Sentado na cadeira do avião eu me encosto na janela, colocando o cinto como se isso fosse me impedir de morrer e me encolhendo em minha jaqueta. Cubro a cabeça com o capuz e dou uma olhada de canto de olho para Henry, ainda sem jeito. Solto um suspiro.
Quero um cigarro, penso.
Eu também, responde o corvo dentro do casaco de Henry.
Suspiramos juntos.
Olho para o céu do lado de fora por um momento, com mais uma preocupação na cabeça. Agora, outra viagem aérea. Eu iria cobrar pessoalmente de Quíron uma excelente recompensa por esta missão. Um centauro velho de dez mil anos certamente teria uma montanha de dinheiro, armas e coisas interessantes estocadas em algum lugar.
Fecho os olhos e tento relaxar. Limpar a mente, meditar, blá blá blá. A verdade era que minha cabeça estava mais bugada do que nunca. A última vez que eu tinha me sentido daquela forma, tão assolado por minhas próprias emoções, tinha sido no dia em que me descobri um semideus. Quem diria que uma missão poderia sofrer uma reviravolta tão grande assim, do nada!? O encontro com Gabe tinha mudado... Tudo. Eu agora entendia que monstros não eram a única coisa com que um semideus deveria ter cuidado neste mundo. Há coisas piores.
Mas por fim, a escuridão veio. Sinto meu corpo afundando, e deixo. Me entrego à sensação de queda enquanto a consciência e o corpo afrouxam seu elo, enquanto meu espírito aos poucos adentra o mundo dos sonhos.
Abro meus olhos em meio àquele mar negro. Podia ouvir um zumbido no ouvido, como algo vibrando no ar irritantemente, mas tento ignorar. Foco minha mente, forçando memórias que eu normalmente evitava mas que hoje, em específico, não saíam de minha cabeça.
Hades. O lugar, não o meu pai. Talvez ambos fossem o mesmo, mas era do submundo que eu tentava lembrar. O rio translúcido que levava as almas, o barqueiro encapuzado que guiava o barco. A costa de areia negra onde aportamos e… E aí, Hades. O lugar e o cara. Fitando o escuro, eu ainda podia ver sua figura majestosa, mas estranhamente melancólica, esperando-me na margem. Olhá-lo foi uma sensação estranha e fascinante. Em meio àquela paisagem completamente negra e cinza, a figura de Hades ainda se destacava com sua túnica que era, impossivelmente, mais escura que o pretolembrei do anime Darker than Black :v otaku references.
Foco nesta imagem, neste cenário, e fecho meus olhos mais uma vez.
Lembro-me do som das águas correndo como mil fantasmas sussurrando em miséria - o que era, de fato, afinal é por isso que o chamam de Rio das Lamentações.
Lembro-me da areia se movendo e estralando como se fossem cacos de vidro - que, bem, eram.
Lembro-me do ar fedorento, áspero, viçoso, como se carregado de veneno - não preciso dizer que isso também não é uma força de expressão, correto?
Lembro-me do castelo de Hades, espetando o horizonte em direção ao que deveria ser o céu, mas era apenas um amontoado de nuvens vermelhas escondendo o teto absurdamente alto de uma caverna.
Aos poucos substituo aquele vazio à minha volta com estas sensações. A areia vítrea sob meus pés. O som do rio em meus ouvidos, vindos de minha frente. O som oco e irritante do submundo, que parecia respirar como um enorme ser vivo, lentamente, profundamente. Abro os olhos, encarando a paisagem aberrante do submundo.
— Lar, doce lar - Digo. Afinal, percebo com certo divertimento, todos ali podiam me ouvir, mesmo.
Olho para o castelo de Hades no horizonte. Será que ele estaria lá? Provavelmente, aquele velho preguiçoso tinha cara de um nerdão que passava o dia inteiro reclamando no trono. Apesar disso, eu tinha uma sensação engraçada que beirava ao acolhimento vinda de sua lembrança. começo a caminhar em direção ao castelo e então me lembro que eu não tinha um corpo de fato e que, portanto, não precisava andar. Então apenas fito sua torre mais alta e imagino-me me aproximando dela, aproximando minha perspectiva até estar, então, sobre seu topo, assistindo o submundo de cima, como… Um deus. Ao menos, um semideus.
