Os filhos de Hécate se agitam em volta, murmurando sobre o que seriam as auras que se aproximavam velozmente pela floresta. Eles escutam o chamado de Nathan e sedividem, uma parte ficando ali para defender e outra indo em direção ao bosque.

Aos poucos os semideuses dos demais chalés começam a perceber que havia algo de errado e saiam com armas em punho. Enzo dispara em direção à floresta depois de passar em seu chalé, acompanhando os outros filho de Hécate e acompanhado e alguns filhos de Apolo. Ele vê, acima da copa das árvores, o brilho de explosões e árvores tombando.

Nathan viaja pelas sombras. Metros e metros se passam enquanto ele adentra na floresta perseguindo as assinaturas mágicas estranhas. Ele sente que se aproxima e então... BUM!
Uma forte luz o lança para fora das sombras. Um calor infernal cobre o garoto enquanto ele rola pelo chão da floresta. Se não fosse um mago de luz, teria ficado ofuscado pela luz das chamas que se espalham. Ele ergue a cabeça para ver dezenas de linhas de luz despencando do céu como raios solares, explodindo contra o chão da floresta. Correndo em meio às explosões uma besta enorme passa desenfrada. O garoto ouve rugidos, silvos e gritos de animais distintos, como se uma manada inteira estivesse passando ali. Uma forte aura monstruosa e aberrante emanava desta criatura, cujo corpo ele não consegue ver perfeitamente.

Mais à frente, já passado por ele, ele sente a aura mística e divina que havia sentido. Pura energia lunar emanava dela, mas havia outra presença ali. Uma presença que ele conhecia... Energia do Sol e da Lua unidas em uma única entidade, mas ele não sentia nela a mesma intensidade que sentia na tenente das caçadoras. O mago está levemente atordoado por ter sido expulso das sombras e pela opressão das auras. O fogo ao redor o deixa confuso, sobretudo sendo chama solar, que pinicam sua pele como se ele estivesse sendo tocado pelo fogo. Ele ergue a mão e uma onda de telecinese percorre abrindo caminho entre as chamas e acertando o monstro em cheio em sua lateral. O garoto vê algo que parece um leão em meio às chamas, mas dezenas de rugidos respondem ao impacto de sua magia. O corpo da criatura tomba mas com velocidade de um gato se ergue e continua correndo.  

Destruição se segue pela floresta. Ninfas gritam e sátiros correm ajudando-as enquanto a besta persegue sua presa. Um grupo de semideuses já se reunia na borda da floresta. Uma presença estranha se aproxima... Pesada, mas sem ser opressiva. Eles observam enquanto uma luz prateada surge entre as árvores. Os troncos e galhos se movem como se estivessem sendo empurrados, mas logo eles percebem que na verdade o próprio bosque estava abrindo passagem para o que vinha a seguir; uma criatura tão bela que deixaria o pavão no chalé 2 no chinelo. Graciosa e ágil uma corça salta sobre os semideuses. Uma luz prateada emana de seu corpo, ofuscando-os por um momento. Todos parecem arrebatados pela pureza daquela criatura, mas logo são trazidos de volta à realidade.

Com um grito de desafio uma segunda criatura salta pra fora das árvores. Uma garota em uma capa negra como a noite. Um arco de ouro brilha em suas mãos, e dele flechas de luz prateada são lançadas com velocidade estonteante. A garota salta por cima do círculo de proteção como uma criança saltaria um castelo de legos, e cai ao lado da corça com o arco erguido.

- SAIAM! - Grita a garota, olhando surpresa pros semideuses.

Então, as árvores são arrancadas do chão quando uma besta enorme surge no encalço da caçadora e do animal. O som de madeira quebrando é ensurdecedor, e os semideuses mais próximos caem atingidos por destroços.

