Aquela estava sendo uma noite incomum para mim. Eu havia passado o dia estudando, mas não era esta a parte incomum; estava estudando para criar uma
habilidade de batalha. Eu nunca fui fã de lutas, veja bem, mas cada vez que saia para caçar materiais ou mesmo só para passear, eu percebia que para aproveitar a vida e suprir minha ganância, eu teria de ser forte. Forte o suficiente para seguir em frente, independente dos inimigos que cruzassem o caminho.
Então, depois de muita leitura e prática com magias que eu já dominava, eu estava ali, ao lado do lago, no limite dos bosques. Gostava da floresta e do lago. Também gostava da grama. O Acampamento Grego tinha sido meu primeiro lar, e estar de volta me deixava satisfeita.
Parei diante do lago, olhando o fluxo da água, lento e ritmado. Puxei minha adaga rúnica da cintura e com ela fiz um breve talho na mão, me encolhendo diante da dor do corte, mas sem fraquejar. Em minha mão, marcas de cortes antigos podiam ser vistas. Alguns cicatrizados normalmente, outros com a ajuda de poções mágicas. Um corte a mais não faria diferença.
Assim, deixo que meu sangue, quente e rubro, caia sobre a terra. Com um desejo meu, vi o sangue sumir na terra como se ela o absorvesse, e o solo sob o sangue se erguendo, moldando-se em uma cabeça, então ombros e por fim, um corpo mais ou menos humano, feito de pedras, terra, e algumas raízes nodosas. Avaliei minha criação. Há anos erguia golens como aqueles. Dezenas na semana. Eles me ajudavam a carregar água para as poções, a limpar os caldeirões, e eu também os invocava para me ajudar a cuidar do jardim, cavando buracos para plantar. Em batalha, nem comento sobre quantas vezes me foram uteis, como escudos e peões leais.
Suspirei, de olhos fechados, gravando em minha alma a sensação do nascimento de um elementar, gravando o fluxo de energia que fluía de mim para a terra, e a forma como a névoa se torcia ao redor dela para moldar um corpo e conferir-lhe uma pseudovida. Eu teria de gravar tudo aquilo para o que viria a seguir, e vinha trabalhando nisso, em guardar todas aquelas sensações, há algum tempo. Com Forças eu havia aprendido a controlar e moldar os quatro elementos, com o feitiço da Barreira elementar, aprendi a encantar um elemento para que agisse sozinho, defendendo-me de ataques, com lanças de fogo aprendi a moldá-los com agilidade e a fazer movimentos bruscos com os mesmos. Assim, esperava compilar tudo isso para meu novo poder, que envolveria o controle de forças, com a dinâmica da barreira e a densidade da lança.
Assim, caminhei pela beirada do em busca de algum lugar onde a água entrasse em alguma pequena baia, formando uma piscina de águas mais calmas, que eu poderia controlar melhor. Assim, parei diante dela, concentrando-me. Ergui a mão, sentindo a água, espalhando minha consciência por ela, fazendo-a se dobrar seguindo os movimentos das minhas mãos. Com Forças, fiz um leve redemoinho e me abaixei. Apertei a mão cortada sobre o centro do redemoinho, deixando algumas gotas do meu sangue caírem nele. Concentrei-me em sentir o sangue através da água e então, tentei transferir energia na mesma frequência que o fazia para o golem, usando meu sangue como canalizador dentro do elemento, e controlando a névoa para que desse forma e vida à criatura, fazendo a água se erguer, rodopiando, formando uma espiral de água, que acendeu dois olhos de fogo fátuo em uma cabeça de água espiralante. Era como ver um pequeno ciclone de água tentando criar braços e com uma cabeça imperfeita. Eu talvez tivesse de melhorar um pouco nas invocações.
Olhei para o golem, que me observava incógnito. Me pergunto se ele se sentiria traído por eu usar outros golens de outros elementos, e torço para que não, dando um beijinho em sua bochecha de pedra lisa e caminhando até um tronco caído, ao qual ateei fogo com um aceno da mão e aguardei enquanto as chamas se espalhavam de um galho para outro, queimando rápido a madeira seca. Apertei a mão sobre as chamas, segurando-me quando senti o calor ardente. Permiti que meu sangue sumisse entre as chamas e, puxando-as e moldando-as, penetrando-as com névoa e canalizando minha energia através do meu sangue, comecei a moldá-las também, vendo-as torcendo e se concentrando, formando aos poucos um corpo sem pernas, que bruxelava imitando a forma de um guerreiro, com uma quase espada de chamas na mão.