— E aí, pai — falo, projetando meus pensamentos naquela direção — eu estou aqui para fazer a bagunça que eu falei que faria. Sinto muito por dar trabalho, mas…
Enfio a mão no bolso e puxo o diamante das almas onde Gabe estava, encarando-o e percebendo que ali no submundo ele ganhava novas cores, novos tons, como se a atmosfera morta lhe desse vida.
Um irmão meu foi sequestrado. Torturado… Atormentado, quebrado de todas as formas, escravizado como uma besta. Eu não sei o que você sente sobre isso… Mas eu, sinto ódio.
Emano meus sentimentos, minhas lembranças, minha dor. Cada sensação que tive quando vi as memórias da vida de Gabe, a imagem dos olhos vermelhos, as torturas, os trabalhos forçados. Sinto meu espírito tremular, afetado por uma ansiedade cheia de raiva. Eu queria que Hades soubesse para que eu estava ali, e que soubesse que eu usaria todo o poder que ele me deu para fazer isso, ele gostando ou não.
Eu não quero ajuda. Não a sua… De você, eu só quero permissão.
Então tento expandir ainda mais meus sentidos. Aperto o diamante das almas, sentindo a alma de Gabe dentro dele como se lhe pedisse por forças, ou como se tentsse entrar em sinergia com meu irmão para encontrar assinaturas iguais às suas naquele lugar; eu queria os outros filhos de Hades. Eu queria todos os malditos filhos de Hades enfiados anquele buraco velho e fedorento. Todos que tinham aquele sangue maldito que não nos deixava descansar, nem esquecer, mesmo depois de fechar os olhos para sempre. Lentamente, mas contantemente, começo a espalhar minha presença, meu chamado, minha Mensagem.
Transmito a todos o que tinha transmitido a Hades. Uso da energia sombria daquele lugar maldito a meu favor para deixar que vissem o que vi. Eu sentia por Gabe expor seu passado desse jeito mas, como eu disse… A finalidade era tudo o que importava. Matar aquela vadia era tudo que importava. E não matá-la de forma simples… Ela precisava morrer em terror, com dor, e afogada nos próprios arrependimentos.
Começo então a dividir minha propriocepção entre minha alma e meu corpo, sentindo o vínculo entre os dois. Eu precisava encontrar uma passagem através daquele inferno até a ilha onde estávamos indo, então começo a sondar as entradas e saídas do submundo a partir dali, do topo do castelo de Hades, seu epicentro. Assim que conseguir sentir um caminho que leve a nosso destino, eu passo ao próximo passo; espalhar minha autoridade sobre as almas ao redor, assumindo o controle sobre suas mentes com todo o meu ódio e toda a minha vontade, dando-lhes uma ordem única;
Gravo o caminho a fogo em suas mentes, indicando-as o caminho mais curto até o destino. Clamo pelas almas vagantes, aquelas nas filas para o julgamento, aquelas perdidas nos Asfódelos. Busco força em meu ódio. Busco ódio em minhas memórias… E eu tinha muitas memórias odiosas, ah eu tinha, sim.
Se der certo, eu por fim olho para baixo tentando sentir a presença de meu pai. Admiro a paisagem por um momento, sentindo uma estranha nostalgia melancólica. Novamente, aquela estranha sensação de acolhimento.
— Obrigado... Por antes.
Falo esta ultima parte para Hades. Não sabia se estava agradecendo pelo que fez por mim quando me permitiu viver novamente, mesmo indo contra as leis do mundo, dos deuses e dele próprio, ou se era pelos poderes que recebi junto à maldição de ser seu filho, que me permitiam, ao menos, lutar. E melhor do que a maioria. Sem ônus sem bônus. Filhos de Hades carregavam ambos. Uns em maiores doses do que outros. Às vezes, até demais.
