A areia flutuando iria se grudar em todos os robes dos mais novos, era uma pequena brincadeira dos campistas mais velhos com os mais novos, e naquela semana minha irmã Mina havia sido reclamada, e o ritual de boas-vindas deveria ser feito. Invoco mais algumas luzinhas para brilharem nosso chalé, e deixá-lo mais bonitinho quando percebo a garota e Dite. Eu já havia visto a filha de Afrodite, mas quela garota me era estranha, meu sensor mágico disparou quando a olhei.

Mais surpreendente foi a filha de Afrodite fazer um gesto para que eu a seguisse. Corei imediatamente, não estava acostumado com ter garotas bonitas prestando atenção em mim, tampouco garotos bonitos. Minha curiosidade levou a melhor, e deixei a areia cair no chão ao segui-la. O que ela queria?

Seguimos até a plantação de morangos, o cheiro doce e refrescante inundando meu olfato enquanto observo a filha de Afrodite. O cabelo dela refletiu no luar, dando a impressão que eram chamas, mas no segundo seguinte ela já começou a falar, e forcei minha atenção em suas palavras. Esperei o charme, a sensação de leveza e a vontade de obedecer, mas senti apenas bondade em suas palavras. Ela era diferente dos outros filhos de Afrodite que eu conhecia, bem eu só conhecia Draco no final do dia mesmo.

Escutei seu relato sobre algum ser mágico que estava bagunçando as plantações, e entendi por que havia sido chamado. Dou um leve riso com o trocadilho, ser filho de Hécate seria uma vantagem ali. Ela fala mais um pouco, e me dá um beijo no rosto, me deixando completamente ruborizado.

- Pode deixar, farei meu melhor. - prometo para ela, dando um sorriso de lado, e observo se juntar aos demais na fogueira.

“Bom, ao trabalho.”

Avanço um pouco no campo, respirando fundo, e me sento no meio dos campos de morango. Sinto o aroma silvestre mais uma vez, cruzando as pernas. Olho para a Lua, vendo em que fase estava.

“Mãe, preciso de sua ajuda nesse momento, deixe-me sentir a magia ao meu redor, mostre-me o oculto e guie-me por esta encruzilhada”

Me concentro em meus arredores, com meu Radar Mágico, e tento expandir minha consciência. Sinto brevemente os pégasos nos estábulos, e uma naíde do lago. Mantenho a respiração calma e consistente, buscando me acostumar com as fontes mágicas habituais e procurando alguma nova.

Herdeiro da Magia: Dentre os vários dons herdados de sua mãe, os filhos de Hécate possuem a capacidade de enxergar durante a noite e são capazes de sentir a assinatura de auras mágicas ao seu redor, pertencentes a criaturas ou objetos. O seu alcance e sua sensibilidade à magia dependendem do número total de WIS em metros. Também desprendem de seus corpos uma aura mágica de igual grandiosidade.
Banho de Lua: Ao lutar à noite o filho de Hécate tem seu WIS maximizadas em 5%, sendo acrescido mais 5% se estiver sob a luz da lua.

A magia dos campos era refrescante, trazia o doce azedo de um morango recém-colhido a minha boca, desfruto daquele momento por um instante, antes de perceber os grãos. Franzo o cenho, me concentrando mais naquilo, não fazia nenhum sentido… Será que monstros minúsculos? Passo a língua nos lábios, uma mania de quando tentava me concentrar, e tento lembrar de algum monstro que poderia ser pequeno daquela maneira, nada me vem a mente.

Levanto, ainda de olhos fechados, e começo a andar em direção à aquela magia. Os filhos de Deméter iam me matar quando descobrissem que andei pisando nos morangos, mas iriam me agradecer se eu conseguisse lidar com aquela praga. Vou até onde meus sentidos apontavam, chegando a um metro, e abro os olhos para ver com o que eu estava lidando.

“Mas que merda é essa?”

Obviamente logo depois de pensar isso eu estava sendo derrubado por plantas. Sinto que haviam mais delas indo para algum lugar dentro da floresta. Testo a resistência das plantas, tentando me levantar. Caso não consiga, invoco uma pequena bola de fogo com l Forças l, e ameaço os monstrinhos.

- Ei, me deixem em paz! Eu só quero entender o que está acontecendo!

Não lanço a bola de fogo, apenas a seguro de maneira ameaçadora, e vejo os resultados dos meus esforços.

Forças: O filho de Hécate manipula um dos cinco elementos em quantidades de acordo com o número total de WIS do semideus. Por exemplo: Pode usar uma tocha pra disparar uma bola de fogo básica ou fazer uma labareda gigantesca. Requer no mínimo 20 pontos de energia que podem ser acrescidos de acordo com a quantidade de elemento controlado, a decisão ficando ao encargo do narrador. Essa habilidade poderá ficar ativa por mais de uma rodada, como por exemplo para fazer uma esfera de água flutuar no ar, caso isso ocorra o custo por rodada será igual ou semelhante ao custo inicial, tudo definido pelo narrador.
Forças Extras: Agora o filho de Hécate conseguira criar elementos com a habilidade ativa Forças. A criação elementar terá sua força definida pela quantidade de WIS do personagem.

“Ótimo, então eles são korpoi, como que raios eu vou conseguir resolver isso?”

Minha bunda estava machucada e eu havia sido arrastado por metros, mas consegui não sentir raiva com a situação. Sempre fui calmo, mas havia algum tempo que eu não gostava mais de batalhas, preferia passar o tempo com meus irmãos e não na arena de treinamento. Até minhas magias estavam diferentes, conseguia invocar barreiras muito mais facilmente do que minhas bolas de fogo. Respiro profundamento, aquelas criaturinhas queriam pregar uma peça em nós, mas deveria haver algo que eu poderia fazer.

- Eu não vou virar comida – digo, em tom firme. - E não é justo que vocês destruam os morangos, vários semideuses os cultivam tem anos. Podemos fazer um acordo? Me comprometo a fazer os filhos de Deméter plantarem um campo de trigo, logo nas fronteiras do acampamento, e cuidarem dele. Dessa maneira, vocês terão um lugar para ficar, e continuaremos a usar os morangos para custear o acampamento, o que acham?

Fico esperançoso que eles aceitem, mas duvido, de qualquer maneira eu precisava tentar contornar aquela situação. Queimar espíritos da natureza não estava na minha lista de afazeres naquele momento.