Enquanto assistia ao desfile, não pude deixar de me perguntar se algum dos meus colegas sequer pisou em uma fashion week alguma vez na vida… Aliás, me pergunto se eles sequer leram uma revista de moda fora da sala de aula. Será que realmente frequentamos as mesmas aulas? Tudo era muito absurdo: modelos ultrapassados, sem nexo nenhum, mal acabados e a lista só aumentava quanto mais eu observava. Sendo quem sou e como sou, sei que, sem sombra de dúvidas, sou a melhor ali, mas não pude deixar de ficar aborrecida com a falta de competição. Ok, não estamos na Parsons, mas eu esperava mais de alunos de uma faculdade tão prestigiada. penso comigo mesma ~

Os jurados, a princípio, pareciam estar mantendo uma expressão neutra, mas, ao observá-los, não pude deixar de notar suas microexpressões. Era quase como se eu conseguisse ler seus pensamentos de horror a tal atentado contra a indústria da moda. Não podia julgá-los. Eu, como aluna, não me sentiria confortável em presenciar tal absurdo, mesmo se eu estivesse sendo paga. Imagine de graça. De repente, percebo suas expressões mudarem e seus olhos brilharem. E, quando volto a prestar atenção na passarela, vejo que finalmente chegou a hora dos meus looks serem apresentados. Fico um pouco surpresa, pois os modelos estavam fazendo um trabalho melhor do que eu havia esperado.

Estava admirando meu trabalho impecável, quando ouço alguém dizer:

- Parem o desfile agora! Quem foi a responsável por criar tamanha obra de arte?!

Não fico nem um pouco surpresa quando olho novamente para a bancada de jurados e vejo James Holt à minha procura. Muito menos me sinto incomodada ao sentir o olhar de todos os outros alunos sobre mim, seguido por aplausos, talvez um pouco forçados, mas que simbolizavam a derrota deles e a minha vitória.

Me aproximo da banca dos jurados graciosamente, com um olhar de triunfo, cumprimento a todos e, por último, me apresento:
— Olá, senhor Holt. Me chamo Scarlett e sou a responsável pelas peças que acabou de ver.

Saio do carro com os cabelos em pé e um sorriso estampado no rosto.

— Tchaau, senhoras! Isso foi irado — Despeço-me das Irmãs Radicais Cinzentas dando tchau antes do carro desaparecer. O passeio tinh sido simpelsmente radical; elas não respeitavam nada nem ninguém, passavam batidas por todos e seguiam reto como um demônio. O frio na barriga de andar no taxi era como descer uma ladeira enorme de skate ou andar de montanha russa, mas com algum risco de morte.

Olhando ao redor, percebo que estamos num lugar bem... Grande. Coço a cabeça, pensativo.

— Apenas me acompanhe — fala Ariel, mas percebo que ela devia estar querendo pedir informações.

Mas eu não tava afim de falar com gente velha universitária então apenas vou até um banquinho, sento e respiro fundo, tentando acalmar a mente da recente excitação, mas ainda usando a adrenalina para aumentar minha atenção. Foco-me em meu radar mágico, expandindo-o e fechando meus olhos para me concentrar completamente nele.

Busco por auras dentro do meu alcance, focando sobretudo naquelas semelhantes às nossas; semideuses. Busco por qualquer resquício de presença mística, tentando sondar o território em busca da garota que estavamos ali para buscar. Também busco por auras adversas que pudessem pertencer a monstros ou espíritos da natureza, afinal os primeiros significam problemas e os segundos, possíveis fontes de informação.

Nível 1 – Herdeiro da Magia: Dentre os vários dons herdados de sua mãe, os filhos de Hécate possuem a capacidade de enxergar durante a noite e são capazes de sentir a assinatura de auras mágicas ao seu redor, pertencentes a criaturas (pode identificar outros magos e semideuses) ou objetos mágicos (dependendo da força do item mágico). O seu alcance e sua sensibilidade à magia dependem do número total de WIS em metros. Também desprendem de seus corpos uma aura mágica de igual grandiosidade. A precisão dessa habilidade aumenta quanto mais próximo do alvo/oponente, e diminui quanto mais longe.

Não esperava menos de um estilista como sr. Holt e não poderia concordar mais, eu deveria estar naquela passarela mas o importante é que ocorreu tudo bem, estava preocupada que a beleza dos modelos ou a falta dela, pudessem arruinar a minha obra de arte mas no fim deu tudo certo.

— Seria um prazer sr. Holt, tenho 1 hora antes da próxima aulda, onde o senhor gostaria de ir? — pergunto enquanto guardo o cartão de forma graciosa na minha bolsa da chanel.

Não que eu precise de um emprego, mas talves seja uma boa oportunidade de me desvencilhar da vida que minha familia decidiu pra mim e consquistar a minha independência — penso.