Enfim, volto a me concentrar. Iamgino o mundo desaparecendo à minha volta, sendo substituído novamente por aquela escuridão vazia, ou quase. Preenchida por um zumbido irritante e constante que incomodava nos ouvidos. Aos poucos volto a sentir meu corpo e começo a ser puxado para cima, indo em direção a ele e aos poucos me "encaixando".
Abro os olhos, sentindo o friozinho do arcondicionado do avião. Me encolho um pouco e percebocom um sobressalto que estava escorado sobre o ombro de Henry.
Endireito-me rapidamente e olho para ele, fitando-o por um momento como se estivesse relembrando como era um rosto vivo depois de ver um mar de almas.
Faço um "V" pra ele com os dedos.
— Voltei. A cavalaria está a caminho.
Então conto-lhe o que tinha acabado de fazer - ou tentado, caso não tenha dado certo.
Quero um cigarro, penso.
Eu também, responde o corvo dentro do casaco de Henry.
Suspiramos juntos.
Olho para o céu do lado de fora por um momento, com mais uma preocupação na cabeça. Agora, outra viagem aérea. Eu iria cobrar pessoalmente de Quíron uma excelente recompensa por esta missão. Um centauro velho de dez mil anos certamente teria uma montanha de dinheiro, armas e coisas interessantes estocadas em algum lugar.
Fecho os olhos e tento relaxar. Limpar a mente, meditar, blá blá blá. A verdade era que minha cabeça estava mais bugada do que nunca. A última vez que eu tinha me sentido daquela forma, tão assolado por minhas próprias emoções, tinha sido no dia em que me descobri um semideus. Quem diria que uma missão poderia sofrer uma reviravolta tão grande assim, do nada!? O encontro com Gabe tinha mudado... Tudo. Eu agora entendia que monstros não eram a única coisa com que um semideus deveria ter cuidado neste mundo. Há coisas piores.
Mas por fim, a escuridão veio. Sinto meu corpo afundando, e deixo. Me entrego à sensação de queda enquanto a consciência e o corpo afrouxam seu elo, enquanto meu espírito aos poucos adentra o mundo dos sonhos.
Abro meus olhos em meio àquele mar negro. Podia ouvir um zumbido no ouvido, como algo vibrando no ar irritantemente, mas tento ignorar. Foco minha mente, forçando memórias que eu normalmente evitava mas que hoje, em específico, não saíam de minha cabeça.
Hades. O lugar, não o meu pai. Talvez ambos fossem o mesmo, mas era do submundo que eu tentava lembrar. O rio translúcido que levava as almas, o barqueiro encapuzado que guiava o barco. A costa de areia negra onde aportamos e… E aí, Hades. O lugar e o cara. Fitando o escuro, eu ainda podia ver sua figura majestosa, mas estranhamente melancólica, esperando-me na margem. Olhá-lo foi uma sensação estranha e fascinante. Em meio àquela paisagem completamente negra e cinza, a figura de Hades ainda se destacava com sua túnica que era, impossivelmente, mais escura que o preto
Foco nesta imagem, neste cenário, e fecho meus olhos mais uma vez.
Lembro-me do som das águas correndo como mil fantasmas sussurrando em miséria - o que era, de fato, afinal é por isso que o chamam de Rio das Lamentações.
Lembro-me da areia se movendo e estralando como se fossem cacos de vidro - que, bem, eram.
Lembro-me do ar fedorento, áspero, viçoso, como se carregado de veneno - não preciso dizer que isso também não é uma força de expressão, correto?
Lembro-me do castelo de Hades, espetando o horizonte em direção ao que deveria ser o céu, mas era apenas um amontoado de nuvens vermelhas escondendo o teto absurdamente alto de uma caverna.
Aos poucos substituo aquele vazio à minha volta com estas sensações. A areia vítrea sob meus pés. O som do rio em meus ouvidos, vindos de minha frente. O som oco e irritante do submundo, que parecia respirar como um enorme ser vivo, lentamente, profundamente. Abro os olhos, encarando a paisagem aberrante do submundo.
— Lar, doce lar - Digo. Afinal, percebo com certo divertimento, todos ali podiam me ouvir, mesmo.
