Ela apostou tudo.

Determinada, e com a benção de Nike ampliando sua possibilidade de vitória, a filha de Atena juntou suas mãos, e levou seu dinheiro para o meio da mesa, somando uma aposta final de mais de 30 mil dólares.

Sim, trinta mil dólares em uma rápida rodada de Poker.

A apreensão na mesa se tornou tamanha, e era perceptível nervosismo nos olhos do poderoso mafioso. Teria ele realizado um blefe e pago para ver? Talvez sim, talvez não. O mais inteligente afinal, seria decidido em poucos segundos.

O Dealer descartou a primeira carta do bolo, e então puxou a segunda. Um dois de copas, que lentamente foi colocado sobre a mesa.

O mafioso então sorriu, apreciando o resultado da partida.
--Sequencia alta – Ele disse.

Em sua mão se encontrava as mesmas cartas de Taylor, mas de Naipes diferentes, Um Valete de Espadas e As de ouro.

--Sequencia alta, 10, Valete, Rainha, Rei e As. – Falou. Lentamente, o homem virava as cartas enquanto falava cada uma delas.

Taylor agora precisava mostrar seu jogo.
Mas Nike não a havia abandonado.

Quando Taylor virou sua mão, revelando um poderoso Flush de Copas, todos ficaram estarrecidos. O chefe havia perdido para uma garotinha? Como?! Isso não era possível!

O sorriso na face de Frank instantaneamente se transformou em fúria, e naquele segundo os sentidos de Taylor a avisaram poucos instantes antes dela ver todas as armas engatilhadas sendo apontadas para sua cabeça.

--Não se ganha do chefe da mesa desse jeito garotinha, regras de qualquer casa. – Disse. – Desculpe, mas sou um mal perdedor.

Haviam mais de 10 metralhadoras apontadas para a cabeça de Taylor, e todas a poucos segundos de serem disparadas.

 
 
 
 

Taylor inteligentemente opta por não reagir de forma combativa, que colaria sua vida em grande risco. Em contrapartida, a semideusa parte para uma das armas mais poderosas: A diplomacia.

Se utilizando de todo o charme de uma dama da noite, a garota se perdoa pela sua ousadia de ter vencido o Don na disputa, e permite com que ele permaneça com o dinheiro. A resposta agrada o Don, que faz um singelo movimento de dedos.
Os homens abaixam as armas.

--Como quiser. – Diz Frank.

Taylor se aproxima, depositando um beijo na mão do Italiano e utilizando sua habilidade. Naquele instante, sua cabeça quase explode com uma invasão de informações jogadas de forma aleatória. Caveiras, morte, sangue, rituais, estupros e diversas cenas de terror são tudo que passa pela cabeça de Taylor.

A ceifadora cai no chão, debilitada e prestes a ter uma convulsão. Uma risada maligna, pessoas sendo enterradas vivas, canibalismo. Taylor estava acostumado com o terror, mas nem mesmo sua cabeça podia aguentar aquela quantidade de cenas macabras ao mesmo tempo.

As imagens se travam em cenas constantes de tortura, sejam elas psicológicas, físicas, morais ou sexuais. A meio-sangue observa pessoas sendo esfoladas vivas, crianças sendo violentamente estupradas, mulheres sendo feitas de cadelas e outras coisas extremamente deploráveis.

Tudo isso sendo feito por um homem de cabelos pretos, pele pálida e roupas negras sempre sujas de sangue. Sua risada era estridente, profunda e angustiante. Após tantos anos parecia que Taylor encontraria seu fim na loucura.

As cenas são aceleradas, e todas as imagens começam a aparecer e sumir em menos de segundos. A filha de Atena estava se debatendo no chão, com os mafiosos sem saber o que fazer.

A Risada continuava.

Se um ceifador morre fisicamente, sua alma logo retorna pela benção de Tanathos.
Se a mente de um ceifador entra em colapso, ele ainda retornaria?

Taylor precisava reagir, antes que seu cérebro virasse suco.

“Deu merda”. Repetia pra mim mesmo em meio àquele caos mental. Meu cérebro estava praticamente entrando em colapso, e em meio às impossibilidades sinápticas de formar raciocínio, eu só conseguia pensar que aquele cara era o diabo. Em mais de 100 anos como ceifadora, haviam sido poucos aqueles que eu tinha odiado do fundo do meu coração e tinha o desejo de matar antes do chamado de Thanatos. Mas aquele cara foi um deles.
 
Em meio à convulsão eu não conseguia pensar direito, não conseguia analisar nada direito. Minha mente havia sido tomada por memórias tão cruéis que, por um breve instante eu tive vontade de chorar. Existem homens que não merecem viver, e aquele cara já vivia pela segunda vez sem merecer. Poucos conseguem conquistar uma segunda chance, seja da forma que for, e aquele ali continuava sendo um filho da puta.
 
