Eu me sentia estranho naquela situação, mas não por causa da falação dos outros modelos. O que eram eles perto das crianças crueis do ensino médio? Eles até eram melhores, porque não eram feios nem melequentos. O que era estranho ali eram as fantasias, as pessoas me tocando e fingir ser um zumbi para desfilar pra gente rica. Me perguntava para que servia um desfile daquele... Talvez as empresas de cinema se interessassem pelas habilidades deles da maqueadores, é isso. Só podia ser, né?

Quando entrei na passarela, tudo o que fiz foi tentar repetir o que tinha feito lá dentro nos ensaios, afinal, parecia ter agradado. Tudo parecia ir bem. As pessoas pareciam aprovar o estilo Meu Namorado é Um Zumbi, o que era estranho mas não de todo ruim, mas qundo olhei para o rosto de Miranda o olhar dela não parecia de interesse em minha fantasia. Parecia um olhar... Incisivo demais, perigoso. Isso me fez prestar mais atneção ao redor e assim que o fiz, pude notar os olhos vermelhos em meio às luzes de flashs e brilhos de joias.

Continuo minah performace até voltar para a área dos modelos atrás. Uma vez lá, olho para todos que estiverem no ambiente tentando reconhecer aquele olhar furioso que vira na plateia em alguém ali. O que seriam? quantos seriam? Que droga, eu achava que estaria seguro ali. Digo que precisava dar um pulo no banheiro e então tento correr para onde Henry está, para falar para ele sobre a presença das criaturas. Se eu topar com alguma eu viro e caminho na direção contrária, e se me cercarem pergunto "E aí, qual é a boa?"

Corro como um louco para o lugar onde tinha deixado minha espada, provavelmente algum armário, caso não tenha pego ela já quando troquei de roupas. Se estiver comigo eu já penso em uma forma de correr para... Para onde, inferno?

Corro tentando alcançar a rua. Curvo em corredores e disparo, tentando disfarçar um pouco ao passar por pessoas a quem Henry tivesse me apresentado. Eu precisvaa chegar ao Hotel, e rápido. Mas fugir daquelas criaturas era uma opção irreal, irreal demais.

Se eu conseguir minha espada eu corre enquanto aguço meus ouvidos e dou olhadas rápidas para trás pra ver se tinha alguém me perseguindo. Se sim dobro numa esquina e colo na parede pra sumir da visão de meu perseugidor mais imediato e, assim que fizer isso, já puxo minha espada e golpeio para atingir onde estaria chegando o meu perseguidor, calculando bem sua velocidade pra interceptá-lo assim que dobrasse na esquina. Tento atingir a região do tronco onde poderia causar um dano geral, mesmo que não fosse fatal, então começo a correr deixando a lamina se alongar com a ponta presa dentro dele e quando chegar a dois metros puxo com força para arrancá-la enquanto volto minha fuga, recolhendo a espada a sua forma original.

Se preciso tento bloquear ataques com a parte chata da lamina ou usando o ambiente; colunas, manequins, poltronas estofadas com pena de gansos virgens ou araras de roupas. Se passar por uma multidão, grito que fçans loucos estão tentando arrancar meu coro.

Pronto. Deu minha hora, penso conformado, mas seria desaforo demais me matarem de graça. Eles estavam com fome? Eu também. Estava com fome e com meu rosto coçando de tanto pó que haviam passado em mim, e estava irritado com todos os monstros e deuses possíveis que pudessem existir neste mundo. Naquele momento a bússola de Hera parecia pesar em meu bolso, lembrando-me que estava ali pronta para ser usada. Mas isso sim, seria desaforo demais.

Corro para longe. A adaga pulsava dolorida em meu braço, e xingo mentalemnte todos os palavrões que conhecia enquanto luto para ignorar as ondas lacinantes de dor espalhando-se da ferida. O quão feio estaria? Se eu tirasse iria sangrar mais? Caralho, isso estava passando dos limites, os monstros ficavam apenas mais bizarros a cada aparição.

Mantenho minha estratégia. Dou uma breve olhada adiante em busca de uma rota de recuo e vou correndo de lado, sem tirar os olhos dos inimigos atrás de mim. Se o inimigo me seguir por alguma esquina imediatamente enfio a espada nele quando cruzar aparecer. Tento fazer este truque também com qualquer obstáculo que permita que eu saia do raio de visão do primeiro oponente mesmo que por um breve momento; me jogo para trás de uma arara e espeto a espada para atingir o monstro por trás das roupas ou tento usar um manequin de escudo parame abaixar atrás dele e cortar as pernas do atacante com manequin e tudo.

Se alguma daquelas bestas me atacar eu tento usar a espada para bloquear. Se ver que seria inviável segurar o escudo com o braço ferido eu apenas lanço-o nas pernas de um homem-tigre pra tentar cortar seu pé com a borda laminada do equipamento, e continuo recuando. Se lançarem alguma adaga eu pulo pros lados encolhendo o corpo, e seguro a bainha da espada com a mão do braço ruim, afinal era uma forma de defesa e era mais leve do que o escudo, e tento usá-la também pra barrar ataques de adagas ou garras junto com a lamina.

