Com minhas pernas presas e ainda estando no chão, eu não poderia correr do ataque dela. Sendo assim, assim que vejo seu chicote se armar para o golpe, eu tento rolar para o lado, mesmo com os pés presos aquilo poderia funcionar. Caso consiga desviar, ainda no chão e observando minha adversária eu ergo a minha varinha da lua nova e efetuo um [Disparo Mágico], mirando no peito da dracnae. Eu sabia que a distância poderia me favorecer, então foco minha concentração totalmente nisso, para que conseguisse de fato realizar o ataque.

Ativa:

Passivas:

Ja estava me preparando para tomar uma chicotada quando escuto a voz de Morgana ressoar pelo salão, ordenando que sua serva parasse. A encaro com uma expressão de dúvida, por que diabos ela faria isso? Me sento no chão, soltando a rede de minhas pernas e levantando-me novamente. Guardo meu chicote em meu cinto, ainda segurando a varinha. Me sinto fraca, havia abusado demais de meus poderes.

Vejo-a se aproximar até mim, ordenando como se eu fosse uma de suas servas também. Aquilo me deixa incomodada, mas não falo nada. Infelizmente, não estava em local de discutir e muito menos lutar, agora com minhas energias enfraquecidas. O canto de minha boa se enrruga, era um pequeno tique que tinha desde criança, não conseguia controlar quando estava incomodada com algo. Então, ando até as jaulas, olhando todos os bichos com um olhar triste. Infelizmente só conseguiria me comunicar com os lobos, então me abaixo na frente das grades deles e os olho.

Passiva:

Nós somos usados para diversos fins, as vezes rituais, as vezes como servos... Se puder escolher, por favor, leve nosso filhote e escape. Ele não merece isso. - A loba diz, aquilo me entristece de uma forma inexplicável, era horrível saber que aqueles animais puros eram usados daquela maneira. Eles deveria ser livres, viver suas vidas na natureza. Lágrimas se formam em meus olhos ao pensar em como o ser humano poderia ser tão ruim, e aqueles com poder ainda pior. Então, ela me traz seu pequeno filhote, ele era a coisinha mais fofa que já vira em toda a minha vida. O pego no colo com todo o cuidado do mundo, as lágrimas caem mas um pequeno sorriso se forma em meu rosto, olhando o pequeno lobo. Seus pelos dourados me lembram de Héstia, e do motivo de eu estar ali. Olho a mãe dele e penso;

Então, aproximo o filhote de meu peito, fazendo carinho entre suas orelhas e segurando-o de forma que ficasse confortável. Seco as lágrimas em meu rosto e volto a me acalmar, me levantando e olhando uma ultima vez para as jaulas. Meu sangue esquenta, como se a chama de uma determinação de fazer a coisa certa começasse a se formar. Então me viro para enfrentar o que quer que Morgana tivesse.

Passivas:

Me aproximo do espelho, próxima a Morgana. Ela fica em minhas costas, segurando os meus ombros e aquilo me incomoda mais ainda, mas nada falo. Então, ela começa a explicar sobre as propriedades mágicas do espelho que respondem a seu simples toque... Somente aquilo já me faz desacreditar de sua palavra. As imagens que se seguem, não me dão fé alguma para o que ela estava dizendo. Mesmo sendo uma imagem clara e eu me reconhecendo ali, jamais concordaria num futuro como aquele. Eu preferia morrer em devoção á Héstia do que apoiar Morgana.

Ela se afasta e encaro meu reflexo, poderosa. Mas não sinto absolutamente nenhuma emoção com aquilo. Eu já tinha dito á Beatrice que não buscava poder,  claro que acreditava ser necessário mas era para ser apenas uma consequência de meu estudo e experiência, não assim. Um poder corrompido.  Então minha atenção é tirada do espelho pelo som da porta se abrindo violentamente.

- O ESPELHO PODE TE LEVAR ATÉ QUEM VOCE QUER, ENTR...-  Diz o motorista, me surpreendendo por sua coragem. Morgana o transforma em uma galinha... e me pergunto se os outros animais já tentaram contradize-la algum dia.  A olho com descrença, encarando sua adaga e o motorista agora galinha. Ele dissera sobre alguém que eu queria... "Plínio? Entre? Entregue?" Não saberia dizer, pois fora interrompido.

- Ignore o que ele diz querida, onde estávamos? - Ela continua como se fosse a coisa mais normal do mundo fazer aquilo com uma pessoa. Dou um passo para trás, colando minhas costas no espelho, encarando-a de forma neutra. Por dentro, eu sentia pena por realmente acreditar que eu concordaria em servir alguém como ela, pena por ser uma pessoa condenada á maldade. Pena porque compartilhávamos do mesmo sangue, e não me via em um fio de cabelo da mulher em minha frente.

- Estávamos... negociando. - Tempo. Precisava entender como o espelho poderia me levar. Me viro novamente o encarando e imagino fortemente uma passagem para o desconhecido homem que precisava encontrar, Plínio. Toco o espelho com a ponta de meus dedos, concentrando minha magia natural ali.

Como pensara ser possível, vejo um homem em uma sala, rodeado de papéis. Esse deveria ser a pessoa que eu procurava, agora só bastava adentrar no espelho... com a sensação de borbulhar, talvez pudesse me forçar para dentro. Então, minha atenção também se volta para o motorista e ouço Morgana menospreza-los. Em um passe de mágica, ela desfaz cada ser em sangue. Meus olhos acompanham aquilo com verdadeiro horror, como alguém poderia sere tão cruel? Eram vidas, descartadas por uma criança birrenta com poder.

Sentia o sangue dos animais em minhas vestes, apenas deixando-me ainda mais incrédula e com... raiva. Fazia tempo que não sentia esse tipo de sentimento, mas Morgana era a demonstração exata de tudo o que eu lutava contra, o motivo de ter virado Sacerdotiza de Héstia. Alguém que ia totalmente contra a paz, insensível e gananciosa. Seguro mais forte o lobinho e nem espero que ela volte a realmente prestar atenção, junto com o filhote eu me forço num impulso para dentro do espelho, esperando que aquilo funcionasse.