.


[Ω]

– Você é o nosso novo troféu, cara –
Disse ao javali o caçador. Era um homem alto e aparentava ser velho, mas segurava seu machado como alguém que não perdera o manejo. – Os negócios estão indo mal, mas você pode abrir um novo mercado! Imagine o quão delicioso você ficará em nosso restaurante em Nova Roma! Mas não se sinta só, logo iremos atrás dos seus parentes – Garantiu com uma voz alterada, mais parecendo um cientista louco, dando um chute no animal. Minha raiva cresceu a cada palavra dita. O xinguei de mil maneiras em minha mente. Se ele achava que eu iria deixar ele fazer isso, estava enganado. Aquele era o javali dos meus amigos de coorte e se alguém podia maltratá-lo, éramos nós. Afastei-me da árvore que ocultava a minha presença e caminhei normalmente em sua direção, apontando para seu peito com meu machado no ato mais estúpido da minha vida.

– Saia de perto dele! –
Ordenei, tentando ser o mais confiante possível. O homem olhou para mim com sua lâmina recuada. Agora que estava mais perto pude ver o porquê do animal não reagir. Uma seringa se projetava em sua pelugem, com restos de um líquido roxo no recipiente. Aos pés do rapaz um item prateado repousava, um lançador carregado com diversas agulhas, provavelmente a arma responsável por derrubar George.

– Quem é você, idiota? –
Indagou, fitando em seguida os meus equipamentos. – Um guerreiro?... Isso é bem inoportuno. Não posso libertar minha caça, garoto. Com licença ou sem licença, eu preciso dele. – Parei ao ver que ele apanhara a arma que estava ao chão e pôs seu dedo em uma espécie de gatilho, preparando-se para me colocar para dormir, eu supus.

– Eu não vou deixar –
Grunhi, dobrando meus joelhos e colocando-me em posição de batalha. A quem queria enganar? Estava entrando em desespero. Não tinha condições nenhuma de derrota-lo. Além dele estar armado, eu não estava 100%. Toda a perseguição havia me desgastado. Ele levantou a sua arma. Iria atirar

– Quando acordar
- Comecei - eu vou contar p... –

– E DAÍ? –
Berrou, esquecendo o mascote amarrado e vindo ao meu encontro, apontando a arma para a minha cabeça. Não olhei para baixo, mas senti minhas pernas tremerem. – Você acha que eles vão acreditar em você ou em mim? ACORDE PARA A VIDA! – Meu coração martelava e a adrenalina correu por meu corpo. Não havia uma maneira de escapar por força bruta. Ignorei a parte de mim que queria decapitá-lo e concentrei em minha parte mais tranquila. Como? Como vou fazê-lo trocar de ideia?

– Eu posso dizer como encontrar os outros javalis –
Menti, já sem esperanças.
– Diga – Ordenou, roubando meu machado e jogando-o ao chão. Aguardei alguns segundos, respirando fundo.
– Se você me vencer em um duelo, eu te digo onde encontrá-los e como pegá-los. Se eu vencer, você leva a mim e o javali até a entrada da floresta –
Prometi, sem opções.

– Eu aceito, se jurar pelo rio Estige –
Exigiu ele com a voz séria, como se estivéssemos pondo nossa vida em jogo. Eu não tinha condições de cumprir esse juramento. Se perdesse, teria um destino pior do que a morte. Bem, era isso o que diziam e eu não queria ser a prova usada para confirmar esses boatos.

– Juro pelo rio Estige –
Dissemos em uníssono.


[Ω]

Ele se posicionou a alguns metros de mim, portando somente o seu machado. Consegui convencê-lo a lutar longe de George, de forma a não machucá-lo. As regras eram as seguintes: Quem imobilizasse ou desmaiasse o outro, ganharia. Em uma moita mais ao sul havia um pacote com ambrosia e um pouco de néctar.

Suspeitava que não era nenhuma gentileza dele, apenas uma forma de lutarmos mais livremente sem nos preocuparmos em ferir um ao outro.

Nos preparamos. As veias do calçador saltavam para fora enquanto seus músculos contraídos davam talvez três dos meus. Eu tinha certeza de que não podia vencer. Ele parecia bem mais experiente. Meus outros equipamentos não me colocavam em vantagem de forma alguma. Ele avançou a passos largos, girando o cabo e cortando o ar. A lâmina de material dourado veio sedenta por meu braço. Girei meu corpo o suficiente para conseguir barrar a trajetória com o escudo. Assustei-me com a força, cambaleando para trás em meio ao desiquilíbrio. Ele investiu novamente sem me dar espaço para contra-atacar. Saltei para trás em uma esquiva, vendo alguns fios de meu cabelo serem cortados. Os fios castanhos balançavam com o vento, e eu senti como se parte de mim tivesse ido embora naquele momento.

