Foi desconfortável esperar. Não só pelo fato de Taylor parecer morta, com seu corpo gelado e sem respirar, mas pelo filho de Hades tratar isso com uma naturalidade e ainda por cima manter aquele mistério agonizante. Eu confesso que tentei, sabe? O chamei, tentei entender o que estava acontecendo, mas ele permanecia de braços cruzados apoiado na parede.
- Ela está bem? O que houve? - Jurei ter ouvido ele falar - espere - mas não tive a certeza de ter escutado sua voz. Cerrei os dentes, e o fiz por alguns instantes, mas estava começando a ficar impaciente. Quando fui até a filha de Atena eu pude jurar que ela era um cadáver, e isso me deixava assustada. - Pode por favor explicar o que está acontecendo? - Fiquei de pé na frente de Gean, fitando-o com fúria, e ele simplesmente me ignorou.
Eu não poderia simplesmente voar contra ele e socar a sua cara, embora desejasse muito. Afastei-me e encostei na parede oposta do beco, e encarei durante aqueles minutos tão longos que pareciam ser feitos de horas, o corpo de Taylor. Por um momento entendi a razão de meu pai e seu irmão terem enviado Hades pro inferno, se ele é tão arrogante quanto seu filho eu tenho certeza que no lugar de Zeus teria feito o mesmo.
Estava prestes a explodir aquele rapaz em socos, meus olhos já estalavam em faíscas e em meio à chuva emitiam um brilho penetrante, como um fio solto no meio na rodovia num dia de tempestade. Mas para meu alívio o corpo de Taylor tornou a respirar, era como se ela tivesse mergulhado em um oceano profundo demais para qualquer peixe sobreviver, e agora desesperadamente respirava por voltar à superfície. Foi aí que reparei, ela não tinha olhos cinzentos e claros como a maioria dos filhos de Atena, eram escuros como piche.
Enquanto ela voltava a respirar, o filho de Hades lentamente se aproximava como se ela o assustasse. Engoli uma saliva tão dolorida quanto medo vestindo uma armadura de espinhos. Ouvi-a falar. Ela disse havia entrado no castelo, e visto o que estavam fazendo. Como? Eu não tinha ideia, e ela não fez questão de explicar. Os dois tinham feições tão sombrias naquele instante, que mesmo com raiva por ser ignorante eu não tive coragem de perguntar o que estava acontecendo dessa vez.
Ela contou, sobre humanos sequestrados, deu detalhes do prédio e falou sobre um grande número de Empousai dentro do castelo. Estoques de sangue, vampiras demônio organizando-se, tudo parecia ter vindo diretamente de um filme de terror. Eu sempre fui tagarela, mas as coisas estavam ficando sérias demais pra eu abrir a boca naqueles momentos. Por isso, ouvi atentamente ao plano de Taylor.
Parecia simples, mas eu sabia que não seria. Ela propôs ir com tudo, ao menos nisso eu era boa. Acreditava estar razoavelmente descansada, graças à chuva e à tempestade que eu havia invocado, sendo assim já me sentia preparada para dar início ao ataque.
A primeira fase do plano competia aos dois, mas enquanto corríamos em direção ao portão fiz questão de erguer a Égide com a face da medusa na frente do meu corpo, para que as empousai que ficassem na porta não conseguissem dar a devida atenção aos ataques dos meus colegas. Ainda assim, faria questão de me manter de olho no resultado da investida, caso algum dos dois não consiga finalizar o adversário, ali estaria eu para dar o último ataque.
Finda esse momento da investida, faria uso dos poderes de meu gorro, que estava naquele momento amarrado no meu pescoço, e tomaria velocidade voando. Com o escudo na frente do corpo, empurraria a porta daquele castelo como um touro voador e a faria explodir. Dali em diante nos separaríamos, e eu seguiria a direção indicada pela filha de Atena, onde supostamente estavam os mortais sequestrados, ainda abusando dos poderes do meu gorro, pulando de uma parede para a outra pra ganhar impulso até chegar naquele lugar.
Não existindo nenhum inimigo por lá - o que é provável, já que Taylor esteve por ali - começaria a cortas as cordas que os prendiam, e ordenaria que saíssem.
Item utilizado:
Gorro do aviador * Toca de couro sintético idêntica às usadas pelos aviadores antigos e clássicos. Permite que, uma vez por narração, o semideus expanda a passiva "antigravidade" ao seu nível máximo, podendo fazer os movimentos que ele bem entender por uma única rodada.
Passivas a considerar:
Nível 4 - Força do Touro: Os filhos de Zeus têm força superior a outros semideuses, assim como um dos símbolos de seu pai, o touro.
Nível 5 - Filho da Tempestade: Os filhos de Zeus se curam quando estiverem em contato direto com a chuva. As partículas de água necessitam estar no ar para obter cura, não vale água da chuva que está no chão, ou estocada. A cura será equivalente à metade do nível (arredondado para baixo) em pontos de HP e MP por rodada em chuvas e ao valor do nível inteiro em meio a tempestades. Esta habilidade também faz com que a tempestade não lhe cause mal. Sendo assim permite que os filhos do céu respirem normalmente em ar rarefeito, lhes garante imunidade à sons altos, tal qual um trovão e também faz com que eles não sintam frio por estarem molhados de tempestade ou algo assim.
Nível 20 - Antigravidade: A gravidade não surte o menor efeito no filho de Zeus. Agora ele poderá voar livremente pelos céus e mesmo inconsciente não sofrerá dano por queda livre.