Sim. Eu nunca tinha tido uma vida difícil. Viver no havaii, indo à escola, treinando esgrima e jogando com meu irmão dia após dia não foi difícil. Quando os monstros começaram a aparecer foi estranho, mas... Ainda não era difícil, exatamente.

Mas agora... A dor subia pela minha perna. Como veneno... Lembro-me do golpe do minotauro, onde abrira minha barriga com os chifres. Uma dor semelhante me afligia. A lamina em minha perna certamente desencadearia uma hemorragia se fosse tirada descuidadamente. Agora, porém, sobrava apenas o minotauro para enfrentar. A mesma criatura que me enganara e quase me matara uma vez. Diante de mim por puro entretenimento... Aquilo me indignava a um ponto de fazer-me sentir um aperto no peito. Tristeza. Raiva. minha vontade era de voar contra ele e cortar-lhes as cabeças, mas eu duvidava que pudesse fazer algo em meu estado. Ao ser resgatado duas vezes... Primeiro por Dante, o sátiro... E depois por Will, o filho de Netuno... Entendi que nem todas as batalhas podem ser vencidas sozinho. Mas esta... Será que podia?

Ergo a perna ferida, o suficiente apenas para que não toque o solo. Me equilibro na perna boa enquanto inspiro profundamente, distribuindo meu peso pelo corpo com precisão para equilibrar-me sobre minha perna boa. Deixo que o minotauro se aproxime. Leio seu corpo, seus gestos, suas intenções, da mesma forma que lia meus colegas no dojo,  da mesma forma que meu irmão me lia em casa. Deixo-me guiar pelo instinto e por minha experiência, reagindo de acordo com os acontecimentos. Assim que ele descrever seu movimento esquivar-me-ei com auxílio das botas aladas, usando sua capacidade de me mover em qualquer direção para compensar a falta de equilibrio de uma perna, e então evito o golpe do minotauro; por baixo de ele golpear mais pra cima, saltando pros lados se for mais vertical, inclinando ou subindo enquanto saio da rotado golpe se for diagonal, etc. E então aproximo-me por trás do braço dominante, saindo de seu raio de visão usando seu proprio corpo grande. No meu lugar à sua frente eu deixaria um Fantasma para enganá-lo com uma falsa vitória.

Ao deslizar no ar pela sua lateral, iria lançar minha katana para outra mão. Saco a terceira lamina, até então não usada... Tramontina, é como fora nomeada. Um nome engraçado. Mas com história, na verdade. Saco a lamina já usando-a para descrever uma sequência de quatro golpes enquanto movo-me por trás do braço do minotauro; o primeiro, logo ao sacar a lamina, seria um tramontina-Corte-Rápido em direção ao cotovelo da criatura, estirado após o golpe que desferiu contra mim. O segundo seguiria do cotovelo ao ombro, tão ágil quanto o primero. O terceiro, um corte diagonal em suas costelas, visando usar o fio magnífico da lamina para fatias profundamente o corpo do monstro com este, e então cortar sua bacia com um quarto golpe em direção a ela, também em diagonal, para imobilizá-lo de uma vez.

Caso ele avance para me chifrar, irei aguardar que se aproxime antes de saltar pra cima usando o impulso da bota para guiar o corpo pra cima num arco sobre ele deixando um fantasma no chão. Iria executar quantos cortes cosseguisse em suas costas então quando ele passasse, fazendo um zigue-zague de cortes diagonais de sua nuca até a coluna quando ele passasse sob mim, usando de meus quatro golpes e toda a minha agilidade para isso.

A todo momento fico atento pra recuperar a postura e desviar se preciso. Se não eu morro com dignidade E depois meu movimento afasto-me o suficiente pra ter como reagir.

A - Corte-Relâmpago: O semideus logo após desferir um golpe usando Corte Rápido poderá ativar esta habilidade para curvar o trajeto de sua lamina no ar, executando um combo de cortes capazes de atingir seu oponente em sequência mantendo a velocidade do Corte Rápido, sendo executados todos em sequência. [O total de cortes aumenta com o número de ataques que o semideus puder executar por rodada passivamente]. Consome 30 de Energia e entra em espera por 5 rodadas.

Nível 12 - Corte Rápido II: Essa habilidade e definida por um corte muito poderoso, que rasga profundamente o corpo do inimigo, tendo uma precisão força e velocidade. O uso dessa habilidade requer 30 pontos de energia e entrará em espera durante 5 turnos.

Nível 9 - Movimento Fantasma: O filho de Hermes agora se move com tamanha velocidade que os olhos do oponente demoram a acompanhá-lo, de forma que verão a imagem do filho de Hermes parado enquanto este já está em movimento. A imagem dura Agi/100 segundos, tendo o máximo 3 segundos. Consome 30 de Energia e dura somente uma rodada.

