Os espíritos começam a brigar entre si, para ver qual grão era o melhor. Suspiro longamente, quantas guerras haviam começado por uma divergência de opinião? Quantas mortes são causadas por quê você tem a cor errada, a orientação sexual diferente e segue deuses outros do que a maioria? Milhões, milhares, todas… A batalha não estava em meu sangue, eu ansiava pela paz que poderia cobrir este mundo, pela cooperação que faria a humanidade prosperar e salvar um mundo tão devastado. Meus sonhos são grandes, e não estavam todos ao meu alcance, mas acabar com aquela briga estava.

- Parem! - falo aos espíritos – Estão brigando por que? Por que um grão é diferente do outro? É na diferença que está nossa força, é nela que evoluímos. Todos os grãos são necessários a humanidade, não temos por que escolher apenas um! Não faremos um pão sem trigo, nem cerveja sem a cevada, e as flores da nata são maravilhosas…

Faço uma pequena pausa, observando se os espíritos estavam prestando atenção em mim agora.

- Se a questão é a preferência de vocês, plantarei todas os grãos que quiserem. Faremos um jardim em homenagem a eles. Vocês poderão celebrar as diferenças, em vez de lutar contra elas. Chega dessa briga, chega de destruição, estou oferecendo um outro caminho… Por favor, aceitem ele.

Suspiro aliviado, pelo menos naquele momento eles haviam me escutado. Os espirítos mencionam seu mestre, e fico em um conflito interno. Eu tinha medo de encontrar um desafio maior do que eu conseguiria lidar, mas era minha única opção de resolver aquilo sozinho e de maneira pacífica. Faço uma careta enquanto tomo minha decisão.

- Vamos, me guiem até seu mestre e irei falar com ele.

Os korpoi me levam para debaixo da terra, e por um momento perco meu ar. Eu ODEIO ficar embaixo da terra, minha claustrofobia nunca havia me paralisado, mas chega bem próximo a isso. Graças a Zeus meu encontro com o mestre dos espíritos foi uma clareira ampla, com um teto razoavelmente alto. Respiro aliviado enquanto ouço as palavras do espirito ancião, ele parecia velho e todo semideus sabe que quanto mais velho, mais mau. Meu alivio dura muito pouco, pois aquele espirito era mais sábio que os outros, e quis garantias de como eu manteria minha promessa.

- Não sou um grande cultivador. - digo, honestamente, melhor do que ser apanhado em alguma mentira. - Mas já fui Conselheiro e estou no Acampamento a muito tempo, tenho amigos que são filhos de Deméter e irão me ajudar, se eu assim pedir. Eles gostam de cultivar coisas novas, e ficarão empolgados com a ideia.

- Vocês estavam destruindo as plantações! - retruco rapidamente – Mas eu manterei minha promessa, cobrarei favores, deverrei para outros, o campo será feito!

Logo que término de falar noto a cabeça estranha daquele mestre, por que estava torta? Eu não havia notado aquilo em nenhum outro karpoi, será… Poderia ser algum outro monstro disfarçado?

- Há quanto tempo ele é mestre de vocês? Por que seguem ele, quando o caminho que ele propõe é da destruição e da morte? Vocês são espíritos da natureza, por que querem destruir ela? - fico exasperado, e viro meu corpo para encontrar todos os karpoi – E por que sua cabeça está torta? - falo, me virando para o espirito líder.

- Espíritos não mudam quando ficar mais velhos! Não se decompõe do jeito que ele está se decompondo! - digo aos korpoi – Vocês foram enganados, ele é um impostor! Está tentando fazer com que sejam destruídos pelo acampamento!

Me viro para o velho korpoi, sua farsa estava clara para mim, só me restava descobrir a verdadeira identidade daquele monstro, ainda bem que minha mãe me deu alguns truques na manga. Me concentro no korpoi líder, e utilizo minha l Telecinese l para tentar fazê-lo levitar, e depois sacudi-lo um pouco para que algo caísse de dentro dele, ou algo fosse revelado atrás de si.

 Telecinese I: O filho de Hécate começa a explorar uma habilidade básica porém, muito útil: a Telecinese. Permite-os controlar a matéria com sua mente, neste nível ainda sem muita perícia e incapaz de erguer mais do que um gato gordo ou o saco de lixo do banheiro para fora do chalé sem tocá-lo (eu disse, muito útil). Consome entre 10 e 30 de Energia, e pode causar dores de cabeça se usada em excesso.