Minha vida no acampamento tem sido extremamente agitada e é muito difícil me encontrar sem estar fazendo nada. Primeiro, começo o dia me enchendo ainda mais de conhecimentos sobre magia. Por conta da minha vida caótica no mundo mortal, sempre achei ridícula essa coisa toda de "contos de fadas" e "felizes para sempre", então nunca imaginei que poderia me interessar por algo tão irreal e ao mesmo tempo tão concreto: a magia. Depois, com o passar das horas eu vou revezando entre aulas de combate e mais estudos de magia. Eu queria muito poder conhecer minha mãe um dia...

Percebi que adoro sair em missões e colocar todo meu conhecimento (ainda em construção) em prática. Nada melhor do que situações reais para melhorar nosso desenvolvimento e raciocínio, não é mesmo? Chego a casa grande e recebo as felicitações de Quíron com orgulho. Eu tenho trabalhado demais para fazer o meu melhor e ser reconhecida por isso é fantástico. Ainda me sinto um pouco rancorosa da última missão porque não terminei do jeito que gostaria... e minha intuição me dizia que tinha alguma coisa a ver com aquela filha de Apolo. Ela tinha uma aura muito amigável e muito doce, talvez ela tenha colocado algum efeito em mim para evitar minha vingança? Nunca saberei, mas não confiarei mais nela. Posso ter mudado muito depois de ter chegado ao acampamento, mas ainda continuo sendo uma pessoa rancorosa e desconfiada.

Olho para a carta que Quíron me mostra e comento em voz alta enquanto observo as fotos:

- Se nem os filhos de Dionísio e nem os filhos de Deméter identificaram causas naturais que expliquem esse feito, então é bem provável que tenha magia envolvida mesmo. - Pego a foto dos morangos murchos e pequeninos e olho bem de pertinho. - A cor dos morangos me parece muito familiar... pode ser que eu tenha lido sobre isso em algum lugar, mas preciso ir ao local para ter certeza. Para onde devo ir?

Equipamentos:

Quando observo as pegadas do animal quadrúpede que supostamente esteve perto da plantação de morangos, o primeiro instinto que me vem a mente é seguir a trilha. Porém, decido fazer umas pesquisas antes de partir para a ação de fato. Seguro os dois exemplares de morango com a mão esquerda (com medo que acabassem sendo amassados ou estragados pelo meu bolso da calça) e sigo para a biblioteca da casa grande, algo me diz que eu realmente já vi isso em algum lugar. Não costumo ler sobre encantamentos que podem afetar alimentos, mas lembro de ter visto algo relacionado a maldição. Antes de tomar qualquer decisão preciso saber com o que eu estou lidando, pois se tem algo que eu aprendi com magia é que as aparências REALMENTE enganam. Em uma primeira vista pode ser que não pareça algo sério, mas quando entendemos o que foi feito talvez possa ser tarde demais para evitar uma fatalidade.

Chego na biblioteca e procuro algum responsável na esperança de que saiba me informar qual seria o melhor material para iniciar minhas pesquisas.

- Alô, tem alguém por aqui?

- Olá, Arlequino. Na verdade eu vim atrás de algum exemplar que possa me ajudar a estudar maldições ou qualquer coisa relacionada a plantações amaldiçoadas.

Observo o sátiro com uma certa desconfiança e julgando se ele realmente pode me ajudar com o que procuro. Mangás? Doramas? Ele acha que só por que sou asiática eu devo consumir esse tipo de conteúdo? Não gostei muito disso, mas preciso do seu conhecimento sobre a biblioteca para conseguir algo que me ajude a lembrar o que pode ter causado esses problemas aos morangos.

Certo... Não sei se isso se aplica ao caso dos morangos. De qualquer forma, acho melhor levar o livro para fazer mais algumas consultas mais tarde, vai que tem algo útil que eu esteja deixando passar?

Fecho o livro e decido voltar ao local de início da missão para avaliar as pegadas que encontrei.

- Não sei se isto vai ajudar a resolver o problema, mas obrigada de qualquer forma Arlequino. Posso levar este exemplar para consulta?

Meu... Deus... Ele comeu a folha??? Quando eu acho que nada pode ficar mais bizarro sempre acontece alguma coisa mais esquisita ainda.

- O-obrigada. - Agradeço ao sátiro e me retiro em direção a plantação de morangos.

Assim que chego, analiso novamente os exemplares dos morangos que estavam em minhas mãos e cheiro, na esperança de ver mais alguma dica do que pode estar errado. Em seguida eu olho para as pegadas no chão e decido seguir o caminho que o suporto ator do crime fez.