Pisco algumas vezes. Sinto o gosto da gelatina em minha boca e mastigo sua forma mole e doce antes de engolir.

- Ahh... Morango - tento comentar, como se não fosse óbvio pela cor vermelha da coisa. Mas outra coisa fora o sabor que tinha me feito despertar do que me pareceu um curto devaneio. Não foi a gelatina, então, o que? O cheiro, sim, foi o cheiro. Testo o ar em busca daquele cheiro que conseguia ser ainda mais doce, ainda mais gostoso do que a gelatina. Vejo um homem passar do nosso lado com alguns desenhos bonitos e uma garota ainda mais bonita do lado. Aquela moça poderia ser uma modelo samurai, totalmente. Ou um excelente cosplay de anime.

Olho meio apático para a mulher à minha frente. Quem era aquela tia, mesmo? Ah! É verdade, era a moça bonita que me levou pra um lanche. Que gentil... O mundo deveria ter mais moças que ofereciam lanches gratuitos.

"Nunca aceite nada de estranhos!", ouvi como um chicote em minha cabeça. De quem era esta voz, mesmo? Era uma voz velha, mas enérgica. Conhecida, mas por que sentia que há muito não a ouvia?

- ...vai ser mais ainda quando eu abrir seu estômago e sentir o gosto misturado com suas vísceras.

- Sim, é verdade - concordo enquanto aguardo que ela em dê mais uma colher da gelatina, e volto a encará-la, desta vez com mais atenção, como se realmente quisesse reconhecê-la, assimilar seu rosto para saber quem era. Eu a conhecia? Não, não conhecia. Então, por que estava sentado com ela em uma mesa comendo gelatina se eu deveria... O que eu deveria estar fazendo mesmo?

"Eles podem coloar droga na sua comida, ou no seu copo. Não aceite doces de ninguém que não conheça!", falou a voz novamente, como se eu tivesse ouvido tanto estas palavras que ficaram gravadas em minha mente. Mas, de quem? Quem era a dona daquela voz de velha na minha cabeça? Eu não andava muito com velhos, eu acho. A única era... Vovó.

Olho bem para a colher de gelatina erguida. Me sentia confuso. Queria comer, e agradar aquela mulher. Também queria comer porque adoro gelatina. Mas eu sempre odiei gelatina de morango, e de uva. Eu gostava de gelatina de Tangerina e Abacaxi, então por que eu estava tão satisfeito em sentar com aquela estranha e comer de sua gelatina?

Incomodado, tento concentrar-me em onde estava e no que estava fazendo antes de aceitar aquele convite. Mas de alguma forma, minha cabeça parecia simplesmente vagar para fora deste ponto. Então aperto os dentes começando a ficar um tanto irritado. O gosto da gelatina parecia estragado em minha boca de repente, como se estivesse criando nojo. Na verdade, medo... E se a vovó estivesse certa? Aquela moça simpática talvez não fosse tão amigável. Talvez quisesse me sequestrar e vender meus órgãos. Ela até tinha falado algo sobre vísceras, não era? O que era mesmo? Que a gelatina ficaria gostosa misturada a minhas vísceras, sim. Isso me parecia muito improvável... Entranhas e gelatinas não deveriam formar um gosto bom. Espere... Eu era um semideus. Realmente, quando sequestram semideuses, não vendem nossos órgãos, eles comem eles. Porque são monstros.

Monstros, tento ecoar na minha cabeça, e olhar bem para a mulher à minha frente, forçando minha consciência a despertar com toda a força, tentando sentir algo nela instintivamente. Eu era um semideus. Filho de Hécate. Eu estava em missão... Embora não pudesse exatamente lembrar de qual. Eu estava sendo sequestrado e engordado por um monstro, embora também não soubesse qual. Tento controlar minha respiração e me concentrar nela, meditando em buscade clareza. Tento recuperar minha vontade para conseguir falar sozinho. Eu não estava com a mente clara, mas se pudesse focar em algo além da mulher, em algo além do sabor horroroso da gelatina maldita de morango...

Sinto novamente aquele cheiro doce e volto a inspirar profundamente. Eu não sabia o que era, mas tinha sido ele a faísca para me fazer despertar ali, então agarro-me a ele e inspiro profundamente, buscando sentí-lo em sua plenitude e usá-lo como um antídoto para o torpor em minha mente ao misturá-lo com meu medo, ao senso de perigo que se apossava de mim e às palavras de minha velha vozinha, que me dava vontade de chorar de saudade. E claro... Ao meu repúdio pelo péssimo gosto daquela mulher para doces.

Se eu conseguir recuperar minhas faculdades mentais, volto a olhar para a moça diante de mim. Dou-lhe o sorriso mais encantador e inocente que um garoto de doze anos pode dar e abro a boca, esperando por mais uma bocada de gelatina, fingindo que nada me agradava mais do que isso.

