Estavam a caminho de uma nova excursão. Viktor seguia junto à outros legionários da primeira coorte numa marcha lenta em direção ao portal que levava até o acampamento grego. Estavam divididos em grupos de cinco, formando uma fileira para atravessar o portal. Os adolescentes equipados para o combate contava 1 minuto e atravessavam. De acordo com a centurião, era o tempo para que o grupo anterior recebesse as instruções dos organizadores do outro lado. O semideus caminhava pronto para lutar, com os itens que normalmente levaria para um treinamento na arena. Haviam avisado na semana anterior que participariam de uma dinâmica com os gregos, uma variante do caça á bandeira, adaptada para o combate entre semideuses. O rapaz estava aéreo. Havia dias que acordava tremendo e encharcado de suor, sem compreender o motivo. Sabia que tinha tido um pesadelo, mas não conseguia se recordar. Faltavam mais 3 minutos para que fosse a vez de Seryy quando ele olhou para a lateral. Ao lado do portal havia um prédio de cor azul. O rapaz estranhou. Nunca havia passado por ali e ninguém havia comentado com ele sobre. A porta de metal cinza estava entreaberta e o menino conseguia jurar que alguém sussurrava seu nome. Quanto mais olhava, mais alto a voz ficava, tentando-o a ir até lá.

Obs:
- Se preferir não postar os itens em spoiler, considerarei os que estão na ficha de personagem (exceto o campo Outros do inventário).

O garoto deixa a formação e marcha até o comandante, solicitando permissão. O garoto que comandava as filas era o centurião da 3º Coorte, um brutamontes de braço metálico repleto de cicatrizes. O menino dá um suspiro e faz que sim com a cabeça, como se estivesse também um tanto desapontado de ter de lidar com os gregos. Viktor segue para o prédio, abrindo a porta e se deparando com um corredor repleto de portas. As paredes eram cor de creme e pareciam ter sido pintadas à mão. O corredor virava à esquerda após alguns metros, mas um pouco antes uma das portas também estava entreaberta. Havia sons de uma discussão, como se várias vozes debatessem com rispidez. O menino se esgueirou, observando pela brecha do encosto, só conseguindo visualizar uma luz branca iluminando o local, como se uma lâmpada estivesse ligada mais adianta.

- Mostre, Jonas - Disse uma voz masculina. Arriscando abrir um pouco mais a porta, Seryy conseguiu vê-los. Era uma mesa redonda da mesma cor do prédio. Haviam alguns rostos desconhecidos sentados e um único rapaz de pé. Ao mesmo tempo que encarava os demais como se fosse o líder do grupo, era muito novo, certamente tinha não mais de 12 anos. No centro da mesa um espelho brilhante pairava, dando voltas ao redor de si mesmo e iluminando o local. Ao lado da criança um rapaz de camisa laranja se levantou, estendendo os braços para o item flutuante e recitando algumas palavras num idioma desconhecido. O brilho mudou e o espelho agora mostrava uma cena diferente. Estava trêmula e o rapaz estava um pouco distante, mas ainda era possível ver.

A julgar pela cor das camisas e a arquitetura era o acampamento júpiter, mas em meio ao caos. Fumaça saía dos prédios e explosões eram vistas pelas colinas. Semideuses corriam de um lado para o outro, a maioria com poucos equipamentos de proteção, despreparados para um combate. Eram semelhantes aos moradores de Nova Roma, lutadores aposentados que viviam sua vida pacificamente. A imagem mudou, revelando o túnel que dava entrada ao acampamento júpiter. Uma armada de semideuses formada pelos pretores e centuriões aguardava, preparados para um combate. Mesmo com toda a destruição do outro lado, nenhum deles se virava ou percebia. Estavam aguardando um possível ataque, mas a verdadeira ofensiva tinha vindo de dentro. Pela última vez a cena se modificou, revelando os destroços de um templo. Sentado em uma pilastra, um homem de armadura espartana fitava todo o caos colina abaixo, como se apreciasse o show. Ele olhou para o lado, onde uma pessoa com marcas de sangue estava inerte.

Ao reconhecer as feições do defunto, Viktor tropeçou, fazendo a porta se abrir e o rapaz levar as mãos ao chão para não bater o rosto no solo. Todos os rostos se viraram para ele, com as mãos descendo até suas armas. A criança agora o encarava com um olhar frio enquanto os demais mostravam surpresa e incompreensão. O rapaz que havia acabado de cair na sala era o que estava morto no filme que eles mostravam.