Enquanto recuo eu busco por um lugar fechado como uma sala com janela. Se achar entro e viro-me para a porta, onde teria de barrar a passagem dos filhos da puta. Se poooor acaaaaaso achar um elevador aberto e tiver alguma vantagem, eu entro e tento fechar a porta apertando o botão de fechar loucamente e então clico no do segundo andar para cima para ganhar tempo de derramar um pouco da poção que me restava no ferimento do braço enquanto retiro a adaga, e bebo a outra parte. Mordo a gola da camiseta tentando ateunar a dor da feia ferida, e uso um pedaço da calça para enrolar o lugar firmemente. Se o elevador parar dois andares acima e nao hovuer nenhum monstro na porta, eu saio e me escondo em alguma sala de limpeza ou corredor ou no meio das roupas de um closet onde poderia tentar emboscá-los quando viessem me pegar.,

É isso, então?

Me perguntei quantos semideuses já haviam morrido da mesma forma que eu estava morreria agora. Esfaqueado, destroçado, picado em pedaços e comidos crús por monstros. Quer dizer, eles me comeriam crú, não é? Eu me sentiria melhor se fosse cozinhado, mas eu não tinha ideia do nível de selvageria da mente de uns monstros. Uns pareciam burros de pedra, outros tinham uma inteligência cruel nos olhos... Como aqueles gatos atrás de mim.

Desisto de correr. Aquelas coisas estavam literalemnte brincando comigo. A única vantagem que eu tinha era o fator surpresa do alcance de minha espada, e duvidava que fosse conseguir atingir mais de um monstro. Assim que vissem a primeira vez, aqueles gatos iriam esquivar da segunda. Eu deveria só desistir de uma vez?

Fuja!, gritou uma voz em minha mente, fazendo minha cabeça começar a doer e meu humor, afundar ainda mais. É, eu fugiria se pudesse, voz idiota. Fugiria, me esconderia e só sairia de meu buraco quando recebesse a notícia de que todos os monstros tinham morrido. Mas isso jamais iria acontecer, então, talvez eu só devesse deixar que me matassem. Ou talvez... Talvez enfiar a espada no meu próprio peito e acabar com isso de uma vez eu mesmo. Como havia pensado na noite anterior, tudo se resolve com morte; a minha ou a deles.

Um brilho atrai minha atenção e quando olho, vejo a bússola brilhando. Não me surpreendi em ver Hera sentada na sua mesinha tomando chá, e a vista dela só me deu mais raiva. Talvez ela mesma tivesse enviado aqueles monstros, apenas para me forçar a aceitar sua ajuda. Talvez ela estivesse assistindo cada passo meu enquanto comia pipoca no Olimpo, com servos servindo cada uma em sua boca. Dou um sorriso vermelho de ódio para ela enquanto aperto o punho da espada com toda a força. Será que doeria se eu cortasse a cabeça dela? Deuses sequer sentiam dor?

Eu não sei se eles sentiam, mas eu sim. Meu braço doía. Minha cabeça doía e meu peito ameaçava apertar em terror. O que eu faria? O que podia fazer? Como conseguir a ajuda de Hera, minha última chance de sobreviver ensta situação, sem me comprometer pelo resto da minha vida a serví-la como um mordomo homicida?

- Está certo, Hera. Você realmente sabe quando aparecer, não é? Sabe que eu estou prestes a morrer e que minha única chance é aceitar sua "ajuda". Está certo. Mas eu não sei se passar a vida inteira a serviço de um deus é uma opção melho do que morrer. Eu ainda nem sei o que sou direito. Nem sei o que quero fazer da vida. Não vou dar minha vida a você, mas... Me ouça.

Exibo minha espada sobre minhas mãos espalmadas à frente do corpo e ponho a bússola sobre ela.

- Isso é o que eu tenho a oferecer. Mande todos a mim, e eu matarei todos. Em seus berços ou em um campo de batalha, tanto faz, ninguém saberá, e você terá sempre um agente para fazer um favor em seu nome. Eu não sou o semideus mais forte, mas se a senhorita sentar e assistir, poderá ver crescer um amigo leal e útil. Só peço em troca minha vida e minha liberdade. Pode considerar como um investimento, ou um contrato, que pode durar enquanto tiver utilidade para nós. Uma vida por uma espada.

Tento falar com calma e convicção. Eu não tinha ideia do que se passava na mente daquela psicopata, mas também não sabia o que se passava na minha agora. Eu estava negociando a vida de bebês pela minha? Há! Eu deveria só aceitar a proposta de Hera, afinal, estava agindo igualzinho a ela. Poderíamos ter uma longa amizade juntos, cheias de morte e chás da tarde se eu aceitasse sua proposta. Seria tão ruim assim? Talvez não. Mas eu simplesmente não queria ser servo dela. Quem sabe o que poderia acontecer no futuro, que deuses eu conheceria e gostaria de me aproximar?

Aguardo a resposta da deusa, sentindo minha barriga revirar apesar de respirar mais calmo. Morrer ou não morrer? Heis a questão.

Sinto um leve arrepio na espinha, sentindo que estava trocando uma coleira por outra. Mas agora já era tarde.

- Eu Juro pelo Rio Estige que atenderei aos seu chamados, se me ajudar - digo, muito embora não soubesse as consequências daquilo.

Estava curioso sobre o que a deusa estava oferecendo. O que seria a tal coisa que eu queria e que poderia me ajudar a sobreviver ali? Não tinha ideia, mas esperava que fosse uma escopeta carregada de bronze celestial, pois seria minha maior chance de ficar vivo.