[Ω]

– Mãe, por que meus cabelos são tão feios? –
Perguntei aflito. Mais cedo na escola, vários outros semideuses haviam tirado sarro do meu penteado e do meu corpo com apelidos nada carinhosos. Havia chorado bastante e tentado machucar eles, o que, como sempre, não acabou bem.
– Não, meu amor –
Repreendeu minha mãe. Em um piscar de olhos seus cabelos pareciam mudar para um rosa claro e tremeluziam de volta para o loiro habitual. Um truque com a névoa – Seus cabelos são lindos. Espelham você. Cuide deles e trate-os como você trata a sua boca ou o seu nariz. Preserve-os – Falou ela com lágrimas nos olhos. Ela parecia entender perfeitamente o que eu estava passando. Seu olhar era como se tivesse visto uma situação assim. Talvez experiência própria...


[Ω]

Meu antebraço sangrava e estava cansado de tanto manusear minha arma. Meu escudo parecia mais pesado e o fio do machado já não era mais utilizado perante os avanços rápidos e ataques ferozes do caçador. Ele resmungava sobre estar sem prática há décadas, mas parecia ser mais devastador do que qualquer um dos meus meios-irmãos. Paramos a alguns metros um do outro, minhas feridas não estavam muito profundas, mas o sangue já estava escorrendo há um tempo, o que já afetava os meus movimentos com uma tontura. Dançávamos há bons minutos, no mínimo. Meu oponente claramente lutava sem seriedade ou pressa, apreciando o ar de um combate tanto quanto eu. Teria me divertido bem mais não estivesse sendo destruído. Aparei seu ataque mais uma vez e não resisti ao impacto. Cambaleei para trás, tropeçando em uma das raízes das árvores. Soltei a empunhadura do item e senti a derrota se aproximar enquanto caía. Então era assim que iria acabar? Falhando em uma promessa pelo Estige? Um fim bem mais entediante do que eu esperava. Ele não iria me matar, pois queria saber a localização inexistente, mas isso não significa que iria me deixar ileso. Senti o chão se chocar contra mim e percebi pelo canto do olho o homem se aproximar triunfante. Busquei levantar a mão que segurava o escudo em um último ato, mas ele pisou em meu pulso, imobilizando o braço. Comecei a discutir comigo mesmo. Eu era fraca. Estupidamente fraco. Seria eu mesmo pertencente à Quinta Coorte? Não, não! Não tenha essa dúvida! Herbert talvez quisesse que eu sentisse isso, que eu tivesse essa dúvida. Quando me dei conta eu falava em voz alta, sem controle algum da minha fala.

– Não posso falhar. Não vou falhar. Eu fui mandada aqui por um motivo. Eu vim para provar a mim mesma. Eu sou filho de Vulcano! –

Tum.


Tudo aconteceu muito rápido. A minha mão irrompeu em chamas, fazendo o senhor recuar as suas botas de caça favoritas. Me levantei, confiando no fio do meu machado mais uma vez como minha arma favorita e desferi um corte em seu tronco, o fazendo saltar para trás novamente. Como eu planejava. Impedido pela mesma raiz que havia me afetado, o caçador se desequilibrou em pleno ar e caiu ao chão. Pronto para ser abatido. Levei meu machado ao alto e fiz como se fosse descer, parando próximo ao seu peito. Olhei o medo da morte em seus olhos e o respeitei por isso. Não importa o quão errado eu achasse o que ele fizesse, ele ainda era um ser humano. Respirei fundo, recuperando o fôlego. Olhei para minhas pernas, percebendo que haviam mais ferimentos do que eu havia contabilizado. Toda minha pele ardia com a dor, mas fechei minha boca com força, contendo a agonia. A batalha estava ganha. Olhei mais adiante, onde um antigo inimigo colocava as quatro patas ao chão e trotava na minha direção. O javali me encarava com seus olhos rubi, esperando a minha reação. As marcas das cordas que haviam o amarrado ainda estavam em seu corpo, mas ele estava ali. Forte o suficiente para se salvar. Para minha surpresa ele não fugiu novamente, só me encarou. Talvez tenha percebido que somos companheiros nessa guerra, ou reconhecido o meu potencial. Não pude conter um sorriso.

– Vamos para casa –
Falei a ele e rastejando busquei o pacote medicinal deixado na moita. Após passar um pouco em meus ferimentos, pude relaxar. Não importava a dor que sentia ou a angústia de não ter uma vitória digna, estava vivo e com meu objetivo cumprido.[/b][/b]


Passivas:
Nível 3 - Perícia Bárbara [Inicial]: Confere nível de perícia [Inicial] para a perícia Bárbara. Permite que o legionário treine suas outras perícias até o nível [Inicial]. (+5 FOR)


Nível 1 - Ambidestria: O herói controla armas com as duas mãos com total habilidade.