-- Hmmm, estiloso – comento comigo mesma, avaliando a estrutura precária das chamas que tentavam se manter na forma imaginada. Eu teria de trabalhar mais no controle da névoa.
Assim, parti para meu ultimo teste da noite. Sentei-me e ergui a mão que ainda sangrava, espalmada para cima, e com Telecinese recolhi o sangue ainda liquido e o fiz flutuar no ar. Juntei a outra mão à primeira, usando-a para dobrar os ventos, fazendo-os girar em um pequeno redemoinho em torno do sangue, capturando-o em um tornadinho particular. Concentrei-me com toda a força naquele tornado, naquele vento, sentindo-o com minhas Forças, com meu sangue, como sentia a terra ao criar os golens. Assim, começo a penetrar minha energia no ar através do sangue como canalizador, e então, concentrar a névoa ao redor de ambos, sangue, ar, e energia, dando-lhes uma forma, conferindo-lhes uma vontade e um objetivo. O pequeno tornado cresceu, e à minha frente, formado por um vento giratório quase visível e folhar que se debatiam a grande velocidade no contorno de uma forma sem pernas e com asas, feitas de vento. O golem-espectro balançou e voou em círculos ao redor de mim e dos outros golens, quase que saudando-nos com sua forma leve, rodopiando ao redor das chamas e espalhando-as.
Sorri, feliz, dançando com o vento e com o fogo.
Habilidade que Desejo Criar:
Gênese Elementar: Depois de anos invocando golens de terra, Elie desenvolveu uma facilidade enorme em moldar e dar vida às forças da natureza, conseguindo criar, com um sacrifício de sangue [X HP], uma criatura feita de algum dos elementos sobre o qual tenha controle; requer a existência prévia do elemento, sendo o tamanho do golem invocado limitado pela disponibilidade do mesmo. Consome entre X e Y de energia, com base no tamanho do golem invocado e do elemento, sendo que golens de Terra sempre consumirão menos energia, podem ser moldados mais facilmente, e serão maiores/mais poderosos que os demais. A garota pode guiar o formato do golem com a nevoa escolhendo aspectos gerais, mas a forma final é definida pelo narrador. Ao moldar golens que não sejam de terra, Elie não poderá executar ataques ou movimentos complexos naquela rodada.
Bom, tentando resumir a habilidade, sua ideia e suas limitações: Partindo do ponto que a nevoa é a origem de toda magia, e que a magia possui nela algum padrão, já que pode ser ensinada e aprendida, etc, e usada da mesma forma ou de formas diferentes, um feitiço seria basicamente um “código” no “sistema” que é a magia. Sendo assim, a habilidade seria basicamente usar o mesmo
código do feitiço Servo do Sangue, mudando apenas a variável “terra” para “fogo”, ou outro dos elementos, recriando a habilidade com outra matéria-prima.
O efeito da habilidade é criar um golem, feito de qualquer elemento que a semideusa domine (sendo assim, saliento que a habilidade abriria espaço para, por exemplo, invocar um golem de gelo por exemplo, se elie algum dia controlar o gelo, etc).
Explicando as formas do golem: A semideusa poderia determinar, por exemplo, que ao criar um golem de fogo ele tivesse a forma de um cavaleiro com elmo e espada, ou de uma fênix, mas independentemente da forma assumida, a resistência e os poderes do golem não se alteram. Mas se for um cavaleiro com espada ele ainda irá poder usar sua arma pra cortar, e sendo uma fênix, poderia voar, etc; O resultado final, inclusive se a fênix será realmente uma fênix, e se sua forma será perfeita etc, é ditado pelo narrador, com base em seu bom-senso, do amor em seu coração, e na qualidade do post da semideusa.
Como a habilidade-base principal, Servos de Sangue, não tem tempo de Recarga nem limite de golens, e como Elie visa se tornar uma especialista neste tipo de invocação, estou aproveitando para manter a habilidade também sem CD, ou limite de invocações
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