Não sabia se ia acontecer ou não. Mas eu ansiava por arrancar sua cabeça em um futuro próximo, e fazê-lo ver meu rosto sorrindo com a vitória. Porém, naquela hora eu não tive chance nem capacidade de pensar muito. Tudo que eu pude fazer foi tentar assumir o controle e então, antes que minha cabeça acabasse sendo destruída de dentro para fora, eu expandi minha mente para conseguir |100%| do controle cerebral.
 
É arriscado mexer com a mente, mas é pior ainda deixa-la explodindo. Com controle total, iria buscar naqueles flashbacks do velho mafioso aquilo que eu realmente queria encontrar. A razão por ele ainda estar vivo. Estava determinada a cumprir minha missão, cumprir o dever com o Deus da Morte. E não devia deixar meu ódio por aquele filho da puta me impedir de alcançar o objetivo daquela longa viagem.
 

Encontrando, ou não, a razão daquela extra-vitalidade, eu controlo meu cérebro para que pare de receber informações desnecessárias daquele velho desgraçado. Era hora de recuperar a sanidade.

Habilidade única:

100% - Após mais de um século vivendo como ceifadora, a filha de Atena aprendeu a expandir o controle de sua mente além do normal. Controlando cada pedaço do seu cérebro, cada neurônio ou neurotransmissor. Garantindo à ela 100% de controle cerebral. Porém, isso é perigoso. Utilizar isso de forma errada pode fazê-la ultrapassar seus limites cerebrais, fazendo-a desmaiar ou entrar em colapso. Utiliza 70 mp para ativar, e após 2 de rodadas usando consome 15 de HP por rodada ativa. Pode por exemplo, liberar grande quantidade de adrenalina e ter uma reação mais rápida. Os efeitos são diversos, contudo, a semideusa não tem controle de seu sistema autônomo.

[b] A mente de Taylor estava prestes a entrar em um colapso nervoso, e parece que não havia nada que a garota fosse capaz de fazer para evitar aquilo. O ataque que ela estava recebendo, era um sistema de defesa perfeito para aqueles que tentassem adquirir informações daquele corpo, a quantidade de informações simultâneas sobrecarregavam a cabeça do invasor, fazendo suco de seu cérebro.

No entanto, quem quer que seja que estava por trás daquilo, não poderia nem imaginar que o inimigo dessa vez era uma poderosa filha de Atena. Taylor não tinha capacidades cerebrais apenas mais evoluídas que as dos demais, mas como também era capaz de utilizar 100% de seu cérebro.

Utilizando toda sua capacidade cerebral, a filha de Atena focou sua mente para fazer as mensagens aleatórias desaparecerem. Em poucos segundos, as cenas de terror começavam a surgir cada vez menos na cabeça de Taylor, ate desaparecer totalmente dando lugar ao vazio.

Taylor já não pensava em nada.

Em seguida, Taylor percebe o que já estava tão claro antes: Aquele homem não possuía alma. Sem alma, Tanatos não poderia levar aquela existência do mundo dos vivos. Seu corpo permanecia ali, de pé. No entanto sua alma parecia estar presa a outro lugar, provavelmente com o homem que havia concedido ao mafioso o dom de enganar a morte, e também havia colocado aquelas cenas na cabeça da ceifadora.

Contudo, Taylor agora se via completamente soada, babada e humilhada em frente a mafiosos que assistiram a tudo atônitos, com armas apontadas para ela.

--Que merda foi essa, garota? – Disse o Don. /b]

Pelo jeito, havia alguém por trás daquilo tudo. Alguém além do líder da máfia italiana. E essa pessoa havia escondido a alma desse cara. Por falar nisso, onde caralhos Thanatos havia me metido? Nunca antes na minha vida eu tinha encontrado algo assim. Pelo jeito minha avó sempre esteve certa, não importa o quanto você viva, você sempre verá muitas coisas inovadoras por aí. A vida é cheia disso, e eu acho uma merda.
 
- Que merda foi essa, garota?
 
De repente senti um grande nojo daquele cara. Senti uma enorme vontade de socar aquele rosto enrugado até ver seus dentes escapando pelos olhos. Mas eu não podia, a missão deveria ficar em primeiro lugar, e eu deveria descobrir o que é que estava lhe tirando a alma, escondendo em outro lugar.
 
Minha aparência física estava um pouco humilhante, e para a maioria isso não era algo excitante. Então evitaria precisar da sedução para me safar dessa. Na verdade, acho que não existe nenhuma forma de explicar isso.
 

- Desculpa. Sou epiléptica. - Que merda de desculpa hein.