- Sim, sim, olhe a boca desse safado - falo, surpreso por estar me impressionando com os poderes de Henry. Quando ouvia falar dos filhos de Afrodite no acampamento, quase sempre era em tom de piada. Diziam que não prestavam para a batalha. Mas quão perigosa pode ser uma pessoa que os inimigos seques conseguem atacar? Ele só estava parado. Parado. E estava fazendo mais do que eu - que gosto será que têm esses lábios rosados, eu me pergunto?

Dou a volta caminhando para trás dos lestrigões, para não chamar sua atenção para mim. Apoio a extremidade traseira da espada na frente do meu escudo para dar firmeza e jogo-me contra a base da coluna do lestrigão que estava olhando para Henry ainda parado, empurrando o escudo com toda a força para depositar meu peso e o do equipamento sobre a espada, empurrando-a como se tivesse a intenção de atravessá-lo. O outro já estava debilitado e seria mais fácil de lidar depois, então tento eliminar aquele antes que saísse de seu estupor por ver o colega sendo morto em sua frente.


Se ele morrer eu olho para o póe que os monstros costumam deixar para trás e afrouxo o escudo no braço, enfiando a borda na areia e carregando um pouco com a borda inferior do escudo (que tem formato de cruz, então a borda inferior é bem pronunciada, além de laminada). Aproximo-me do segundo lestrigão e jogo na cara dele enquanto ele encara o filho de Afrodite

A todo momento se algum deles se virar pra mim eu mudo a direção do meu ataque e, estendendo a espada com um pensamento, faço-a alcançar seus dois metros ao girá-la acima da cabeça uma vez pra esticá-la e pegar impulso para, no segundo giro, golpear como um chicote na direção do rosto da criatura, mirando um pouco acima para compensar o peso da espada que a puxaria naturalmente para baixo num golpe a distância, como já havia notado em outras lutas. Assim tento mirar corretamente em seus olhos com a ponta da arma. Ou simplesmente pulo pros lados, caso veja que ele já está reagindo para me atacar. Se for o lestrigão que estava com uma esfera nas mãos pra atacar Henry, eu ergo o escudo, me abaixo e faço o golpe mirando em seu pulso, tentando cortá-lo para fazer a esfera cair em seus pés ou em sua cabeça, e recuo com o escudo erguido saltando para trás.

Sem tempo para respirar ou festejar, então. Olhando para os telquines que chegavam agora emputecidos, eu tinha certeza que não seria fácil convencê-los a olhar para Henry o suficiente para distraí-los como os outros dois anteriores.

quando os vi erguendo as bombas e mirando em mim, senti um leve pânico. Corro pra frente e me jogo escorregando no chão sobre o escudo, tentando passar por baixo das bombas lançadas pelos filhos da mãe, e empurro com o braço pra levantar-me de lado e corro em sua direção erguendo o escudo mais uma vez, se tiver tudo certo. Durante a corrida deixo a espada escorregar no chão, estendida a seu máximo e escorregando sobre a poeira deixada pelos outros monstros, então balanço a lâmina de baixo pra cima puxando a areia junto para tentar lançá-la contra os rostos dos tais telquines. Se der certo eu pulo para a frente e enfio com toda a força e peso a parte de baixo do escudo, que era laminada, na patela do joelho mais à frente do telquine mais próximo, tentando cortar seu ligamento.

Logo em seguida corro para sua lateral para tentar deixá-lo entre seu colega e eu para dificultar que ele arremesse mais bombas em mim. Se preciso no caminho até eles eu pulo pros lados depois de fazer uma finta na outra direção tentando enganar sua pontaria.

Suprimo um gemido de dor enquanto sinto as ondas de agonia se espalhando de meu braço. Inferno. Que merda era aquela? tudo doía, minha cabeça, as pernas, as costelas... Que ideia. Quem tinha colocado uma escada ali?

Tento me levantar. Pego a bússola e enfio de volta no bolso, Então, pego de volta pensando em um plano desesperado.

- Ahá! - exclamo vitoriosamente, levantando-me e erguendo a bússola na direção deles - vocês sabem o que é isso, seus vermes? Foi a mãe dele quem me deu isso. Olhem bem pra cara dele, me digam que não sabem quem é a mãe dele. Olhem bem para aquele rosto.

Aponto para Henry com meu braço bom, que erguia a bussola. Largo o escudo se o braço ruim for o esquerdo e o bom for o direito e mantenho a espada nas mãos e a bussola entre os dedos enquanto o outro braço descansa. Se o braço fodido for o da espada, porém, largo ambas as armas e ergo a bússola com a mão esquerda.

Se der certo e eles se distraírem com Henry eu abaixo-me pra recuperar a espada com o braço bom, ou avanço se ela já estiver em mãos e espeto o primeiro dos lestrigões bem no centro do peito com a ponta da lamina, onde acreditava que estaria seu diafragma. Como ele estava com a superioridade do terreno elevado eu não tento alcançar seu pescoço nem um golpe elaborado com o chicote, devido a meu estado, então tento manter-me simples e espetá-lo onde sabia que seria letal ou debilitante.

Se o cara cair eu imediatamente balanço a espada soltando a lamina para que se enrolasse no pé do outro e puxo com força. Sabia que não conseguiria arrancar ou puxar seu pé, mas esperava cortar seu tendão ao apertar a lâmina em volta dele.

Se algum deles for tentar me atacar eu apenas me abaixo pra que o terreno mais baixo permita que o ataque deles passe direto por cima.

Do chão eu olho para Henry, sem dignidade. Rio pra ele com suas reclamações e digo;

- Mas que droga, não tem nada que seja simples ou não seja proibido nessa vida? E, você sabe colocar ombros de volta no lugar?

Mostro-lhe meu ombro deslocado, levantando-me mais uma vez com cuidado do chão.

- Desculpe por ter dito que era seu, eu queria que pensassem que era dado por Afr-digo, hã... Bonitona do Olimpo. Parece que os monstros se distraem fácil olhando para você, e isso é muito conveniente.

Depois da ajuda de Henry - isso se ele não me mandar colocar o próprio ombro no lugar - eu me levanto e pego na mochila uma das Poções de Cura [Heroicas] que trazia comigo e bebo-a em alguns goles.

- Ainda podemos pegar um capuccino?

Durante toda a comoção com a imprensa busquei fazer o papel do garoto chorão. Grudado em Henry e com as mãos no rosto eu evito me expor já que meu rosto já tinha sido divulgado como o de um assassino de taxistas. Claro, ninguém me perguntou minha versão da história, então não passava de um mal entendido. Mais ou menos.

Quando Henry recebeu a notocia de que seria cortado e eu continuaria, olhei-o com uma cara meio , me perguntando como proceder. Pensei em dizer-lhe que podiamos ir embora, já que ele não iria mais desfilar, mas percebo que talvez também fosse rude recusar um trabalho que ele me indicou e, mais que isso, que ele queria etsar fazendo.

- Eu devo desfilar? Podemos ir embora, se quiser. Digo, parece que vai ser legal, mas... Se você não quiser, então também não quero. Eu sou um homicida procurado, mesmo.

Aguardo o que ele diria e se disser para que eu continue e desfile, então vou para a sala me maquiar devidamente, já incomodado com as pessoas que começariama cutucar meu rosto e meu cabelo.