Aurora se esforça para segurar o sátiro bombado, conseguindo fazê-lo montar na mula com dificuldade. A mulher amaldiçoada estava profundamente incomodada com a presença de Theo se acomoda entre o pescoço chamuscado do animal e a filha de Ceres e aguarda por alguns instantes. Não houve mais nada senão um silêncio constrangedor e todos eles juntos enquanto os uivos se aproximaram. Mesmo sem olhar para trás, a meio-sangue soube que alguma coisa havia invadido a pista, com passadas pesadas e ágeis na direção deles, mas a vontade de se virar era inexistente. O medo a cobriu da cabeça aos pés e nada pode fazer senão ficar parada, torcendo para que a mula, Theo, George ou alguém fizesse alguma coisa. Graças a Júpiter, a mula se moveu. Tão rápido quanto uma bala, a paisagem toda ao redor deles pareceu se mover como um borrão. Os traseiros ficaram colados às costas do animal enquanto lutavam contra o enjoo. Em alguns segundos, o transporte maluco se transformara em uma queda. Se apoiando com as mãos na grama, Aurora vomitou, liberando todo o desconforto da viagem que acabara de ter.

Após alguns segundos, checou que ainda estava com George, mas não havia sinal qualquer da mula. Ela havia os abandonado? Fora o que pensara até olhar mais a frente. Estava em uma enorme clareira, cercada de árvores de folhas alaranjadas e de coloração viva. O céu, diferente de alguns instantes, estava claro e limpo de nuvens. Era como estar em um lugar completamente diferente, um paraíso. No centro do lugar, havia um pequeno copo que, embora tivesse a aparência usual, transmitia uma sensação diferente. Era forte e imponente, mesmo sem ser filha de Magia, Aurora soube que aquele item tinha um enorme poder mágico.

Suco:

Estava lá. Logo a sua frente, tudo aquilo que queria para salvar as pessoas que precisava. A sensação de êxtase veio, mas antes que ela pudesse se erguer para buscá-lo, o guardião se aproximou, batendo as asas em ameaça e erguendo suas patas logo a frente do item. Havia um brilho ao seu redor, da mesma cor do suco. Talvez a mula estivesse falando a verdade. O suco provavelmente estaria o fortalecendo. Por mais que a guardiã tivesse facilidade em se comunicar com animais e seres variados, aquele em específico parecia não ter qualquer intenção de se comunicar com ela. Talvez traço de sua personalidade, talvez efeito mágico do suco. Estava a 15m a frente.

Guardião:

Não bastasse essa ameaça, a garota procurou por seu ajudante fauno, seu melhor auxílio naquele momento. Foi aí que, como uma lembrança dada pelos deuses, ela se recordou. Quanto mais próximo do suco, mais fraco ele se sentia. Aurora olhou ao longe, quase na mesma distância dela e do pégaso, mas no sentido oposto, havia uma sombra humanoide grunhindo em tom de raiva. Por mais que a aparência em nada se assemelhasse, a voz era idêntica a de Theo e a negritude que cobria seu corpo era semelhante as manchas espalhadas por todo seu corpo. A maldição que antes lhe feria agora parecia tê-lo transformado em outra coisa. Seus olhos, apesar de vermelhos e mórbidos, carregavam tristeza, como se em algum lugar, muito ao fundo e inacessível por qualquer um, estivesse o sacerdote.

Theo:

Agora a garota se via diante de dois potenciais inimigos com força desconhecida. Um apenas queria deixá-la longe do item mágico, o outro parecia só estar possuído por fúria.