Spoiler:

Suspiro profundamente. Por que eu? Que coisa clichê. clichê do tipo errado. Em minha mente, uma enxurrada de pensamentos que, por amis que eu tentasse, não conseguia organizar, não conseguia frear. Eu sou uma pessoa. Eu poderia ter morrido. eu estou com dor. puta merda, como dói? Isso é coisa de filme. Não, é coisa e anime. Eu não devia estar lutando contra monstros. Não dá. É assim que eu vou ter de viver? É assim que todos eles vivem? Por isso não se importam que eu sinta dor também?

Eu podia entender por que gregos odiavam romanos. Cada pedaço de mim queria saltar contra aquelas pessoas e tirar-lhe o sangue. Encerrar suas existências... Esvair sua malícia deste mundo. Nem me improtava com a dor. Pouco importava se sofressem ou não, se morressem rápido ou não... Só a morte importava.

O som de seus passos se aproximando. Um zunido no ouvido, um repuxo no abdome. A dor obscena de forte subindo pela perna, me deixando consciente de cada nervo que tinha no membro, pois cada um doía em protesto.

- Qual é o problema de vocês? - pergunto com a voz trêmula, sentando-me, pressionando as mãos com a espada embainhada ainda nelas - Qual a porra do problema de vocês? Eu só... Eu só estou aqui, e mereci isto? Mas que merda... Que merda vocês tem na cabeça?

Por mais que quisesse levantar eu duvidava que fosse conseguir. Por mais que quisesse matá-los, eu duvidava que pudesse conseguir. Ódio eu tinha. Me faltava força. E talvez veneno. Talvez se eu fosse mais rápido... Se fosse mais experiente. Um dia. Um dia, sim, um dia, eu vingaria aquela humilhação. Por enquanto eu simplesmente comeria aquele banquete de humilhação. Novamente sentindo-me como um mortal recém descobrindo a existência de um mundo escondido diante dos olhos.

Tento pegar uma poção em minha mochila ou cinto, sei lá. E tomo - poção de Vida Mítica. erramo um pouco dela sobre o ferimento e quando sentir a regeneração dela começando a fazer efeito... Irei morder a bainha da espada para seugurá-la e amortecer a dor enquanto retiro a adaga e deixo o ferimento curar.

Não, eu não sou louco. eles são loucos. Esta foi a conclusão que cheguei enquanto já anestesiado por toda a insanidade daquilo eu fui conduzido pela enfermaria e então, recuperado, recebo a permissão de passagem dos dois guardas sádicos.

- Tá. Onde acho um Centurião ou um Petro... Pretor? E chegando lá o que vou ter de fazer, matar um dragão?

Não consigo deixar o comentário sarcástico escapar, mas ouço atentamente suas instruções para então ir atrás de algum dos caras que eles indicarem.

O lugar, devo dizer, era incrível. Bem, eu nao estava tão habituado ao Acampamento assim, ainda, mas a diferença entre o lar dos Gregos e o dos Romanos era enorme. Ali havia muito mais gente, mais organização, mais construções... Era de fato, uma cidade. Apesar a admiração crescente eu ainda estava certo de que preferia morar em um lugar leve e descontraído como era o Acampamento Meio-Sangue. Mas devo admitir... Nova Roma era incrível. Descobrir que havia uma cidade inteira de semideuses de todas as idades... Uau!

Estava distraído com as praças sorrindo abobado para as crianças nas ruas quando um rosto conhecido me saltou aos olhos. A postura perfeita, o caminhar leve, o olhar que parecia um lobo ou uma ave de rapina em caça. A figura de Jack Frost caminhava destacando-se pelos cabelos, pele e quimono brancos em meio às outras pessoas.

Assim, desvio o caminho que fazia para ir em direção ao samurai. Olhando pra ele, sinto um leve frio na barriga, lembrando-me de nosso encontro. Ele havia deixado as katana com Roran e, ao me conhecer, dissera ao ferreiro que "Talvez elas fiquem entediadas se ficarem apenas guardadas na prateleira. Faça o que achar melhor". O ferreiro então deixou-as sob minha guarda... E eu estava ansioso para agradecer ao garoto por aquilo, bem como perguntar-lhe se estava bem com eu ficar com elas. Eu as guardaria com minha vida, e... Bom. Se algo acontecesse a elas, o próprio roran me mataria, eu não tinha dúvida alguma.

- Jack! - Falo ao me aproximar, fazendo uma mesura para ele - Você se lembra de mim... Não lembra? Sou Musashi. Nos conhecemos em um encontro em comum com Roran, o Ferreiro. É um prazer vê-lo de novo... Como vai você?

Sorrio carismático para ele, honestamente feliz de rever o samurai. Não só por sua gentileza, mas também porque era o único além de mim que vi andando por ai com um quimono e katanas na cintura, o que me deixava confortável e acolhido.

- Eh, bem, eu percebi que os moradores de Roma não simpatizam muito com os Gregos... Eu estou indo em uma missão a mando de meu pai... Hermes... Eu não sei bem do que se trata, mas fica perto daqui, então eu estava indo pedir permissão a algum centurião ou Petror para usar a saída do Acampamento. Você... Poderia me ajudar com isso? - Falo pra ele.