Sinto o ardor em minha pele e paro de cortar o cinto, suspirando. É, estava enrascada. Observo a mulher com atenção, utilizando de minha herança materna como [Herdeiro da Magia] para saber quão poderosa a mágica dela seria. Ela cita uma mestra... e diz que não quer me machucar, o que claramente é controverso devido ao feitiço que colocara.

- Não é nada pessoal, mas não posso lhe entregar. Quem sabe, se me disser quem é sua mestra, não podemos ir juntas? Também não quero brigar com você, acredite. - Confesso com um sorriso sincero, tentando ignorar o corte. Observo o vagão para ver se tinha alguma luz do sol entrando por ali.

Aquilo era verdade, desde que virara sacerdotiza eu não me interessava mais por lutar, apenas em questão de vida ou morte, ou em prol de minha lady. Mas aquilo não anulava meus poderes, sabia que ainda tinha muito o que aprender, mas já era razoavelmente forte.

Passivas:

Beatrice... é a única coisa que lembro antes de apagar. Minha cabeça lateja enquanto abro meus olhos e me assusto de inicio com a cena que vejo, estava num carro totalmente desconhecido com a mulher que se apresentara como Beatrice e o homem que pagara minhas passagens. "Ok, não se desespere. " penso comigo mesma e respiro fundo, tentando me acalmar.

- Onde estamos? Quem são vocês? - Eu pergunto com minha voz tranquila, observando a paisagem desértica e também desconhecida. "Céus, um lugar tão seco... seria relacionado com o local que milady mencionara, o lugar que carecia de empatia?"

Ok, que típico de sequestro pacífico era aquele? Ela me joga o saco de lanche e eu pego, arqueando uma das sobrancelhas de forma confusa. Beatrice realmente tinha cumprido com um acordo que eu nem terminara de propor. A pergunta agora é, quem era a mestra dela e o que queria com a bússola de Héstia? Observo o terreno e o meu próprio cinto, eu poderia sair dali, mas ficar no meio do nada sozinha e sem transporte seria suicídio.

- Ah, entendi. - Digo então, segurando o lanche. Observo o motorista com atenção, aquela inquietação que passara por seus olhos momentaneamente me alarmam. Estaria ele receoso de me levar? Precisava colher informações, tentar entender o quão enrascada estava. - Então... Você pagou minhas passagens, obrigada. Pensei que seriamos amigos na viajem.

Depois de orar dou uma olhada e vejo uma caixinha de fósforos, mas decido não mexer. Ignoro o diabrete que certamente ficaria me vigiando e vou até o banheiro em busca de alguma privacidade. Ao fitar o espelho, me assusto, levando a mão direita ao peito com uma cara de espanto. Minha líder se apresentava no reflexo e começava a falar. A escuto com toda a atenção do mundo, agradecendo mentalmente por conseguir algum contato com ela.

Antes que eu possa falar algo ou tentar perguntar, a filha de Afrodite some e escuto uma Beatrice enfurecida no quarto. Plínio? possuído? grupo terrorista? Certamente teria que pensar nisso depois. Saio do banheiro e entro no quarto esfregando as mãos, como se tivesse acabado de secar e finjo uma expressão confusa.  Confiava em minha líder e agora, precisava começar a tentar formar alguma aliança... embora Beatrice me parecesse muito... explosiva.

- Tudo bem? - Levanto as sobrancelhas e sento na cama, com as mãos para trás, aproveito e guardo a caixinha em meus bolsos, de uma forma sucinta para que ela não perceba. - Aconteceu alguma coisa?