- Quem é você? -

É meio difícil se ver morto e continuar com suas faculdade mentais intactas, aquilo foi a coisa mais perturbadora que aconteceu comigo nessa vida de semideus e eu não estava entendendo nada. Quando dei por mim estava caído dentro da sala e os garotos estavam segurando suas espadas como se eu fosse o problema ali.

- Quem é você? -Pergunta um deles.

Me ponho de pé tentando parar de tremer e começo a reorganizar meus pensamentos. Meu pai sempre me ensinou a não me desesperar e ver a situação como um todo, se agora eu sabia como seria o futuro eu poderia mudá-lo.

-Meu nome é Viktor, mas você me conhece, acabou de me ver morto nessa sua "bola de cristal". O que me leva a crer que isso pode ver um futuro próximo possível? Já que eu ainda estou vivo e estou aqui, essa coisa não vê o passado nem o presente, e como eu não estava mais velho na imagem, receio que é em um futuro próximo. Mas a pergunta mais importante aqui é quem são vocês? O que estão fazendo aqui e por que caralhos estão deixando os semideuses irem para o acampamento Grego com um possível massacre a caminho?

Viktor se põe de pé, tentando manter a calma e se manter racional. Não podia ficar desesperado, ainda mais num momento tão crítico como aquele. Ele poderia mudar seu próprio destino. Se pôs a falar, lançando diversas perguntas e confrontando os membros da reunião. A criança dá um salto, aparentemente descendo de uma cadeira improvisada para que ele parecesse mais alto e se aproxima do invasor. Lançou-lhe um olhar frio e cauteloso, como se cada expressão que o garoto lançasse significasse algo a ser interpretado. Agora que estava mais próximo, o legionário pôde sentir que a própria presenta do menino já lhe passava um ar de conhecimento, como se ele pudesse responder com sabedoria as perguntas que lhe eram feitas. O que pareceu mais estranho foi o seu olhar, orbes escuras com três pontos brancos, semelhante à um céu estrelado.
- Esses são fragmentos de sonhos. Todos nós tivemos em diferentes perspectivas, mas um mesmo cenário. A única coisa comum em todos eles... é você. - Disse dando mais um passo a frente, erguendo ainda mais a sua cabeça para que pudesse encarar Seryy.
-Ele não deveria estar aqui. Não deveria ser possível entrar sem ser um de nós.- Disse o menino de camisa laranja, desfazendo o espelho e deixando o quarto na escuridão por alguns instantes até três lâmpadas se acenderem no teto. Eram um quarto espaçoso e da cor creme, mas ainda não havia sido preenchido com nada além da mesa. Na parede próximo a porta um Σ azul marinho estava estampado. - Somos aprendizes de Ceos, o titã da inteligência. - Se pôs a dizer o garoto novamente. Ignorando o rapaz. O garoto parecia ter confiança no rapaz, como se confiasse nele por algum motivo - Um grupo de semideuses criado em tempos... difíceis, para lidar com o que outros semideuses não estavam conseguindo. É curioso. Só de você entrar neste prédio, já prova alguma coisa. Não acredito em coincidências. Me chamo Connor, sou o comandante. - O menino voltou a caminhar na direção da mesa, esgueirando-se para subir na sua cadeira adaptada. - Você nos deu muitas perguntas e eu respondi parte delas. Mas eu suponho primeiro que queira mudar o final dessa história, se for realmente uma visão do futuro. Mas vai ter que estar disposto. Como podemos confiar em você? -

-Primeiramente vocês não podem confiar em mim, eu mal conheço vocês e confiança é algo que se adquire com o tempo mas acho que vocês pode confiar na minha motivação de não ser morto.

Vou caminhando até a mesa onde eles estavam e tento perceber se há alguma pista, mapa ou qualquer coisa que indique de onde viria o ataque.

-Vocês sabem quem irá fazer esses ataques? Quando? Sabe sua motivação? Se todos os sonhos em comum levam a eu morto então quer dizer que tem algo a ver comigo.

Penso então em como seria fácil alguém daquele morte me matar, eu era fraco e tudo que eu tinha era um pensamento mais apurado e uma espada afiada.

Os estrategistas encaram o menino enquanto ele argumenta que estava querendo proteger a sua vida. Viktor se aproxima mais um pouco e passa os olhos pela mesa, identificando o que parecia um mapa do acampamento feito à mão. Haviam alguns pontos circulados e marcados em vermelho. As anotações eram feitas por uma letra horrível, indecifráveis à distância que o legionário estava. Ele fita a criança comandante, percebendo que Connor dava um sorriso de canto de rosto, talvez notando as olhadelas do rapaz para a mesa.