Nível 1 - Regeneração de Batalha I: Os heróis regeneram 5% dos pontos de vida por rodada, quando estão em batalhas mortais contra algum inimigo.

Ativas:

Nível 2 – Soco |Castellan| Boladão: Sobretudo quando estiver sob estresse, o filho de Vulcano consegue envolver seu punho em chamas por um breve momento, suficiente para desferir um soco fortalecido e envolto em fogo. Consome 20 de Energia. Fortalece com a força fisica e pirocinese do usuário.



Nível 2 - Arma favorita: O filho de Marte escolhe dentre as suas armas a sua favorita e, durante 3 rodadas, ela ganha bônus em seus ataques, sejam cortantes, perfurantes ou esmagadores. Gasta 35 de MP e só pode ser usada uma vez na narrativa.

Itens:

Observações:
- Gostaria de solicitar avaliação de pontos para perícias. Fica a critério do senhor avaliador, mas acredito que me empenhei nas seguintes: Perícia Bárbara, Perícia com Escudos e Perícia de Arremesso.



Última edição por Silva em 25/07/20, 11:49 pm, editado 3 vez(es) (Motivo da edição : Observações)

#1

[Missão One-Post Livre] A caçada - Silva Empty Re: [Missão One-Post Livre] A caçada - Silva

por Plutão 26/07/20, 04:35 pm

Plutão

Plutão
Deus Olimpiano
Deus Olimpiano
Silva escreveu:
Formulário:

Nome da narração: A caçada
Objetivo da narração: Resgatar o Javali da 5º Coorte
Quantidade de desafios: 2
Quantidade de monstros: 2
Espécie dos monstros: Javali e Humano

Gostaria de te dizer que me receberam na minha coorte com um bolo em uma mesa, purpurina e gritos desejando boas-vindas, mas se o fizesse, estaria mentindo.

– Quem é você? –
Gritou um garoto musculoso, aproximando-se até ficar a centímetros do meu rosto. O rapaz tinha um semblante sério e tentava ser bem intimidador, mas suas bochechas estavam visivelmente coradas. Tinha pouco mais do que a minha altura e seus olhos azuis brilhavam como duas safiras. Não pude deixar de achar meu possível companheiro de chalé engraçado, apesar de sentir certo medo dele. O menino usava um colete vermelho com a estampa de um javali vermelho no centro. Os dizeres estavam destacados em negrito "FILHO DO PAPAI.", suas calças foram rasgadas nos joelhos, talvez propositalmente julgando pela irregularidade do corte, e seus sapatos pareciam ser o único item intacto da coleção. Estiloso, mas rebelde. Pensei.

– Sou Silva, fui designado para a Quinta Coorte –
Apresentei-me mostrando a minha tatuagem no ombro. Os dizeres SPQR recém marcados pareciam ser algo de outro mundo para ele. Por alguns instantes achei que ele fosse infartar de surpresa, mas quando um sorriso malicioso veio em seu rosto eu soube que estava em maus lencóis.

– Vem comigo. –
Disse ele me levando em uma excursão pelas barracas. Explicou como tudo funcionava ali. Em nosso percurso alguns semideuses pararam para tentar me esfaquear de surpresa ou levar alguns dos meus itens, uma brincadeira exótica que depois descobrir ser advinda de alguns gregos que fugiram de sua excursão. Se você me conhece, sabe que eu adoro piadas e aprecio um discurso pacífico, mas, se realmente sou neto do deus da guerra, estava na hora de me acostumar com cenários caóticos desse tipo, não? Seja em roma, seja na gŕecia. Acreditei que conseguiria me lembrar de todas as regras e limites que ele fez questão de mencionar, apesar de não ter decorado bem alguns horários.

– E esse é o seu beliche –
Concluiu ele ao me conduzir para uma cama bem maltratada. O travesseiro estava rasgado e algumas manchas de sangue repousavam pelo cobertor. – Ahm... você não vai querer comer perto disso aí. É sério - Sugeriu com um olhar de "Faça o que estou mandando, mas se não fizer, não me importo, você vai morrer mesmo."

