Eu e Adam, um filho de Atena, tínhamos regressado do Monte Santa Helena fazia já alguns dias. Sentia que aprendia mais todos os dias mas aquela expedição trouxe algo dentro de mim mais acima. O presente do meu pai no fim da missão, as lições que o tampinha filho de Atena me ensinara ao longo da missão e, por mais assustador que parecesse, a vontade de combater e provar o meu valor tornaram aqueles dias que se seguiram algo interessantes no acampamento. Tinha ganho uma perspectiva nova de toda aquela situação de ser um semideus.

 Uma das primeiras coisas que fiz quando regressei ao acampamento, foi enviar a maldita carta para Trieste, tal como tinha dito que queria fazer em Washington, porém após olhar para a parte branca onde devia escrever quis colocar tanta coisa ao mesmo tempo. As letras embaralhavam-se sempre que a caneta pousava no papel e acabei apenas por deixar em letras tortas: 

A vida pacata do acampamentos continuava não sendo do meu agrado, dos banheiros compartilhados até a total falta de privacidade para dormir, sentia falta do meu quarto, da minha liberdade e de usar meus cartões de crédito... Ainda não sabia em qual parte da vida eu tinha errado para vir parar em um acampamento, quanto mais um acampamento que não aceita cartão, em pleno século 21!!!!!!! em um mundo até onde mendigos tem máquina de cartão!!! eu estava presa a um lugar aonde eu precisava contar moedas para comprar uma poção, oh vida cruel era o fim do mundo.
Bom na verdade eu sabia muito bem o que eu tinha feito de errado exceto que não foi um erro meu e nem uma escolha minha, nascer filha de uma deusa, uma bela deusa porém uma deusa que nunca se deu trabalho de me conhecer e tinha outros 300 filhos ali no acampamento, eram sentimentos complicados de tristeza, angustia, abandono que se intensificavam a cada dia a mais que passava no acampamento. Bom, quero dizer, talvez eu esteja dramatizando um pouco tudo isso, mas afinal de contas eu sou apenas uma jovem garota... uma jovem garota arrancada de uma vida de luxo para uma vida perigosa, cheia de obstaculos, beirando a pobreza, a quase escr...

Volto a mim quando percebo alguém falar meu nome, ah é verdade eu estava conversando com o pocóto esquesito ele tinha outra missão para mim, a explicação dele estava tão tediosa que não faço ideia de quando eu parei de ouvir e me perdi nos meus prósprios pensamentos, será que perdi alguma informação importante? talvez? e esses 300 dólares? era pro que mesmo? isso não compra nem um batom, bom que seja, sorrie e acene.

Sorrio para o Quiron de forma charmosa com convicção, nada de errado por aqui ouvi tudinho sim senhor e guardo os 300 dolares. Sinto alguém me encarar e encaro de volta quando o ouço dizer:

-- Perdão, me desculpa eu não queria ficar a olhar para você daquele jeito... Me chamo Argus, filho de Zeus. Parece que vamos caçar minotauros, não é mesmo... - Oh então vamos caçar minotauros, onde mesmo? Manhattan? espero que o garoto seja forte fiz minhas unhas ontem a noite não queria ter que manejar o chicote.

-- Tu é filha de Afrodite, não? - ao ouvir isso encaro o garoto um pouco perplexa mas sem deixar transparecer, a esse ponto estava tão entediada com os acontecimentos da manhã e a conversa com o quiron que acabo decidindo me divertir um pouco ás custas do garoto.

-- Eu??? filha de afrodite? fico lhisonjeada com o elogio - falo com a maior naturalidade do mundo sorrindo para o garoto.
-- Na verdade sou filha de Demeter, consegue sentir o cheiro de flores? sou apaixonada por elas, me chamo Scarlett - dou uma piscadela para o garoto e vou me dirigindo a saída.

Essa seria minha primeira missão fora do acampamento de fato, não sabia o quão experiente Argus é, talvez seja mais seguro comprar alguns mantimentos antes de irmos, se conseguirmos mais algumas informações seria ótimo, por onde começar? talvez os mantimentos?

-- Bom Argus filho de zeus, eu preciso comprar alguns mantimentos antes de irmos, agradeço se vier comigo assim não nos perdemos um do outro - digo e vou em direção as lojas com convicção de que o garoto virá comigo.

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Perfume do Amor: O filho de Afrodite emana um perfume natural adocicado, todos aqueles que sentirem esse aroma e tiverem intenções negativas para com o filho de Afrodite terão seus atributos reduzidos em 15%. Só da para sentir o perfume a menos de 1 metro do filho de Afrodite.
Dissimulador: Os filhos de Afrodite possuem total controle sobre suas emoções e conseguem escondê-las dos demais, tendo maior facilidade para mentir e dissimular seus pensamentos e sentimentos.

