Enzo não perdeu tempo. Manipulando a névoa, o rapaz fez com que os mortais enxergassem cavalos de brinquedo, o que por alguns segundos não fez sentido nenhum, até que eles começaram a aceitar aquilo com boas risadas. As crianças se afastavam e alguns caíam no choro só de encarar a figura bizarra na cabeça dos pôneis. Após repreender os que falavam mal da sua noiva, e lançar um pedido a Dite que certamente o faria dormir no sofá mais tarde,  o filho de Apolo sacou sua lira e começou uma melodia junto ao gordão no palco, que sem pestanejar se empolga com a melodia do rapaz. A música de ambos fez praticamente todos os mortais pararem o que estavam fazendo e caírem na dança. Somado ao efeito da névoa, eles literalmente não ligavam para o fato de repentinamente aparecerem dois pôneis de brinquedo no meio do local.

Quando a música acabou, Dite se tornou a estrela. Fazendo o queixo de boa parte dos homens e mulheres caírem só de encará-los, a filha de Afrodite se pôs a falar e até os mais exigentes em relação à vestimentas se colocaram em fila para trocar suas roupas. O capitão desleixado fitou seu tanquinho, talvez agora se tocando que precisava, além de tomar um banho, se trajar apropriadamente. Curiosamente, ele caminhou até os campistas, entregando-lhe uma chave. Apesar de ter uma aparência extremamente desleixada, agora eram perceptíveis algumas cicatrizes espalhadas na região da sua cintura, talvez ferimentos de lâminas. Sua voz parecia tranquila, mas o olhar... era como se Enzo estivessem olhando um veterano de guerra. Alguém tão inteligente quanto Leonardo e ao mesmo tempo aterrorizante quanto Criptoniano.


- Esse é o quarto de vocês. Sigam a direita por aqui e vão encontrar um corredor com algumas portas, ao final tem a escada. O quarto de vocês é no andar superior. - Apontou, saindo em seguida dando um tapinha no ombro do campeão. Com seu radar emocional, Dite percebia que havia algo de diferente nele. Talvez não fôsse um monstro, mas era como se suas palavras não tivessem o afetado com tanta propriedade, como se ele tivesse tomado a decisão de se trocar por conta própria. Talvez fôsse apenas impressão, afinal, o CHA dessa mina é absurdo nenhum mortal teria condições de resistir a uma só palavra da semideusa. Em um minuto, não havia mais ninguém ali a não ser Dite, Enzo e os pégasos. Alguns membros da tripulação que não haviam ficado para assistir o show, não tinham ouvido o discurso da sacerdotisa. E não compreendiam como o barco ainda não havia partido. Provavelmente, parte da tripulação estaria esperando o chamado de Dite para interromperem sua longa soneca.

Vejo que rapidamente os hóspedes seguem seu caminho, exceto o capitão. Apesar de exalar uma aura mortal, ele de alguma forma emanava uma diferente das que eram convencionais naquele barco. Percebo as cicatrizes e uma pergunta se passa por minha mente... Seria ele um semideus? Ou até mesmo filho de um? Isso certamente explicaria bastante coisa, mas já que Enzo estava bravinho com isso deixo ele conversar com o capitão.

- Muito obrigada. - Digo pegando a chave de sua mão e sorrindo, saindo do local em seguida e indo atrás do resto da tripulação que tocaria o navio, conversando tranquilamente com eles como se nada tivesse acontecido e os guiando pessoalmente se fosse necessário até a cabine de navegação, espero assim: até o momento em que o barco estivesse em movimento para voltar até o convés onde Enzo havia ficado com o capitão.

Dite se aproxima quando é apresentada por Enzo e se desculpa pelo feito, mas o capitão lhe devolve um sorriso e uma leve risada. Ele não parecia ter ficado nem um pouco ofendido ou até mesmo preocupado.

- Não se preocupe, senhorita. Já já ligaremos as defesas. Se fôssemos partir assim, certamente não sobreviveríamos tanto no ramo - Diz o capitão, voltando-se para Enzo. Os garotos ficaram um pouco confusos com a explicação. Defesas?

- Ah. Eu sempre fui o excluído no acampamento. Aaron, Leonardo. Sempre o centro. Eu quase nunca estava no acampamento, porque sempre partia em missões longas. Diferente dos meus irmãos, eu sempre acabava demorando o dobro ou o triplo de tempo para terminar as tarefas. Quando houve aquilo com os egípcios, me mandaram para cá. Esse navio é um navio de pesquisa e observação. O que foi me dito é que eles acreditam que nem todos os deuses foram expulsos. Alguns se esconderam de todos. Enfraquecidos, mas profundamente irritados. Existem outros como eu, mas a nossa missão é garantir que tudo ocorra bem. Mesmo que... bom, você sabe. Semideuses longe do acampamento não costumam viver muito. Eu já tenho 25 anos, sou um idoso para nossa espécie. - O capitão caminhou até próximo a extremidade do palco, fitando as águas enquanto eles avançavam, como se soubesse que algo fosse ocorrer. E de fato ocorrera.

Uma fina camada de energia começou a se formar, como se uma casca ao redor do navio. Em menos de 1 minuto, havia uma enorme barreira ao redor do R.V Amoeba, talvez não tão robusta quanto a do acampamento, mas certamente fizera com que eles se sentissem mais seguros.

- A barreira também ajuda a disseminar o nosso cheiro. Na maior parte das vezes funciona bem. Se estão indo ao mar de monstros, posso deixar vocês em Miami. Não posso guiá-los além disso, meu destino é outro. Gostaria de ficar aqui e contar algumas histórias sobre as minhas aventuras sim, Fred - Ele levou as mãos até a cintura, acariciando uma das cicatrizes com o olhar distante, como se lembrasse bem de como tinha ganho aqueles ferimentos. Percebendo que os dois meio-sangues o encaravam, ele voltou a falar [b]- Mas tenho trabalho a fazer. Pro que precisarem de mim, estarei na cabine. Peço que vão aos seus quartos - Com um breve aceno, Jameel se despede dos garotos, deixando-os a sós com a barreira. Com sorte, os semideuses teriam uma viagem tranquila. A essa altura, não havia mais como dar para trás. Estavam presos ao R.V Amoeba até chegarem a Flórida.

Rodada interpretativa. Estão sozinhos, fiquem à vontade para terem uma DR e em seguida irem para vosso quarto.