O jovem filho de Hades aproveita da oportunidade e avança. Sua lamina se enterra no pescoço do lobisomem, que solta um ganido profundo e se debate no chão, desfazendo-se em sombras. O lobo mortal ao seu lado hesita um momento, ainda parecendo incerto se deve atacar o garoto ou ir ajudar sua senhora.

Charlie faz ainda mais carnificina. O lobo atrás dele recua pra evitar a finta do guri mas o segundo lobo não tem tanta sorte. A loba cinzenta tem sua cabeça decepada, o que parece só deixar o lobo castanho e gigante mais |Castellan|. Ele desvia o olhar de sua líder e encara Charlie com intensidade. Na verdade, tanta intensidade que seu olhar se incendeia em duas esferas de fogo. Ele se ergue nas patas traseiras como um urso bizarro e rosna do fundo da garganta. Charlie sente temor em seu interior, reconhecendo aquela técnica que ele também tinha... O olhar de fúria de um filho de Ares. E sabe que o proximo avanço do lobo será um ataque para matar, afinal, ele precisava ir ajudar sua chefe.

E por falar na chefe, esta estava tendo um momento difícil. Sangue vermelho mancha o asfalto e os pelos prateados e cinzentos dos dois lobisomens em luta. Eles se separam por um momento e se fitam a uma certa distância. A loba avança rápida como uma serpente para abocanhar o pescoço de Ragur, mas ele salta e faz o mesmo movimento que fizera contra Charlie, agarrando a nuca da loba e balançando-a, jogando-a pelo chão em direção a Jason. A loba cai e desliza a 2m do semideus, e a 4 do lobo.

Charlie ergue seu escudo para evitar o olhar de seu irmão lobo e puxa o gatilho. Por baixo da borda do escudo ele consegue ver o corpo do lobo se jogando pro lado, evitando o disparo, afinal ele já tinha visto aquilo antes e tinha os instintos afiados de um filho de Ares somados aos de uma fera selvagem. Charlie então recua tão rápido quanto pode, mas a velocidade das pernas traseiras do lobo superam a sua, e a fera se joga contra ele acertando-o com a pata são no braço que o filho de Ares levanta pra tentar se defender e jogando-o rolando a metros dali. O lobo cai rolando sem ter como sustentar o peso com uma perna faltando e se levanta novamente, balançando a cabeça. Ele parece não se abalar com a pata decepada e começa a correr de três (?) na direção de Charlie, a 6m dali.

Jason recua de fininho pra longe da loba que começa a se levantar, perdendo a chance de se jogar no pescoço dela com uma faca em cada mão. O garoto recuava com os olhos na lider quando sente uma dor lancinante em seu braço e, ao se virar, vê um lobisco com os dentes cravados nele. A fera de olhos dourador puxa o garoto e o joga rolando no asfalto. A adaga cai rolando ao seu lado. O escudo atrapalha-o de se erguer rapidamente, e o lobo já se aproxima lambendo o sangue nos beiços.

Ragur se aproxima lentamente de Hélice. Seus dentes estão vermelhos de sangue e a expressão em seu rosto é feroz, longe daquele jeito bobo que apresentou ao ver Charlie e chamá-lo para brincar como um cão faria. Agora seu cenho está franzido, distorcido numa expressão selvagem. A loba se levanta mas o lobo cinza se move como um relâmpago, mais ágil do que Jason o até mesmo charlie poderiam acompanhar, e suas garras abrem um talho no focinho de Hélice, que cai mais uma vez. Os cortes parecem se regenerar em grande velocidade nela, mas mais rapido ainda Ragur ataca mordendo e arranhando, abrindo novos ferimentos.

O lobo dispara. Charlie, porém, não se move um centímetro de onde estava. A ponta da espada de prata se finca no chão... Rachaduras se abrem no asfalto à medida que a força do garoto é liberada com uma onda de choque que atinge o lobo de frente, fazendo-o parar no ar por um segundo antes de ser empurrado de volta. Ele cai e rola no chão sem firmeza nas patas. Olhando-o Charlie percebe que ele ainda mantém sua velocidade de arrancada graças ao poder das patas traseiras, mas não pode mais manobrar com velocidade como os outros lobos fazem.

O enorme lobo castanho se põe de pé. Mas tudo o que faz é ganir e cair novamente sob o peso do seu irmão que se joga sobre ele fincando a espada em seu peito com todo o peso de seu corpo. O lobo tomba pra trás com a lamina enterrada em sua carne e se desfaz em sombras lentamente, o fogo em seus olhos morrendo.

Charlie se vira. A loba chamada Hélice solta um uivo furioso, parecendo sentir a morte de seu subordinado. Os dois lobos normais que restavam viram e correm em direção à floresta. O filho de Hades devia estar do outro lado do carro, pois ele não conseguia vê-lo, e logo um grito de dor lhe trás esta certeza. Do outro lado do automóvel, Jason se levanta com dificuldade. A adaga estava bem ao seu lado, então ele apenas a agarra e levanta tremendo de dor e medo. Lágrimas escorrem pelo rosto do garoto que se vê em uma situação quase tão ruim quanto a aluta anterior, onde o lobo jogou-se sobre ele mas apesar do ferimento ele não sente tanta dor. O dia ainda amanhecia e a estrada estava escura. A dor em seu braço parece pulsar, mas de alguma forma não o dilacera como deveria fazer, como se estivesse suprimida por um analgésico mesmo que fraco.

O lobo à frente dele avança mas Jason balança a adaga. A fera recua e tenta golpear o guri coma pata mas ganha um corte no membro e rosna pra Jason com raiva. Ele recua alguns passos em direção ao carro atrás dele, e a principio o semideus pensa que ele estaria amedrontado, mas logo percebe que ele estava se preparando pra dar um bote.