Equipamentos:

Parece que estava errado, afinal era uma filha de Demeter, porém não pude deixar de concordar que o cheiro a flores se fazia sentir. Fiquei um bocado confuso com a informação que me acabava de ser revelada, não me lembro de, apesar de conhecer poucos, os filhos da deusa da colheita e agricultura terem um cheiro característico a rosas. Talvez milho torrado e por vezes adubo, quando passavam muito tempo nas plantações, mas não me lembro de nenhum cheirar a lírio, ou tulipa ou qualquer outra coisa com odor semelhante. Não conheço flores. Afastei o pensamento e tentei voltar a focar-me na conversa.

 Precisávamos ir buscar mantimentos? Sim, provavelmente. Quer dizer eu ainda não tinha necessitado comprar nenhuma poção nem nada do gênero. Geralmente a dor e cansaço só se revelam a mim depois da batalha. Algures, ouvi dizer que adrenalina servia como anestesiador natural, então talvez eu só sentir os cortes e pancadas se devesse ao simples motivo de eu ser um cabeça de vento, que se diverte demasiado a combater. Era uma missão em Manhattan, devia ser rápido, talvez não fosse necessário muita cura e com a filha de Demeter no grupo, talvez fosse capaz de inventar um curativo forçado em campo.

 Enquanto a moça fazia as suas compras decidi que seria a altura perfeita para enviar a minha carta inacabada. Puxei do papel amarrotado que tinha ficado no meu bolso durante uns dias e passei os dedos nas palavras que tinha escrito. Porque é que iria enviar a carta agora? Não sei, mas mais valia agora enquanto estava no acampamento porque se não alguém ia me chamar de louco se eu quisesse usar o correio dos mortais. Suspirei mais uma vez. Ainda não sabia o que acrescentar. Talvez não fosse necessário acrescentar mais nada. 

 Segundo Quíron Hermes em pessoa podia comprar um envelope de Hermes e pedir para enviar de maneira instantânea para qualquer lugar do mundo, por o valor de 10 dracmas.  Então devido fazer exatamente isso e após pagar o que devia, peço para enviar a carta para Trieste, para a casa da minha família.

 Ao ver o papel embrulhado dentro do envelope a ser levado endireito as costas como é costume e vou em busca da filha de Demeter. Provavelmente ainda estaria a comprar poções, eu não acho que tenha demorado muito a enviar a carta. Quando a encontro começo o diálogo habitual pré-missão:

 - Eu ainda não tenho meu equipamento. Vou buscar o que necessito ao meu Chalé. Tente estar no topo da colina dentro de 10 minutos. - e sigo, como disse, para o Chalé de Zeus para buscar tudo o que poderia precisar.

Inventário:

Nível 1 – Imponência de líder: De longe, são notáveis. De perto, são respeitáveis. Os filhos de Zeus são muito imponentes e sua presença de espírito emana muita segurança, isso faz com que suas palavras sejam ouvidas e consideradas com frequência. A força dessa habilidade é equivalente ao Nível do personagem.

Nível 6 – Físico de Zeus: Na mitologia, Zeus foi o maior galã de que se tem conhecimento. Seus filhos herdam do pai um charme incomum e um físico de dar inveja, que junto com sua postura e imponência naturais lhe concedem uma beleza atemporal que pode facilmente deixar outras pessoas atraídas por ele, especialmente mortais.
(Esta é só pelo meme)

Comprei 2 poções com muita dor no coração, nunca na vida imaginei olhar para algo e achar caro, que situação desagradavel, então é assim que os pobres vivem? que deselegante.

Finalizo minhas compras muito rápidamente pois não tinha muito para gastar. Me viro para falar com o filho de zeus que por sua hora parecia perdido nos própios assuntos, na intenção de perguntar sua opinião mas ele acaba sendo mais rápido do que eu.

-- Eu ainda não tenho meu equipamento. Vou buscar o que necessito ao meu Chalé. Tente estar no topo da colina dentro de 10 minutos. - ouço ele dizer e olho pra ele com cara de paisagem, não tinha nenhum motivo pra gente se separar ali não é como se eu tivesse outra coisa para fazer.

Antes que ele possa sair o paro e digo:

-- Não vejo porque, já acabei aqui te acompanho até seu chalé e de lá podemos ir ao monte juntos - digo despreocupada ignorando sua 'sugestão' e o sigo.
-- Sobre Manhattan, você tem alguma sugestão para irmos até lá? estou acostumada a usar o uber mas não podemos usar o celular - pergunto com sinceridade enquanto caminhamos até o chalé, afinal era a primeira vez que saia do acampamento em uma missão e sair andando sem rumo não era nada inteligente, esperava que ele tivesse mais ideias que eu.

Caso não tenha mais nenhuma interação chegando no chalé, espero do lado de fora e depois vou junto com ele para o monte ou sei lá.