Spoiler:

A criatura tem 5m até sua cernelha. As cabeças de leões, tigres, ursos, gatos, lagartos e diferentes aves se projetam de sua enorme juba, como se todos os animais do zoológico tivessem sido comprimidos naquela única criatura aberrante. Flechas prateadas, douradas e de luz estavam cravadas em dezenas de pontos do monstro. Seu pelo estava em chamas em alguns lugares e cobertos de gelo em outros, mas ele parecia ignorar. O monstro ruge, suas cabeças rosnando e silvando para todos ao redor, mas a central mantinha os olhos fixos na corça ao lado da garota. A fera parte com um urro em direção a ela, suas cabeças tentando morder os tolos a se aproximar.

Enzo está a 10m da fera e a 10 da garota com a corça. Ele não consegue identificá-la pois estava coberta por uma capa que parecia feita de Sombras, mas a voz parece familiar. Nathan está na floresta, seguindo o monstro correndo embora levemente enfraquecido e ardido pela luz do fogo, mas aos poucos recobra a força normal enquanto o escuro da floresta sobre o fogo lá atrás.

Apesar de estarem surpresos os presentes ainda eram semideuses, e logo começam a reagir às ameaças mais imediatas. Água surge para engolfar as árvores e conter o fogo. Filhos de Deméter afastavam os galhos e as moitas do fogo para impedir que se alastrasse mais ainda. Os guardas, primeiros a chegar, formavam uma linha defensiva de escudos e espadas para conter a fera.

Enzo coordena alguns de seus irmãos e os outros que estavam mais dispersos. Flechas voam contra a criatura mas uma boa parte delas apenas bate no couro e cai, sem conseguir penetrar a espessa camada de pelos e o couro duro. outras tantas ficam fincadas, deixando-o com a aparência de um porco espinho.

Metade das flechas parecem ter sido disparadas pelo próprio Enzo. O guri ergue o arco e dispara uma rápida sucessão de flechas que se fincam em diferentes pontos do monstro. A primeira flecha atirada, carregada com uma maldição, afeta a cabeça de urso à qual se fincou. A fera sozinha começa a fazer movimentos inesperados, chegando a morder o corpo maior ao qual estava grudado quando tentou morder um dos guardas. O monstro varre uma fileira de guardas e se prepara para saltar sobre o fundo da formação onde estava a caçadora com a corça, mas quando faz menção de pular ele estaca em pleno ar, preso por um enorme pentagrama sob seus pés.

Enquanto flechas, pelo e semideuses voam na entrada do bosque, Nathan se aproxima. Ele tenta falar com o monstro usando seu charme, mas o barulho da batalha era alto demais para que sua voz sequer chegasse até o monstro. Duas ou três cabeças parecem ouvi-lo e virarem-se para ele, mas árvores tombando, foco crepitando, dezenas de feras rugindo, semideuses gritando e metal se chocando impediram que o corpo principal ou sequer outra parte das cabeças fossem afetados. O filho de Hécate então saca seu chicote. O oricalco reluz no ar e abre um grande talho no lombo da fera, que solta um rugido ensurdecedor e empina nas patas traseiras.

- ...-elas de vez! Todas de vez! - Enzo e Nathan ouvem com suas audições aguçadas a caçadora com arco gritar entre os sons da batalha - Faça-o abrir a boca de novo! arqueiros, mirem em todas as cabeças!

Nathan vê o ferimento no lombo do animal sangrar menos do que deveria. A energia vermelha dentro dele parecia dominar sua mente e seu corpo, e dar-lhe forças pra continuar lutando mesmo com aquele largo corte na lateral do corpo. Seu chicote está coberto por aquele sangue, do qual ele sente um cheiro forte de animal. Algumas das cabeças da fera avistam o garoto com seus olhos vermelhos tão incandescentes quanto os do próprio vampiro. Ágil como o chicote do garoto, a cauda do monstro balança derrubando árvores e atingindo Nathan no peito, mandando-o voando de encontro a uma árvore. O garoto sente o peito dolorido e se ainda precisasse de oxigênio sabia que estaria com falta de ar, mas graças à sua natureza e à noite (e por ter mais CON que o Lorenzo), ainda pode mover-se.