– E antes de tudo, meu nome é Herbert, Herbert Cage. –
Assenti, não escondendo a felicidade por ele não ter me deixado perdida em meio ao caos. Confesso que fiquei nervoso a princípio. Depois de ter me despedido dos outros campistas e pego meus pertences no meu antigo apartamento em Nova Roma, fiquei aflito com a aceitação das pessoas daqui. Fui uma idiota, não? Ou talvez estivesse prevendo o que iria acontecer. Antes que pudessemos apertar nossas mãos e selar uma nova amizade ele assobiou alto e em poucos segundos uma multidão se formou ao nosso redor. Temi ter feito alguma besteira.

– Galera, essa é o novo legionário. Conheçam Silva. Alguém tem ideias sobre como vai ser o teste dele? –


– Teste? –
Questionei, engolindo em seco. Okay, uma coisa eu já tinha entendido. Eles eram como eu. No fundo, eu também adorava desafios, brigas e outras artimanhas mais. Mas algo dentro de mim indicava que aquilo não seria algo saudável. Era como se meu próprio corpo falasse que se tinha de ter medo de algo era de algum desafio por eles criado. E acredite, eu sabia que seria bem pior do que enfrentar os homens-tigre da noite passada. Aos berros, todos começaram a sugerir tarefas diferentes e de dificuldade variada. Indo de desafiar o pretor a um dueto de Karaokê até entrar na arena contra um conselheiro de chalé no acampamento meio-sangue. Gradativamente as vozes pareceram se unir, dando espaço a uma única palavra. "CAÇADA! CAÇADA! CAÇADA!". Herbert levantou as mãos em rendição, pedindo espaço para explicar tudo.

– Para que você prove que é uma de nós, terá que realizar uma caçada. –

- Não está nas regras. Eu sou da Quinta Coorte. É determinação superior - Argumentei.

– Ah, qualquer um pode estar sujeito a isso. Não vamos suportar ter companheiros fracos e que só nos dão fama de fracos para as outras coortes! Ou você cai fora daqui ou aceita nossos termos. –
foi assim que fizera os meus primeiros laços de amizade. História linda, não é? Vi-me pressionado a aceitar. De forma repentina ou não, aquele era meu lar, tinha de permanecer ali. Sabia que podia muito bem ir no escritório do pretor pedir uma ajudinha para acalmar os ânimos, mas... Quer que eu seja sincero? No fundo eu queria uma caçada.

– Vá até a floresta e capture o nosso Javali. Traga-o morto ou vivo. –

– Vocês tem um Javali? –
Perguntei surpreso. Ele assentiu.

– Se chama George. Ele é o símbolo de... bom, nada. É gostoso no almoço. Tínhamos outro, mas é que tivemos algumas festas e... Você sabe. Podemos ter maltratado ele um pouco. –


– Isso parece meio cruel –
Julguei com um suspiro. Eles apenas deram de ombros, alguns até sorriram, sem peso qualquer peso na consciência. Haviam ordenado que eu consertasse o erro que eles cometeram. Possivelmente só haviam o perdido e queriam que eu fosse resgatá-lo. Francamente...

– Começamos amanhã! –
Anunciou Herbert com um sorriso no rosto.


[Ω]

– Vai logo! –
Disse-me Erik. O garoro me conhecera na noite passada e já ganhara o costume de me dar ordens. O semideus tinha dez anos e um corpo com mais feridas do que muitos sobreviventes de guerras. Mesmo sentindo que podia lhe dar alguns cascudos, preferi não irritá-lo.

– Tenha calma –
Resisti antes que ele colocasse as mãos em minhas costas e me empurrasse floresta a dentro. Olhei ao meu redor, um tanto acanhado. As árvores tinham algum espaço entre uma e outra, mas não o suficiente para que eu corresse sem bater a cabeça em algum tronco. Essa seria a hora perfeita pra avisar meus companheiros de que eu não tinha nenhuma experiência nesses ambientes, mas sem dúvidas eles não ligariam. Era mais fácil me deixar morrer ali e organizar uma busca até o meu cadáver. Além disso, estava sozinho. Continuei a andar, aguardando por trás de meu elmo um movimento estranho vindo do mata. Encarei alguns galhos e tive uma ideia. Não tinha como me lembrar de todo o percurso, ainda mais com meu déficit de atenção. Tinha certeza de que poderia me perder. Segurei o cabo de meu machado e raspei a copa de uma das plantas, formando um traço apontando para a direção de onde tinha vindo. Olhei para os lados, procurando meu autômato. Jorge ainda estava sem condições de entrar em um combate. Lamentei não ter tirado um pouco de tempo para consertá-lo, mas haviam maiores preocupações nesse momento. Continuei marcando o percurso após alguns metros de caminhada mata a dentro, deixando sinais para evitar que eu me perdesse ou andasse em círculos. Se eu sou um rapaz tão engenhoso em situações assim? Talvez fosse só o medo me protegendo. Enquanto andava refletia sobre meus pesadelos, cada vez mais constantes. Nas últimas semanas presenciava meus piores temores concretizados em um sonho altamente destrutivo e caótico, mas ontem tudo mudou.