Equipamentos att:

A moça foi mais rápido do que antecipei e decidiu acompanhar-me até ao Chalé. Foi uma situação um pouco constrangedora para mim. Depois de enfrentar cães infernais e descer uma avalanche em cima de um escudo estava nervoso por ter a menina perto de mim (?) E porquê? Porque cheirava bem e surpreendentemente não seguia as minhas indicações como os outros faziam? O que havia de errado comigo?! 

 Tentei abstrair-me de tais ideias e focar em obter o meu equipamento. Não me esquecendo das luvas... Até que ela me chega a perguntar como iriamos para Manhattan. Bem a resposta era simples, apanhávamos um táxi. Por isso é que eu queria que nos encontrássemos no topo da colina, ficava mais fácil a partir de lá. E que cazzo era um Uber? Decidi não ser bruto com a minha resposta. 

 - Bem, podemos sempre chamar o táxi das irmãs cinzentas. É uma experiência... Peculiar... - Lembrei os odores contrastantes com o cheiro da filha de Demeter e um arrepio correu a minha espinha - Mas é o método mais rápido e seguro para nos deslocarmos na área de Nova Iorque sendo semideuses. 

 Não sabia se havia de continuar a explicação. Mas após uns momentos lá decidi debitar tudo:

 - Podemos atirar um dracma ao chão e elas aparecem, mas como são "monstros" temos de o fazer do lado de fora, dai eu querer ir para a colina depois de me equipar... Mas pronto, agora você veio comigo até ao Chalé 1... - Queria chamar pelo nome da menina mas cheguei à conclusão que nem sequer o sabia - Aliás qual o seu nome? Acho que não chegou a se apresentar direito.

-- Aliás qual o seu nome? Acho que não chegou a se apresentar direito. - Olho pra ele incredúla, tenho certeza que Quiron já tinha dito o meu nome, e eu também já tinha me apresentado mais cedo, mas resolvo ignorar o fato, ás vezes ele só era mais lerdo do que pessoas normais, não queria ser má com alguém que aparentava ser mais novo que eu.

-- Como disse mais cedo, pode me chamar de Scarlett - dou um sorriso.
-- Sobre nosso transporte deixo você fazer as honras então, por mais peculiar que possa ser o importante é nossa segurança, guie o caminho. - faço um sinal com a mão indicando que ele vá na frente e o sigo.

Um táxi dirigido por algum estilo de monstro? acho que já li algo parecido em algum lugar apesar de que era algo um pouco diferente, dou de ombros, mas guardo a informação para posterioridade, o importante é que tinhamos uma maneira segura de chegar até a cidade.

Scarlett pediu que indicasse o caminho e assim o fiz. Dirigido à colina e acompanhado pela filha de Demeter. Chegado ao cume tentei relembrar as palavras que o meu meio irmão me tinha ensinado da primeira vez que tinha saído do acampamento. 

 - Stetis, hárma diabolicus?... Não calma... - sussurrei com o dracma junto da face. 

 Tentei retraçar as imagens de Gustav na minha cabeça mas com Scarlett perto de mim a minha memória ficava embaciada. Che cazzo! Tentei ignorar o cheiro a rosas ao ganhar algum espaço de distância da moça. O problema devia ser mesmo o bom odor porque mal me afastei tudo veio ao de cima rapidamente: 

 -  Stêthi, Ô hárma diabolês! - e joguei o dracma no chão.

 Eu realmente estava a perder a paciência com aquele cheiro, mas o meu problema em breve haveria de se resolver pois as irmãs cinzentas não tinha propriamente o melhor perfume natural. Soltei um sorriso torto e estalei o nós dos dedos. Mais uma missão prestes a começar, mais diversão para mim.

A viagem tinha sido turbulenta como o normal e tal qual eu previ os cheiro a podridão não era agradável. Porém a informação que as irmãs largaram foi algo bastante peculiar. Já estava à espera que me insultassem ou chamassem de "proibido", mas não esperava que um filha de Demeter fosse uma modelo. Aliás, porque haveriam as irmãs de comentar sobre a profissão da menina e comentar sobre o meu pai divino? Algo me estava a escapar e estava a sentir-me cada vez mais ignorante. Deixei esses pensamentos de lado e me foquei na tarefa em mãos. Independentemente de quem fosse a menina ela era minha aliada no momento e eu precisava de a ajudar a terminar a sua missão. 

 Pelo que sei meu cheiro como semideus poderia atrair os minotauros ao meu encontro com maior facilidade, mas antes de ter de me preocupar com um combate em plena "Big Apple" queria a minha delicia pessoal.

 - Scarlett, desculpa incomodar, mas você poderia me emprestar algum do dinheiro que Quíron deu para a missão? Eu queria comprar uma coisa que só tem aqui em Nova Iorque... - Tentei pedir com a maior delicadeza e tentando omitir a minha vontade de comer um cachorro quente.