- Tudo bem minha querida! Eu não sou uma deusa para ser extremamente conhecida. – Hécate responde à Meridia em tom paciente e cativante. – Eu e meu amigo somos filhos da primeira noite, não possuímos essa natureza luminosa de seu pai. Somos voltados para a escuridão e por isso ouvimos as suas preces escuras e cheias de lamentações. Nós estamos sempre de ouvidos atentos as desgraças que ocorrem no mundo para poder ajudar aos necessitados.
Aquele discurso fez um frio crescer pelo corpo de Meridia que não entendia o real motivo daquilo. Tânatos não abre a boca, somente fica parado ao lado de Hécate analisando a garota.
- Estamos aqui para oferecer a cura, temporária, para o seu irmão. Ele se livrará de toda e qualquer doença que a aflige a ele e a sua família por um ano. Farei com que minhas irmãs, as Parcas mudem o seu destino de morte por doença, para que você tenham um ano feliz. Entretanto, a um preço a ser pago.
O coração de Meridia deu uma pequena palpitada, por trás de seu pano ela sentiu a respiração ficar lenta e pesada. Aquilo era o que o garota sempre quis, viver feliz ao lado de seu irmão e ela estava disposta a pagar o preço, qualquer que fosse...
- Não queremos sua alma. – Foi a vez de Tãnatos falar, sua voz era grave. – Queremos a sua luz. Se você aceitar o preço você não será como todos os filhos de seu pai, seus poderes de cura não funcionaram em outros campistas, a sua voz não será capaz de cantar uma canção bela e feliz, somente as tristes e macabras. E suas previsões serão de dor e sofrimento. Além de tudo, terá de se juntar aos meus ceifadores quanto estiver forte o suficiente, e toda alma ceifada por você será revestida em força temporária para o seu irmão, cada vida que você tirar será convertida em uma semana de vida para Drake. Entretanto, quanto você morrer, morrerá em agonia, sozinha, desamparada e seu espírito não se juntará aos herois nos Campos Elísios, ele vai virar nesse terra por toda a eternidade ecoando a canção do seu sacrifício.
A mãe de Meridia estava sentada na cama parada e com os olhos arregalados. Aquele não era um preço comum a se pagar, era a desistência de sua própria natureza. A garota teria de desistir de quem ela realmente era em favor de seu irmão.
- Você está disposta a pagar? - Pergunta Hécate. – Está disposta a entregar a sua luz?
No quarto ao lado Drake estava entusiasmado com a viagem que estava para acontecer. Finalmente ele seria livre, finalmente ele poderia viver uma vida feliz ao lado de Meridia. Sem contudo, saber do que se passava no quarto ao lado e do preço dessa felicidade. A sua frente Hécate surge e sorri para ele.
- Olá Drake, que bom que você se sente confiante. - A deusa fala no mesmo tom calmo no qual se dirigia à Meridia. - Venho lhe fazer uma oferta.
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Jack e Barth matam o tempo da viagem conversando amistosamente. A comunicação é um pouco atrapalhada por causa da velocidade do vento para aquela altura, mas não impedida. Logo os semideuses são capazes de admirar um belo pôr do sol por entre as nuvens. Barth como todo filho de Apolo sente uma pontada de desespero quando o sol vai embora e a noite se anuncia, pois seus poderes ficam potencialmente mais fracos durante as horas escuras. Ao longe ele, graças a sua visão de arqueiro, consegue ver a mancha cinza que é Detroit.
A cidade já está se iluminando, e os semideuses se animam com a proximidade e excitação de novas batalhas. Os Pégasus vão perdendo altitude com leveza e graça, suas enormes asas ficam apertar enquanto os animais planam e deixam a gravidade fazer o seu trabalho natural. Os Pégasus chegam a cidade e cruzam o seu espaço aéreo até o endereço que a carta indicava.
As áreas periféricas da cidade eram cobertas por casas grandes e confortáveis, longe da confusão que o centro da cidade era o local perfeito para alguém se curar de uma doença. Os Pégasus pousam em uma rua sem saída, cercada por árvores, na qual os jardins das casas eram bem cuidados, os animais trotam pelo asfalto e param em frente a uma casa de dois andares. Jack e Barth finalmente chegaram na casa dos semideuses que devem ser escoltados, sem nenhum problema. O que realmente não é normal na vida de nenhum dos dois.