[Ω]

As portas se moviam freneticamente, alternando suas posições e saltando entre os corredores. As escadarias seguiam o mesmo ritmo, apostando corrida de um lado da sala ao outro. Era como se o próprio salão tivesse criado vida. As cores eram as únicas que permaneciam as mesmas, preto e branco. Estava parado olhando toda a confusão. Não existia solo além dali nem destino certo, apenas escadas, em um aglomerado infinito, conduzindo à portas inquietas. Diante do caos, decidi olhar para meu corpo. Estava vestido com um macacão de presidiário e um chapéu de mágico (que, honestamente, ficaram muito estilosos).

– Gui... –
Chamou sussurrante alguém por trás de uma porta branca as minhas costas. Comparando-a com as outras aberturas, essa era cheia de arranhões, possivelmente de animais. Era a única do salão que continuava estática enquanto eu a estudava. Quase como se estivesse me aguardando. Aceitando seu convite, girei a maçaneta, e de supetão algo invisível me puxou para a escuridão. Nada mais vi além do breu. Nem mesmo meus braços ou pernas. Meu próprio corpo pareceu tornar-se parte da negritude e logo nada mais eu era além de um ser que só podia enxergar e ouvir sons de pessoas aleatórias, clamando por ajuda. Senti minha própria existência entrar em combustão, sobrecarregada com tanta agonia. Acordei.


[Ω]

Algo se moveu a esquerda, interrompendo meus pensamentos. Já estava caminhando haviam horas. Entre uma pausa e outra me perguntava se valia a pena tal tormento. Jurei ser outro esquilo quando me virei para aquele lado, colocando meu escudo próximo ao peitoral desacreditado. Avancei, atento aos arbustos altos. "Um javali poderia se esconder ali" Concluí, movendo-me de forma cautelosa para não fazer nenhum tipo de besteira. Quando estava a alguns metros, notei que estava correto. O animal saltou do seu esconderijo e, diferente do que eu pensava, ele não foi em direção ao bosque que se abria mais adiante. Veio em direção à mim. Quando suas presas foram de encontro com meu scutum, senti o peso me empurrar e me jogar alguns metros para trás, desabando em algumas raízes de uma árvore gigante. Com certeza era esse o que eles estavam procurando. Era um adulto de quase dois metros de comprimento. Seus pelos eram de um vermelho escuro, ao contrário de seus olhos que brilhavam com um vermelho mais vivo, me encarando. Suas patas eram pequenas, mas ele trotava com maestria. Acreditando estar na vantagem. Segurei o cabo do meu machado com força e joguei meu braço para trás, dobrando os joelhos e contraindo as pernas. Girei o quadril e voltei meu braço, jogando o machado o mais longe que conseguisse, tentando acertar o animal. Por mais ofensivo que aquilo parecesse, ele não se irritou. O javali soltou um barulho estranho e correu na direção contrária, deixando meu machado atingir o caule de uma árvore. Tentei segui-lo, puxando minha arma de volta e disparando por entre a vegetação. Nota mental: Aprender mais sobre florestas. As raízes das árvores eram bem grandes, o que atrapalhava a minha movimentação e a disposição das árvores não me ajudava nem um pouco, permitindo que ele sumisse da minha visão por alguns instantes. Cada tentativa de arremesso? Todas idênticas: Um fracasso. Por mais que sentisse que conseguia correr mais rápido e talvez aumentar minhas chances de acerto estando mais perto, era necessário reduzir a velocidade para acabar não batendo a cabeça em algo ou tropeçando. Após o que pareceram dias para mim, perdi meu fôlego, parando ofegante e olhando para o animal que se afastava.

– Droga! –
Praguejei rapidamente, ainda cansado da corrida. Olhei ao meu redor, percebendo que havia entrado no bosque. Ainda era manhã, então não haviam se passado muito mais tempo do que eu imaginava, mas algo estava diferente. Tudo ali parecia transmitir uma mensagem de “Vá embora!”. Talvez minha imaginaçao me lançando peças. Talvez algum presságio alertando-me de um perigo iminente. Me agachei e olhei pro chão. Sabia que minha presa deixara pegadas, levando em consideração que ele era bem pesado. Mesmo assim, não conseguia rastreá-lo. Odiava ser tão... Argh, inexperiente. - Não se culpe –Disse a mim mesmo. Temi enlouquecer se tivesse que conversar comigo mesmo por mais algumas horas. Quando pensei que não havia como piorar, arregalei os olhos e encarei uma das árvores. Virei meu rosto para o caminho que tinha percorrido. Meu coração pareceu parar. Onde estavam as marcas nas árvores? Para completar o meu dia, estava perdido na floresta.