- Habilidades Importantes:
- Nível 1 – Herança do Rei [Inicial]: Como todo bom filho de Hades, o sangue do rei do submundo corre em suas veias, garantindo-lhe características bem peculiares. Os filhos de Hades possuem uma aparência quase doentia, com pele pálida e um olhar geralmente morto. São capazes de enxergar no escuro tão bem quanto se fosse dia, e conseguem sentir a presença de espíritos nos arredores, bem como interagir com eles.
Nível 1 - Elo da Morte: As forças da Morte e do Sono são deveras semelhantes e seus planos, gêmeos. Para os filhos de Hades, herdeiros de grande influência sobre a Morte, o Sono também está apenas a um passo de distância, de forma que quanto mais usam seus poderes mais se sentirão sonolentos. [Se usarem demais suas forças, sobretudo com habilidades além de seu limite, o semideus começa a perder uma % de VONT por rodada que usar mana, a critério do narrador. Apenas em lutas exaustivas ou com abuso de energia]. Esta ligação, porém, também permite que viajem facilmente através do plano dos sonhos quando estiverem dormindo ou em transe, realizando uma espécie de projeção astral até o sonhos dos outros ou lugares conhecidos - funciona bem sobretudo pelo submundo.
Nível 2 – Príncipe dos Mortos: Todo e qualquer tipo de espírito ou criatura do submundo será capaz de reconhecer o Príncipe do Submundo, eles reconhecem a aura do filho de Hades e através de sua força (WIS) eles podem ou não o respeita como tal. Dependendo de sua força eles podem o desafiar, bem como prestar-lhes serviço. Acima de 650 WIS os mortos e qualquer criatura nefasta nascida da escuridão do mundo inferior irá respeitar e obedecer o filho de Hades, curvando-se diante do Herdeiro do submundo. Mesmo os monstros o reconhecerão, e os mais fracos, desde que já tenham provado o horror do tártaro, poderão obedecê-lo.
Nível 7 – Coração de Pedra [Inicial]: A personalidade forte e odiosa dos filhos de Hades basicamente “blinda” seus corações e mente, quando em situações de intimidação ou lisonja eles ganham 5% do WIS como bônus em FORT.
Nível 7 - Mensageiro do Hades: Os filhos de Hades possuem uma crescente influência sobre o submundo e a morte em si. São capazes de sentir a aura de morte sobre criaturas que estejam próximos da morte, seja qual for a razão, e também sentem quando pessoas conhecidas morrem, mesmo que estejam longe. O poder aumenta com o tempo e o poder do personagem. [Até 150 WIS: Conseguem sentir a morte em criaturas próximas, bem como a presença de Fantasmas próximos. Até 300 WIS: Podem comunicar-se à distância com fantasmas, e enviar mensagens mesmo à distância. Conseguem sentir a morte nos lugares (onde pessoas já morreram, e como morreram), e até mesmo prevê-la (prever quando a aura da morte ou um ceifador aguarda a morte de alguém). Acima de 400: Conseguem sentir e comunicar-se mentalmente com os fantasmas de uma cidade inteira].
Nível 8 – Arauto da Sombra [Inicial]: Quando em ambientes escuros (noite, caveras de iluminação fraca, etc) os filhos de Hades têm suas forças aumentadas ao ápice, tornando-se mais ágeis e suas magias mais potentes (5% de AGI e WIS). Efeitos potencializados em ambientes completamente desprovidos de luz (10% de AGI e WIS).
Nível 9 – Herança do Rei [Intermediário]: Os olhos de um filho de Hades são de um negro profundo e enxergam ainda melhor no escuro do que na luz. A partir de agora o semideus começa a ter uma ligação maior com o reino do seu pai, conseguindo pressentir entradas próximas para o submundo e sabendo como se virar por lá, tendo uma certa noção (porém não muito precisa) do que fazer para sobreviver e quais lugares evitar, neste nível é tudo ainda muito instintivo e não racional, ele apenas sabe que aquele rio ele não deve entrar porque é perigoso, mas não sabe exatamente o porque disso. O alcance da "premonição" é equivalente ao WIS em metros.