- O homem que estava do seu lado na cena é nossa única pista. Já estamos há algumas semanas tentando descobrir se ele é um semideus. Contaríamos para os pretores, mas Branyack diz ter recebido uma visita do próprio titã Céos em seu sonho, alertando-nos para não confiar neles. - Se remexeu na cadeira, cerrando os olhos para o menino da camisa laranja, aparentemente era ele a quem se referia. Seryy lamentou ter assistido tudo atrás da porta, não conseguindo visualizar ao certo o rosto do rapaz que talvez tivesse o matado.
- Na cena dá pra ver o seu rosto e idealizar qual seria sua altura, mas não temos mais que isso. Achávamos que estávamos procurando no lugar errado até recebermos hoje a informação de que ele foi visto recolhendo assinaturas em Nova Roma afirmando que é um universitário. - Connor se levantou e pegou um dos papéis coberto por garranchos e tomando um gole de uma taça de um líquido vermelho. Todos fizeram o mesmo, exceto o de camisa laranja - Mudança de planos. Branyack, você fica. Eu vou com Viktor. -
Connor conseguira conversar com Lorenzo e fazê-lo entender que era um assunto de urgência. Os estrategistas saíram em duplas, exceto Branyack que permanecera cuidando do prédio. Não fazia sentido que a criança tivesse deixado um membro de seu grupo para trás somente para lhe dar a oportunidade de partir em missão. Mesmo assim, lá estavam eles, passeando pelas ruas de Nova roma. Parecia como uma cidade comum à certa proporção. Haviam algumas lojas e vendedores. Crianças corriam de um lado para o outro brincando junto aos seus pais. Para um grego era surreal ver algo daquele tipo, semideuses vivendo uma vida normal sem monstros. Eles estavam cobrindo uma rota que ligava à universidade com a Mess. - Jake disse que o viu de camisa verde e gorro cinza. Fique atento -

Sigo Connor pelas avenidas da cidade, eu acho que eles não estavam dando tanta atenção a esse assunto como deveria, afinal de contas, era eu que morria naquela "visão" e fosse ele já teríamos o exercito procurando nas ruas.

-Não seria melhor pedir ajudar dos Gregos? -Pergunto para o pequeno. -Ou sei lá, colocar mais gente para achar esse futuro meliante? Afinal ele meio que irá destruir o nosso acampamento... Isso não é meio que... urgente?

Fico atento a todo mundo que estivesse de camiseta verde, eu estava com mais medo do que normalmente tinha então eu fico virando a cabeça para os lados toda hora tentando encontrar o desgraçado, pode ser que isso me faça parecer suspeito mas eu não ligo muito, só quero o encontrar.

A todo momento eu mantenho a mão no cabo da espada para sacá-la de imediato caso eu veja o homem que irá me matar.

O indefinido questiona se não seria mais eficiente pedir ajuda aos gregos ou para outros semideuses e a criança franze os lábios, como se ele tivesse tocado em um ponto delicado.
- Branyack tem recebido alguns sinais. Não podemos confiar em ninguém e isso vem me incomodando há alguns dias. Mas se você conseguiu entrar lá, talvez... - Parou, estendendo a mão e colocando na barriga do rapaz, como se fizesse sinal para parar de se mover. Cerca de 15m adiante, um menino de gorro cinza saía de um apartamento, usando uma camisa verde com o símbolo da banda Pink Floyd. Tinha quase 1,80 de altura e o físico de um jogador de futebol americano, com peitoral largo e bíceps saltante. Tinha uma pele clara como papel, sem qualquer mancha no rosto. Ele tapeou os bolsos e fechou a porta do lugar, seguindo seu caminho na direção contrária à dos rapazes. Nenhum deles havia sido visto. Viktor sacou sua espada e Connor parecia pensativo. A criança caminhou a passos largos, mas com a mente distante. Ao chegarem em frente ao apartamento, perceberam ser um imóvel bem desgastado. Estava com os tijolos e cimento ainda a mostra, não havendo qualquer pintura. O portão era metálico e só havia a entrada para se colocar a chave. Mais adiante, o rapaz estava para dobrar uma rua a sua esquerda.

- Segue ou arromba - Disse Connor fitando a porta. O menino passa os dedos pela sua testa, cerrando os olhos, como se estivesse sentindo uma enxaqueca forte. Ele parecia aguardar para que o garoto tomasse a decisão.