[Ω]

O calor do ambiente estava mais forte, talvez já estivesse chegando ao meio dia. Minhas mãos estavam cansadas de tanto segurar meus itens. Os músculos da minha perna estavam doloridos, fadigados de tanto andar adiante na estrada. Sentei-me e encostei em uma árvore, olhando a paisagem. Deveria ter trazido alguma filha de Ceres comigo, a Luisa poderia me ajudar. Mas agora distante dos legionários, duvidava que meus gritos chegassem ao seu chalé. Poderia buscar pensar com calma, mas era certo que não iria ter ideias tão claras e firmes, estava exausto demais. Comecei a falar em voz alta. Não havia ninguém para me interromper ali.

– E então, vovô –
Perguntei, aguardando alguns segundos antes de continuar meu discurso – Não acha que está na hora de me dar explicações? Você é um deus. Sabe onde minha mãe está. E se ousar negar isso... – Parei emocionado. As lágrimas foram incontroláveis. Distante de todos os outros semideuses, podia fazer isso sem receio algum. Abracei minha arma e continuei a chorar até meus olhos arderem. Não houve resposta divina por ali. Por mais que tivesse herdado características e poderes do deus do fogo e parte da sua seriedade, a outra parte veio da minha mãe. De alguém feliz, de alguém mortal a sua maneira. Negar meu lado humano seria como esquecer as minhas raízes.
"Aha, peguei!"
disse uma voz masculina em algum lugar da floresta. Me levantei olhando para os lados. Risadas vieram de algum arbusto mais a frente e eu queria entender quem tirava sarro de mim. Comecei a andar rápido, percebendo que a frase tinha sido dita longe demais para ser dirigida a mim. Era o primeiro sinal de alguém consciente na floresta, mas duvidava que fosse um amigo.


[Ω]

– Você é o nosso novo troféu, cara –
Disse ao javali o caçador. Era um homem alto e aparentava ser velho, mas segurava seu machado como alguém que não perdera o manejo. – Os negócios estão indo mal, mas você pode abrir um novo mercado! Imagine o quão delicioso você ficará em nosso restaurante em Nova Roma! Mas não se sinta só, logo iremos atrás dos seus parentes – Garantiu com uma voz alterada, mais parecendo um cientista louco, dando um chute no animal. Minha raiva cresceu a cada palavra dita. O xinguei de mil maneiras em minha mente. Se ele achava que eu iria deixar ele fazer isso, estava enganado. Aquele era o javali dos meus amigos de coorte e se alguém podia maltratá-lo, éramos nós. Afastei-me da árvore que ocultava a minha presença e caminhei normalmente em sua direção, apontando para seu peito com meu machado no ato mais estúpido da minha vida.

– Saia de perto dele! –
Ordenei, tentando ser o mais confiante possível. O homem olhou para mim com sua lâmina recuada. Agora que estava mais perto pude ver o porquê do animal não reagir. Uma seringa se projetava em sua pelugem, com restos de um líquido roxo no recipiente. Aos pés do rapaz um item prateado repousava, um lançador carregado com diversas agulhas, provavelmente a arma responsável por derrubar George.

– Quem é você, idiota? –
Indagou, fitando em seguida os meus equipamentos. – Um guerreiro?... Isso é bem inoportuno. Não posso libertar minha caça, garoto. Com licença ou sem licença, eu preciso dele. – Parei ao ver que ele apanhara a arma que estava ao chão e pôs seu dedo em uma espécie de gatilho, preparando-se para me colocar para dormir, eu supus.

– Eu não vou deixar –
Grunhi, dobrando meus joelhos e colocando-me em posição de batalha. A quem queria enganar? Estava entrando em desespero. Não tinha condições nenhuma de derrota-lo. Além dele estar armado, eu não estava 100%. Toda a perseguição havia me desgastado. Ele levantou a sua arma. Iria atirar

– Quando acordar
- Comecei - eu vou contar p... –

– E DAÍ? –
Berrou, esquecendo o mascote amarrado e vindo ao meu encontro, apontando a arma para a minha cabeça. Não olhei para baixo, mas senti minhas pernas tremerem. – Você acha que eles vão acreditar em você ou em mim? ACORDE PARA A VIDA! – Meu coração martelava e a adrenalina correu por meu corpo. Não havia uma maneira de escapar por força bruta. Ignorei a parte de mim que queria decapitá-lo e concentrei em minha parte mais tranquila. Como? Como vou fazê-lo trocar de ideia?

