Meu coração batia forte contra o peito, como se houvesse um homenzinho dentro de minha caixa torácica martelando de dentro para fora em meu esterno. A bússola começara a girar mais rápido e isso só podia significar uma coisa; o alvo estava perto... e se movendo.
Apesar do medo de ser reconhecido eu não conseguia pensar em nada além de seguir para onde devia e acabar logo com isso. Já estava quase arrependido de ter pisado fora do acampamento. Eu não estou pronto penso tremendo de ódio e de medo. Eu havia andado por 14 anos naquele maldito mundo mortal, com episódios esporádicos de horror quando via uma criatura estranha pela rua. Mas o que eu não faria para voltar àquela tranquilidade, protegido pela ignorância?
Por fim, meu alvo. Enquanto olho pro carro do bebê e para a bússola, que agora exibia uma mensagem animadora de "Kill Him", eu fiquei atônito por um momento. Talvez dois ou três momentos, na verdade. Esquecendo-me dos monstros, dos mortais me perseguindo e de todo o resto, eu desato a rir, começando com um riso bobo e sem graça e dobrando-me para uma gargalhada pouco depois.
A graça?
Não tinha. Uma deusa estava me pedindo para matar o filho bastardo de seu marido. Um bebê que ainda cagava nas calças.
A deusa tinha aberto o céu e desenhado um Smiley nas nuvens, e enquanto comia lasanha pediu a mim, uma criança de 14 anos, para matar um bebê de meses. Uma deusa. Toda poderosa, bonita, rica, imortal.
- Ai, hahaha, ai, ok, você é uma mulher encantadora, não é, Hera? - falo olhando para a bússola, de repende sem mais medo da deusa e de seus poderes divinos - O que foi, não quer sujar suas mãos com o sangue de um bebê inocente? Pois bem, deusa da família, minha mais querida benfeitora, eu, esta pobre criança, irei dar meu melhor paraeste favor. Eu quero passagens aéreas seguras para toda a vida, em troca disso. Afinal, a missão que você me deu não tem volta; o preço também não. Vai ser nosso segredinho!
Guardo a bússola no bolso e arrumo meus cabelos para tras, mudando minha aparência do desgrenhado normal. Caminho para perto do prédio que a mulher entrou para tentar ver por alguma porta de vidro ou algo assim para onde ela estava indo, enquanto olho em volta da avenida em busca de uma lojinha de comida, lanchonete, etc.
Assim que registrar pra onde ela vai eu vou caminhando rapidamente para a loja de comida mais próxima onde compro algo com molho. Um cachorro quente, um macarrão, e peço pra enrolar para viagem. Na minha cabeça, mil coisas zuniam, mas ao mesmo tempo uma grande calma também ressoava como uma música. Começo a cantarolar uma melodia aleatória do Greenday enquanto caminho com minha marmita de volta para o prédio, tratando de identificar de que tipo de lugar se tratava. Não me preocupo muito se não conseguir achar a mulher de imediato, pois poderia sempre achá-la com a bússola, e uso do apetrecho pra seguir seu rastro se preciso, mudando de andar caso a bussola vire de repente de direção e eu não possa ver a mulher e seu bebê.
Quando achá-los eu paro um momento para avaliar a situação enquanto reflito sobre o que estava perdo de fazer. Uma criança. Um semideus, como eu. E se a mulher de divina de meu adorável pai divino descobrisse de minha existência e mandasse que me matassem, também? Bom, se for rápido e prático, por que não?, penso ironicamente. Matar um bebê. Como os loucos da TV, os serial killers dos filmes, os vilões dos animes. O que os outros deuses pensariam de mim, e o que eu pensaria de mim mesmo depois disso? Eu podia recusar, sair, esquecer a história e pedir desculpa com o rabo entre as pernas para a deusa. Mas mesmo enquanto refletia sobre essas coisas, eu sentia como se estivesse pensando sobre uma situação hipotética, uma cena que lia em um livro.
Analizo a situação e o lugar, vendo o que elaestá fazendo para depois decidir o que fazer.