Dite se despede de Aaron e com sua dupla voadora segue na direção das fronteiras do Acampamento no topo da colina.

- Prummm, eu acho que... Mais para o Canadá. Não tanto para o Leste... Nessa direção! - Ele aponta com a ponta da asa para um ponto bem ao Norte, ou assim dite pensa - é, nessa direção! Então, siga-me se for capaz!

Eles chegam no topo da colina e o pombo alça vôo. Ele para pra bicar a cabeça de Peleus, o dragão protetor do pinheiro, e este toma um susto desproporcional ao inimigo. O dragão rosna pro pombo, mas Dite percebe um quê de temor nele, o que não entende bem.

O pombinho ganha altura e Dite, montada em sua linda fênix, o segue. No ar ela percebe o quão grande seria sua viagem. Sabia que sua fênix era resistente e ágil, e o pombo voava com incrível velocidade, surpreendentemente levando Trigger a fazer um certo esforço para acompanhá-lo.

- Pruu... Sabe, eu também sinto algo estranho acontecendo. É como se algo estivesse me atraindo nesta direção, também... Uma força estranha, primitiva. Como um instinto de migração. Mas isso não é possível, é? Nós não estamos em éóca de migração... E por que os animais migrariam para um lugar frio?? Pruuocupante...

Dite faz seu sacrifício para os deuses. As amoras desaparecem em meio às chamas exalando fumaça com cheiro de nectar, que sobre em um segundo levada pelo forte vento.

A garota conversa com o seu irmão pombo, que reduz o ritmo da viagem. Ele ri da fenix, embora esta apenas revire os olhos pra ele, afinal ele parece estar apenas provocando-a e não tentando ofendê-la verdadeiramente.

Enquanto voam estradas, campos verdes e florestas passam como um borrão abaixo deles. Dite aproveita a vista, com o oceano bem longe ao leste, o mar refletindo o sol que aos poucos começa a se por. Ela percebe que teria de desce em algum lugar para providenciar mantimentos, pois sua barriga já começa a protestar por alimento.

Como se lesse seus pensamentos, Sabet fala;

- Ahh estou faminto! Seria pruudente parar e achar comida! De pruuuferência um belo bife ensanguentado!

Apesar disso Dite percebe que ele ainda mantinha o mesmo ritmo firme em seu voo.

Alguns quilômetros à frente, ela consegue visualizar uma cidade mediana.

- Hmmm eu acho que deve ser o Quebec! Ahhh eles têm um café excelente! E ótimas criações de ovelhas! Hmmmm carnudas e macias...

Com esta afirmação, Sabet aumenta a velocidade.

Dite olha o horizonte. Florestas, morros, um bando de onças pintadas correndo pelo campo... Onças pintadas? É, doze delas corriam em formação de flecha pelos campos verdes indo na mesma direção que eles.

Dite observa do alto enquanto alerta seus companheiros para uma descida para descanso e comida. Voando eles logo as ultrapassam, mas em 20 ou 30 minutos elas deveriam chegar à cidade também, ou ao menos passar por ela já que, percebe dite, elas parecem estar desviando levemente para passar por fora, pelo Oeste do centro populacional.

- Que desagradável... Elas estão tão confusas! Essa coisa em nossas cabeças mandando-nos seguir para o Norte... Agora que estamos mais pruuuximos, sinto que devemos ir mais para o Oeste...

À frente deles está uma cidade. Sabet anuncia que conseguiu ler em uma placa que se tratava de Timmins. A cidade mais ao oeste do Quebec, perto da Baía de Hudson que dividia o canadá e o quebec.

Eles começam a perder altitude. Lá atrás as onças ainda correm.

Quando pousam nas fronteiras da cidade, Dite logo percebe que se trata de uma cidade pequena mas bem organizada. Praças, hospitais e poucos prédios pontuam a paisagem cheia de verde do lugar. São cerca de 18h e a lua já sobe pelo céu crepuscular.

Dite chega na cidade e seus companheiros plumosos mantém uma altitude confortável, acompanhando-a enquanto a garota explora o local. As ruas são pouco movimentadas... Cafés estão quase vazios, os cinemas sem fila, os restaurantes com algumas poucas pessoas. Somente um local parece estar movimentado... A delegacia.

Perto dali ela encontra uma pousada. Dite entra e sorri. O atendente sorri de volta, parecendo pendurar-se na beleza da garota, e quando Dite faz seus pedidos ele prontamente a leva até uma área de alimentação com vista para o jardim interno da pousada. Ali seus companheiros encontram espaço para pousar e apesar dos mortais olharem estranho - alguns com surpresa, outros com admiração, seja lá o que vissem - ninguém questiona nada.

Um garçom trás o cardápio pra dite e prepara a mesa com o prato dela e as duas tigelas solicitadas, Sabet se aproxima curioso e pousa no encosto de uma cadeira tentando ler o cardápio também.

- Eu, claro, me contentarei com um filé à mignon à milanesa... Sem cebola, por favor!

Ele dança animado em cima da cadeira enquanto arruma suas penas vaidosamente.

Através de seu elo mental, Triger conta a dite que vira do céu as onças de mais cedo contornando a cidade, seguindo rumo ao Noroestre.
O pedido da garota (seja qual for) chega junto com o filé do pombo. O garçom hesita olhando a ave um momento, mas vira-se pra dite;

- A senhorita é nova por aqui, não é?

A moça desvia os olhos de Sabet, que ataca o filé mignon com a fúria de um dragão polonês, e vira-se para dite.

- Ahhh... Ah! Sim, delegacia, você viu? Nossa... A cidade está uma loucura esses dias... Há mais de um mês nós temos tido casos de desaparecimento de pessoas e de animais, e ninguém entende o que está havendo! Achávamos que estavam sendo sequestrados, mas... Os animais e as pessoas simplesmente acordam no meio da noite e saem da cidade. Foi captado pelas câmeras de vigilância de hotéis, e das câmeras de segurança da rua... Ninguém está levando, elas vão sozinhas! Deixam a família e os filhos... Uma loucura!

Ela parece feliz em fofocar, como geralmente ficam as pessoas de cidades pouco agitadas.

Sabet olha para a garçonete parecendo interessado também. Ele parte seu filé ao meio com as garrinhas de pombo (?) e leva um pedaço para Triger que engole de uma vez só.