Nível 11 – Radar Tartárico: Agora os filhos de Hades possuem uma espécie de radar, capaz de localizar monstros nas proximidades. O Radar tem o alcance de WIS em metros.
Olho para o castelo de Hades no horizonte. Será que ele estaria lá? Provavelmente, aquele velho preguiçoso tinha cara de um nerdão que passava o dia inteiro reclamando no trono. Apesar disso, eu tinha uma sensação engraçada que beirava ao acolhimento vinda de sua lembrança. começo a caminhar em direção ao castelo e então me lembro que eu não tinha um corpo de fato e que, portanto, não precisava andar. Então apenas fito sua torre mais alta e imagino-me me aproximando dela, aproximando minha perspectiva até estar, então, sobre seu topo, assistindo o submundo de cima, como… Um deus. Ao menos, um semideus.
— E aí, pai — falo, projetando meus pensamentos naquela direção — eu estou aqui para fazer a bagunça que eu falei que faria. Sinto muito por dar trabalho, mas…
Enfio a mão no bolso e puxo o diamante das almas onde Gabe estava, encarando-o e percebendo que ali no submundo ele ganhava novas cores, novos tons, como se a atmosfera morta lhe desse vida.
Um irmão meu foi sequestrado. Torturado… Atormentado, quebrado de todas as formas, escravizado como uma besta. Eu não sei o que você sente sobre isso… Mas eu, sinto ódio.
Emano meus sentimentos, minhas lembranças, minha dor. Cada sensação que tive quando vi as memórias da vida de Gabe, a imagem dos olhos vermelhos, as torturas, os trabalhos forçados. Sinto meu espírito tremular, afetado por uma ansiedade cheia de raiva. Eu queria que Hades soubesse para que eu estava ali, e que soubesse que eu usaria todo o poder que ele me deu para fazer isso, ele gostando ou não.
Eu não quero ajuda. Não a sua… De você, eu só quero permissão.
Então tento expandir ainda mais meus sentidos. Aperto o diamante das almas, sentindo a alma de Gabe dentro dele como se lhe pedisse por forças, ou como se tentsse entrar em sinergia com meu irmão para encontrar assinaturas iguais às suas naquele lugar; eu queria os outros filhos de Hades. Eu queria todos os malditos filhos de Hades enfiados anquele buraco velho e fedorento. Todos que tinham aquele sangue maldito que não nos deixava descansar, nem esquecer, mesmo depois de fechar os olhos para sempre. Lentamente, mas contantemente, começo a espalhar minha presença, meu chamado, minha Mensagem.
Vocês aí.
Pobres almas cheias de ódio, como eu.
Condenados a este lugar antes do tempo, como eu.
Eu vou ser direto.
Estou cansado de ter medo. Estou cansado de ver os nossos morrerempor nada.
Eu não os conheço, mas sei que somos iguais. Somos todos filhos de Hades, e todos carregamos e carregaremos esta bênção e esta maldição para nossos túmulos.
Mas eu estou aqui para fazer uma proposta, um pedido e uma prece.
Enlouqueçam.
Caminhem comigo.
Matem, uma vez mais, através de mim.
Eu não posso vingar as mortes de todos vocês…
Mas todos nós podemos vingar a morte de um dos nossos.
E neste momento, isso é não só o suficiente, mas tudo o que importa para mim.
Em troca… Eu lhes oferecerei um prêmio; Uma alma especial para se divertirem.
Um brinquedo para aliviarem seu ódio e despejarem sua dor.
Eu lhes darei a alma daquela que usou um dos nossos como um brinquedo,
um cão e um escravo, para que falam com ela pior.
Pobres almas cheias de ódio, como eu.
Condenados a este lugar antes do tempo, como eu.
Eu vou ser direto.
Estou cansado de ter medo. Estou cansado de ver os nossos morrerempor nada.
Eu não os conheço, mas sei que somos iguais. Somos todos filhos de Hades, e todos carregamos e carregaremos esta bênção e esta maldição para nossos túmulos.
Mas eu estou aqui para fazer uma proposta, um pedido e uma prece.
Enlouqueçam.
Caminhem comigo.
Matem, uma vez mais, através de mim.
Eu não posso vingar as mortes de todos vocês…
Mas todos nós podemos vingar a morte de um dos nossos.
E neste momento, isso é não só o suficiente, mas tudo o que importa para mim.
Em troca… Eu lhes oferecerei um prêmio; Uma alma especial para se divertirem.
Um brinquedo para aliviarem seu ódio e despejarem sua dor.
Eu lhes darei a alma daquela que usou um dos nossos como um brinquedo,
um cão e um escravo, para que falam com ela pior.
Transmito a todos o que tinha transmitido a Hades. Uso da energia sombria daquele lugar maldito a meu favor para deixar que vissem o que vi. Eu sentia por Gabe expor seu passado desse jeito mas, como eu disse… A finalidade era tudo o que importava. Matar aquela vadia era tudo que importava. E não matá-la de forma simples… Ela precisava morrer em terror, com dor, e afogada nos próprios arrependimentos.
É disso que quero me vingar. É isso que quero evitar que aconteça denovo.
Me emprestem seu poder e seu ódio. É só disso que preciso.
Me emprestem seu poder e seu ódio. É só disso que preciso.
Começo então a dividir minha propriocepção entre minha alma e meu corpo, sentindo o vínculo entre os dois. Eu precisava encontrar uma passagem através daquele inferno até a ilha onde estávamos indo, então começo a sondar as entradas e saídas do submundo a partir dali, do topo do castelo de Hades, seu epicentro. Assim que conseguir sentir um caminho que leve a nosso destino, eu passo ao próximo passo; espalhar minha autoridade sobre as almas ao redor, assumindo o controle sobre suas mentes com todo o meu ódio e toda a minha vontade, dando-lhes uma ordem única;
Caminhem.
Gravo o caminho a fogo em suas mentes, indicando-as o caminho mais curto até o destino. Clamo pelas almas vagantes, aquelas nas filas para o julgamento, aquelas perdidas nos Asfódelos. Busco força em meu ódio. Busco ódio em minhas memórias… E eu tinha muitas memórias odiosas, ah eu tinha, sim.
Aos que aceitarem meu chamado… A rota está traçada. Pastoreiem as almas… Vaguem para o mundo dos vivos mais uma vez. Eu os estarei esperando para nosso show de horrores.
Se der certo, eu por fim olho para baixo tentando sentir a presença de meu pai. Admiro a paisagem por um momento, sentindo uma estranha nostalgia melancólica. Novamente, aquela estranha sensação de acolhimento.
— Obrigado... Por antes.
Falo esta ultima parte para Hades. Não sabia se estava agradecendo pelo que fez por mim quando me permitiu viver novamente, mesmo indo contra as leis do mundo, dos deuses e dele próprio, ou se era pelos poderes que recebi junto à maldição de ser seu filho, que me permitiam, ao menos, lutar. E melhor do que a maioria. Sem ônus sem bônus. Filhos de Hades carregavam ambos. Uns em maiores doses do que outros. Às vezes, até demais.
Enfim, volto a me concentrar. Iamgino o mundo desaparecendo à minha volta, sendo substituído novamente por aquela escuridão vazia, ou quase. Preenchida por um zumbido irritante e constante que incomodava nos ouvidos. Aos poucos volto a sentir meu corpo e começo a ser puxado para cima, indo em direção a ele e aos poucos me "encaixando".
Abro os olhos, sentindo o friozinho do arcondicionado do avião. Me encolho um pouco e percebocom um sobressalto que estava escorado sobre o ombro de Henry.
Endireito-me rapidamente e olho para ele, fitando-o por um momento como se estivesse relembrando como era um rosto vivo depois de ver um mar de almas.
Faço um "V" pra ele com os dedos.
— Voltei. A cavalaria está a caminho.
Então conto-lhe o que tinha acabado de fazer - ou tentado, caso não tenha dado certo.