– Eu posso dizer como encontrar os outros javalis –
Menti, já sem esperanças.
– Diga – Ordenou, roubando meu machado e jogando-o ao chão. Aguardei alguns segundos, respirando fundo.
– Se você me vencer em um duelo, eu te digo onde encontrá-los e como pegá-los. Se eu vencer, você leva a mim e o javali até a entrada da floresta –
Prometi, sem opções.

– Eu aceito, se jurar pelo rio Estige –
Exigiu ele com a voz séria, como se estivéssemos pondo nossa vida em jogo. Eu não tinha condições de cumprir esse juramento. Se perdesse, teria um destino pior do que a morte. Bem, era isso o que diziam e eu não queria ser a prova usada para confirmar esses boatos.

– Juro pelo rio Estige –
Dissemos em uníssono.


[Ω]

Ele se posicionou a alguns metros de mim, portando somente o seu machado. Consegui convencê-lo a lutar longe de George, de forma a não machucá-lo. As regras eram as seguintes: Quem imobilizasse ou desmaiasse o outro, ganharia. Em uma moita mais ao sul havia um pacote com ambrosia e um pouco de néctar.

Suspeitava que não era nenhuma gentileza dele, apenas uma forma de lutarmos mais livremente sem nos preocuparmos em ferir um ao outro.

Nos preparamos. As veias do calçador saltavam para fora enquanto seus músculos contraídos davam talvez três dos meus. Eu tinha certeza de que não podia vencer. Ele parecia bem mais experiente. Meus outros equipamentos não me colocavam em vantagem de forma alguma. Ele avançou a passos largos, girando o cabo e cortando o ar. A lâmina de material dourado veio sedenta por meu braço. Girei meu corpo o suficiente para conseguir barrar a trajetória com o escudo. Assustei-me com a força, cambaleando para trás em meio ao desiquilíbrio. Ele investiu novamente sem me dar espaço para contra-atacar. Saltei para trás em uma esquiva, vendo alguns fios de meu cabelo serem cortados. Os fios castanhos balançavam com o vento, e eu senti como se parte de mim tivesse ido embora naquele momento.

[Ω]

– Mãe, por que meus cabelos são tão feios? –
Perguntei aflito. Mais cedo na escola, vários outros semideuses haviam tirado sarro do meu penteado e do meu corpo com apelidos nada carinhosos. Havia chorado bastante e tentado machucar eles, o que, como sempre, não acabou bem.
– Não, meu amor –
Repreendeu minha mãe. Em um piscar de olhos seus cabelos pareciam mudar para um rosa claro e tremeluziam de volta para o loiro habitual. Um truque com a névoa – Seus cabelos são lindos. Espelham você. Cuide deles e trate-os como você trata a sua boca ou o seu nariz. Preserve-os – Falou ela com lágrimas nos olhos. Ela parecia entender perfeitamente o que eu estava passando. Seu olhar era como se tivesse visto uma situação assim. Talvez experiência própria...


[Ω]

Meu antebraço sangrava e estava cansado de tanto manusear minha arma. Meu escudo parecia mais pesado e o fio do machado já não era mais utilizado perante os avanços rápidos e ataques ferozes do caçador. Ele resmungava sobre estar sem prática há décadas, mas parecia ser mais devastador do que qualquer um dos meus meios-irmãos. Paramos a alguns metros um do outro, minhas feridas não estavam muito profundas, mas o sangue já estava escorrendo há um tempo, o que já afetava os meus movimentos com uma tontura. Dançávamos há bons minutos, no mínimo. Meu oponente claramente lutava sem seriedade ou pressa, apreciando o ar de um combate tanto quanto eu. Teria me divertido bem mais não estivesse sendo destruído. Aparei seu ataque mais uma vez e não resisti ao impacto. Cambaleei para trás, tropeçando em uma das raízes das árvores. Soltei a empunhadura do item e senti a derrota se aproximar enquanto caía. Então era assim que iria acabar? Falhando em uma promessa pelo Estige? Um fim bem mais entediante do que eu esperava. Ele não iria me matar, pois queria saber a localização inexistente, mas isso não significa que iria me deixar ileso. Senti o chão se chocar contra mim e percebi pelo canto do olho o homem se aproximar triunfante. Busquei levantar a mão que segurava o escudo em um último ato, mas ele pisou em meu pulso, imobilizando o braço. Comecei a discutir comigo mesmo. Eu era fraca. Estupidamente fraco. Seria eu mesmo pertencente à Quinta Coorte? Não, não! Não tenha essa dúvida! Herbert talvez quisesse que eu sentisse isso, que eu tivesse essa dúvida. Quando me dei conta eu falava em voz alta, sem controle algum da minha fala.

