O filho de Apolo se viu diante daquilo que menos esperava, ele mesmo. Entrou em posição defensiva por alguns instantes e começou a andar em diagonal para ver a intenção de sua cópia. O mesmo, não o atacava, porém mantinha o arco apontado em sua direção. Seus olhos vazios continham frações de medo e dúvida, e talvez os olhos de Enzo refletiam o mesmo.
O terreno era tão belo mas ao mesmo tempo, tão solitário. Quando ainda era conhecido por Stark, esse lugar talvez fosse o perfeito para o campista. Agora, ele era rodeado de amigos e companheiros. Alguns dos mais inusitados, como o melancólico filho de Hades Gean. Outros tornavam seu dia cada vez mais belo, como sua irmã Alice. Natham era agora alguém respeitado. E Enzo estava em uma missão entregue pessoalmente pela Deusa da família.
Porém, aquele em sua frente parecia ele de algum tempo atrás, ainda parecia o pobre Stark. E foi com esse pensamento em mente, que o campista viu seu reflexo abrir os lábios secos e escuros para falar.
– Você não pode machuca-lo.
Machucá-lo? Desde quando essa era a intenção de Enzo? O filho de Apolo não era um assassino de bebês, e estava aqui apenas para proteger o legado de Hera. Ou será que queria? Ou devia? Com essas dúvidas em mente, e um cheiro leve de pêssego, a Deusa da família apareceu em suas costas.
– Este é o espelho da dúvida. – Ela colocou a mão em seu ombro, como consolação. – Ele traz à tona toda a relutância humana em agir, tudo aquilo em que estamos divididos. – O filho de Apolo parecia não entender, até os finos e delicados lábios rosados da Deusa falarem – Mate o bebê.
Essa não era exatamente a missão de Enzo, ele havia sido chamado para defender a família de Hera e não assassinar crianças. Porém, ele se lembrou de quando ela o chamou para esta missão. Chorando. A Deusa havia dito que Zeus tinha traído ela novamente, porém desta vez havia manchado o orgulho de tudo que Hera representava. O campista soube assim que se lembrou que aquele bebê era o novo filho do Rei. E Hera jamais poderia interferir no seu destino, Zeus a impediria.
Porém, porque havia relutância nele se o semideus sequer sabia o fim de sua missão. Enzo estremeceu com a ideia de que no fim das contas, sempre soube. No fundo, ele soube o desejo de Hera assim que entrou por essa porta e seus ideais se colidiram. Deveria seguir à qual lado? Obedecer a Deusa ou dar um passo para trás e seguir seus instintos?
Ele sentiu seu olho esquerdo escurecendo, e a sua cópia fez o mesmo. Com um olho negro e demoníaco e o outro normal. O demônio que estava possuindo-o sussurrou. “Você pensa que eu sou a criatura das trevas dentro de você? HAHAHA! Mal sabe você que fui atraído pela escuridão em seu espírito”. Estremeceu ao ouvir a criatura falando. E lembrou-se de Gean conversando com ele no acampamento. “Todos nós temos um lado negro, mas todos temos a escolha de abraça-lo ou não”.
– E agora? Como vai ser? – Hera exibia um rosto misterioso, ilegível...