- Eu também quero gelatina de uva depois que esta acabar posso? - digo em um tom pidão, então olho para a gelatina em suas mãos e abro a boca esperando mais.

Ao mesmo tempo, deixo minha mão sobre meu colo abaixo da mesa. Transmuto meu anel em uma espada prateada e, com telecinese, sem mover um único músculo em meu corpo, disparo a espada com toda a força contra sua barriga, visando empalá-la. E então giro a lâmina no próprio eixo para aumentar os danos.

Se der certo, levanto-me empurrando a mesa para cima dela, agarrando a espada por baixo com a mão e puxando-a. Olho ao redor em busca da dupla que tinha visto mais cedo, da dona do cheiro que tinha me despertado. Então corro naquela direção. Eu estava em missão, e a missão era uma escolta. Eu não entendia o que havia naquela garota, mas ela tinha me chamado a atenção e se era dela o cheiro que me atraiu, então, talvez, ela fosse uma de nós.

Se a monstra não morrer e me perseguir, eu... corro, do mesmo jeito.

Se eu não conseguir recuperar minhas faculdades mentais, então sou engordado como um porco e aguardo meu abate. É isso, eu te amo vovó.

Nível 1 – Telecinese : Você treina uma das magias primárias de um mago; a telecinese, que o torna capaz de controlar a matéria com a força de sua mente. O poder dessa habilidade equivale ao WIS do personagem e pode, por exemplo, erguer de um gato magrelo de 1kg até volumes grandiosos como carros, rochedos etc. O CONTROLE por telecinese equivale à WIS x1,5 e  o alcance da habilidade é equivalente à WIS/10. Consome entre 20 para ações simples até 120 de Energia em sua capacidade máxima, relativo a seu nível, e/ou critério do narrador.

- Espada Média “Lâmina de Doran” [Comum][+25% Resistência][Energia: 0/100][Oricalco e Diorito][Arcana][Encantamento: Leveza 50%][Encantamento: Retorno][Transmutação: Anel][|1|] Uma lâmina de diorito e Oricalco, extremamente leve. Possui pequenos cristais entremeados em meio ao metal que armazenam poder mágico. Se for segurada por alguém com 250 ou mais de WIS, seu gume emana energia arcana que aprimora levemente o corte e alcance como uma capa. Acima de 500 WIS a energia irradia com força, aumentando consideravelmente o poder da arma, e acima de 750 cada golpe lança arcos de energia arcana destrutiva. O metal mágico concede 10% de bônus em WIS para magias não-elementares e 5% para as elementares. Magias de controle consomem 10% menos energia sobre a espada [Telecinese, Geocinese, Aerocinese, etc]. A espada volta para o seu dono em forma de anel depois de 3 rodadas caso seja perdida. (Roubada pelo semideus safado de Satoru Gojo)

Passivas Importantes:

Fico tão absorta em minha conversa com o sr. Holt a caminho do café que por um momento até esqueço sobre toda aquela história de ser uma semideusa.

Ao chegar no café noto que o lugar está um pouco diferente e muito mais vazio que o de costume mas a principio não me importo, o ambiente parece muito mais agradavel aos ouvidos sem todo o cócoco de alunos eufóricos e mal educados. Enquanto caminho até a minha mesa noto uma cena bem estranha, uma mulher alimentando um garoto esquisisto que parecia ter por volta de uns 12 anos, me pergunto se o garoto já não esta muito velho para ser alimentado como um bebe - penso, mas como não é da minha conto ignoro a cena e apresso o passo para minha mesa.

Quando sentamos a mesa senhor Holt me mostra seus sketchs e pede a minha opinião, analiso muito bem os desenhos e digo:

— Sr. Holt, fico lisonjeada por ter me mostrado seus sketchs, mas eu tenho que ser sincera com o senhor. Eles não estão muito bons, principalmente se você deseja mostrar a sra. Priestly. —  digo sem rodeios com uma expressão encantadora kkj.

Olho para o senhor Holt com uma expressão charmosa e confiante e antes que ele possa dizer qualquer coisa e continuo:

— Analizando seus modelos fica claro que eles não têm muita personalidade. Você usou elementos orientais, mas não soube combiná-los de forma criativa e original. Eles parecem genéricos e sem graça. —  Explico, apontando para os desenhos.

— Além disso, eles não têm equilíbrio. Você misturou cores, tecidos e bordados que não se complementam. Eles ficaram pesados e exagerados. Você precisa ter mais cuidado com a proporção e a harmonia dos elementos. —  digo enquanto aponto para os detalhes.

— E por último, eles não têm elegância. Você não levou em conta o caimento, o corte e o movimento das peças. Eles ficaram sem forma e sem vida no tem tompêro. Você precisa pensar em como as roupas vão ficar no corpo e como elas vão se mover com a pessoa que as usa. - finalizo apontando para os modelos que precisam de um caimento melhor e olho de volta para ele com cara de quem nunca errou na vida.