– Não posso falhar. Não vou falhar. Eu fui mandada aqui por um motivo. Eu vim para provar a mim mesma. Eu sou filho de Vulcano! –

Tum.


Tudo aconteceu muito rápido. A minha mão irrompeu em chamas, fazendo o senhor recuar as suas botas de caça favoritas. Me levantei, confiando no fio do meu machado mais uma vez como minha arma favorita e desferi um corte em seu tronco, o fazendo saltar para trás novamente. Como eu planejava. Impedido pela mesma raiz que havia me afetado, o caçador se desequilibrou em pleno ar e caiu ao chão. Pronto para ser abatido. Levei meu machado ao alto e fiz como se fosse descer, parando próximo ao seu peito. Olhei o medo da morte em seus olhos e o respeitei por isso. Não importa o quão errado eu achasse o que ele fizesse, ele ainda era um ser humano. Respirei fundo, recuperando o fôlego. Olhei para minhas pernas, percebendo que haviam mais ferimentos do que eu havia contabilizado. Toda minha pele ardia com a dor, mas fechei minha boca com força, contendo a agonia. A batalha estava ganha. Olhei mais adiante, onde um antigo inimigo colocava as quatro patas ao chão e trotava na minha direção. O javali me encarava com seus olhos rubi, esperando a minha reação. As marcas das cordas que haviam o amarrado ainda estavam em seu corpo, mas ele estava ali. Forte o suficiente para se salvar. Para minha surpresa ele não fugiu novamente, só me encarou. Talvez tenha percebido que somos companheiros nessa guerra, ou reconhecido o meu potencial. Não pude conter um sorriso.

– Vamos para casa –
Falei a ele e rastejando busquei o pacote medicinal deixado na moita. Após passar um pouco em meus ferimentos, pude relaxar. Não importava a dor que sentia ou a angústia de não ter uma vitória digna, estava vivo e com meu objetivo cumprido.[/b][/b]


Passivas:
Nível 3 - Perícia Bárbara [Inicial]: Confere nível de perícia [Inicial] para a perícia Bárbara. Permite que o legionário treine suas outras perícias até o nível [Inicial]. (+5 FOR)


Nível 1 - Ambidestria: O herói controla armas com as duas mãos com total habilidade.

Nível 1 - Regeneração de Batalha I: Os heróis regeneram 5% dos pontos de vida por rodada, quando estão em batalhas mortais contra algum inimigo.

Ativas:

Nível 2 – Soco |Castellan| Boladão: Sobretudo quando estiver sob estresse, o filho de Vulcano consegue envolver seu punho em chamas por um breve momento, suficiente para desferir um soco fortalecido e envolto em fogo. Consome 20 de Energia. Fortalece com a força fisica e pirocinese do usuário.



Nível 2 - Arma favorita: O filho de Marte escolhe dentre as suas armas a sua favorita e, durante 3 rodadas, ela ganha bônus em seus ataques, sejam cortantes, perfurantes ou esmagadores. Gasta 35 de MP e só pode ser usada uma vez na narrativa.

Itens:

Observações:
- Gostaria de solicitar avaliação de pontos para perícias. Fica a critério do senhor avaliador, mas acredito que me empenhei nas seguintes: Perícia Bárbara, Perícia com Escudos e Perícia de Arremesso.

AVALIAÇÃO

Serei objetivo, afinal é isso que tu quer. :fuckit:
A narrativa está compreensível e clara (ainda que possa melhorar na inserção das memórias e se é homem ou mulher 😅) alternando entre a inexperiência do personagem e seu desejo em melhorar suas capacidades mediante novas situações. Uma sugestão durante a descrição do passado é indicar que terá/está em um momento flashback para evitar conflito entre cenas. Tu pôs o Ômega para diferenciar, mas ele estava sendo usado em todas as divisões então pode confundir (outra dica: se usar símbolos, os diferencie, mas também pode fazer em texto corrido apenas indicando [ex: naquele momento lembrei de/que... Etc), ou por cor, itálico, tipo de letra, balão mágico, fica a critério de sua imaginação]. Como disse, são apenas sugestões para desenvolver teu potencial de escrita.

Experiência e Denários

Base:
500 Xp e 250 §

Pontos por interpretação:
1,5

Total:
750 Xp e 375 §

Pontos em Perícia

Perícia Bárbara [Inicial]: + 8 pontos (*1,5) = 12.

Perícia com Arremessos [Treinando p/ Inicial]: + 5 pontos (*1,5) = 7.

Perícia com Escudos [Treinando p/ Inicial]: + 10 pontos (*1,5) = 15.

#2

Ver o tópico anterior Ver o tópico seguinte Ir para o topo  Mensagem [Página 1 de 1]

Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos