Mesmo relutante com meu próprio potencial, enquanto Héstia estava comigo tudo parecia mais fácil. Só quando ela se foi eu consegui perceber o quanto estava ferrado sem ela. Tapeei meus itens, vendo que ainda estava com tudo, e respirei fundo. Todas aquelas cenas ainda estavam marcadas em minha mente, como se ainda estivesse no túnel. Não me sentia em paz nem por um segundo. Minha mente não conseguia ignorar que alguém estava sofrendo naquele momento e eu temia que se não achasse uma maneira de lidar com isso enlouqueceria. Me dirigi até a capela, orando a Hypnos que me desse forças para lidar com esse novo desafio e prometi a mim mesmo que daria meu melhor. Aparentemente não havia mais ninguém ali, só uma capela vazia. Caminhei e observei que os vitrais direcionavam a luz para um certo ponto. Cerrei meus olhos, e dei uma olhadela para os lados para ter certeza que não havia mais ninguém ali me observando. Caminhei na direção do altar, com a mão no cabo da espada. Duvidava que Héstia colocasse minha coragem a prova de uma maneira pacífica. Caminhei cautelosamente, atento ao maior número de fatores que conseguia. No caso de qualquer ato estranho, evitaria chegar perto de outra pessoa ou criatura, munindo-me de meus reflexos naturais para isso. Por mais que fosse enviado pela deusa, ainda era um semideus e certamente haviam criaturas que só me viam como o banquete noturno na maioria dos lugares.

Nível 1 – Bênção de Hipnos: Dotados de uma beleza ancestral e despreocupada, os filhos de Hipnos estão sempre acompanhados de seu olhar tão sonolento quanto inteligente, capaz de enxergar mesmo no escuro. Apesar deste sono excessivo por vezes atrapalhá-los em seus afazeres, os filhos de Hipnos possuem uma consciência diferente da dos demais durante os sonhos, sempre sabendo diferenciar quando estão em um sonho e tendo perfeito controle sobre si mesmos nestes.  Também conseguem distrair facilmente a mente de quem os olhar muito diretamente, como uma espécie de hipnose muito fraca ainda.


Nível 4 – Aura do Sono [Inicial]: Os filhos de Hipnos possuem tanto sono dentro de si que acabam liberando-o como uma aura de sono que afeta a todos ao seu redor neste nível, não diferenciando amigos e inimigos. Todos que permanecem próximos a um filho de Hipnos começam a se sentir sonolentos cedo ou tarde, especialmente quando interagem com eles. Sua voz e cada movimento emanam sono que cresce quando o próprio semideus está sonolento.

- Ai caramba - Falei para mim mesmo quando percebi o que aquilo era. Olhei para os lados, me vendo sozinho proximo ao templo junto ao bebê. Era como se alguém tivesse dado um estalo na minha mente e minhas preocupações estivessem no modo de espera. Não entendia como aquilo pudesse ser meu teste para a deusa da lareira. Me ajoelhei, percebendo que ele ou ela estava dormindo. Observei a cesta por alguns instantes. Daria um sorriso se não estivesse tão tensionado. Me pergunto quem podia abandonar um bebê assim tão vulnerável. Procuraria alguma carta ou mensagem perto ou dentro da cesta. Talvez o pai ou a mãe do bebê tivesse deixado alguma coisa. Caso não encontrasse nada, pegaria a caixa com ambas as mãos tomando cuidado e a levaria para dentro do templo. Independente de ser um semideus ou não, certamente havian criaturas por aí que fariam de tudo para me ter de jantar e a criança de sobremesa. Tomaria cuidado com qualquer movimento estranho, priorizando a integridade do bebê e fazendo de tudo para que ele não seja atingido.

- O-olá? - perguntaria lá dentro, tendo certeza que não havia mais ninguém. Caso não houvesse resposta, deixaria o bebê descansando em um dos bancos próximo a mim e respiraria fundo, tentando pensar melhor e lidar com minha hiperatividade.

Repeti baixinho o nome que estava escrito. Não sabia se era o nome da criança ou o destinatário da caixa. Sozinho, respirei fundo cruzando meus braços. "Oi, lilith" falei pra ela "Vamos tirar você daqui". Me abaixo, ajeitando seu cobertor e levantando-a e vendo o que a caixa dela escondia. Parei alguns instantes, analisando o alçapão. Se eu tentasse entrar, talvez o bebê estivesse em perigo. Mas não sabia de quem ele era filho ou o motivo dele estar ali. Talvez deixá-lo lá fora fosse a pior decisão a ser tomada, ao menos poderia protegê-lo se o mantivesse próximo. Passaria a mão pelos desenhos, tentando tirar a poeira e enxergar melhor o que simbolizava, talvez me desse uma melhor ideia do que encontraria. Conseguindo ou não, respiraria fundo, orando a Hypnos que me desse forças para enfrentar esse pesadelo. Procuraria uma maneira de abri-lo e ver se havia passagem para algum lugar ou depósito de algo. Ainda não entraria, confiando nos meus sentidos primeiro para ouvir ou sentir algo estranho. Na hipótese de conseguir abrir, procuraria me afastar um pouco da entrada e manter a caixa do bebê junto a mim

Passei as mãos pela tampa, me deparando com algumas letras estranhas. Cerrei meus olhos, tentando ler melhor e lutando com a minha dislexia "O gerente do Laécio habita aqui?" perguntei. Estranhando e relendo a frase corretamente. Não que tivesse feito mais sentido do que a primeira. Comecei a me perguntar qual das duas era correta, sem resultado. O sentido mais plausível era que Laécio fosse funcionário do local e ali fosse o escritório do gerente, mas duvidava que fosse algo tão simples assim. Suspirei fundo e abri o alçapão, recuando um pouco com medo de algo voar em meu rosto ou alguma coisa macabra acontecer. Nada. Coloquei meu rosto no buraco, observando a escadaria que se projetava para muito abaixo. A corrente de ar tocou meu rosto, me convencendo a seguir mais abaixo. Parei por alguns instantes.

"Essa não vai ser a coisa mais idiota que já fiz hoje." disse ao bebê, como se tentasse me explicar para ele "Você não acreditaria no que tentei fazer, Lilith, melhor deixar em off". Antes de tudo, buscaria uma pedra ou algo que pudesse impedir o alçapão de se fechar comigo dentro e eu ficar preso lá. Acreditava não ser algo difícil de se encontrar por perto. Puxaria então a caixa do bebê para mais perto de mim, me preparando para descer as escadas. Como aquilo escondia o alçapão, temia que não conseguisse descer com a caixa em mãos, então pegaria o bebẽ com meu braço esquerdo, enrolando-o bem e tomando cuidado para não deixá-lo cair ou que ficasse com frio e começasse a chorar. Desceria com ele bem apoiado junto ao meu peito, descendo devagar para não acordá-lo, embora que estando bem mais perto de mim, provavelmente ele não acordaria facilmente. Ao descer e ver algo estranho, sacaria minha espada e protegeria a criança, priorizando acima de tudo a sua segurança.

Ao colocar Lilith em meus braços senti a coberta se enrolar em mim, como se quisesse me ajudar a levar a criança. Me incomodei com aquilo por alguns segundos, tapeando minhas costas e vendo se estava realmente firme. Suspirei fundo e posicionei o castiçal, descendo as escadas por uma eternidade. Sentia como se jamais fosse chegar ao fim daquilo. Minha mente não conseguia se concentrar em nenhum pensamento específico senão a vontade de chegar à algum solo firme. Quando me dei conta já estava diante de mais uma escolha. Um caminho dentre três direções diferentes, portas idênticas que eu duvidava que conduzissem para caminhos idênticos. Parei por alguns segundos, estudando cada uma delas. Iria escolher a segunda direção, talvez associando com esta ser a minha segunda chance.Manteria minha flauta em minha mão, atento para qualquer movimentação, caso visse alguma criatura ou pessoa se aproximando e esta não tivesse me visto ou visto o bebê ainda, tocaria minha flauta, tentando escondê-lo com uma leve melodia, manipulando a névoa para fazer como se o conjunto o qual o lençol percorria e o bebê fosse apenas um peitoral de bronze. Caso não seja visto por ninguém e tenha de me adaptar, ainda teria em mente que teria de proteger a criança acima de qualquer coisa e, quando possível, evitar ser atingido ou imobilizado, utilizando da minha agilidade para efetuar saltos ou giros rápidos, evitando rolamentos para não danificar Lillith.

Nível 5 – Ícelos: O semideus consegue usar de sua flauta para cobrir-se com uma camada de névoa, alterando a sua aparência ou a de um aliado próximo para fazê-los parecer outra pessoa ou, até mesmo, um objeto inanimado. A habilidade permanece ativa mesmo enquanto o semideus e o alvo estiverem dormindo. Consome 30 de Energia para ativar e mais 10 por rodada de duração.