_ Que tempo! - Observava distraída, enquanto acendia um cigarro, aquela chuva cair no cemitério, quando do nada um raio caíra me ofuscando a visão, demorei um tempo para acostumar meus sentidos e quando acostumei me deparei com uma bando de lobos gigantes.

_ Mas que merda! - Ótimo! Já ia correr quando o lobo mais a frente me encarou nos olhos com um brilho diferente dos outros monstros que me perseguia. Então ela começou a riscar o chão numa linha que partia de mim até ela. Ela estava tentando se comunicar?

_ Aff não é Moly ou coisa assim o nome do garoto que conversava com lobos? - Olhei para ela e a loba esperava alguma iniciativa minha ( que permanecia sentada).

Puts será que era cigarro o que estava fumando? Acho que ela quer que eu vá até ela. Ah foda-se, grandes coisas que tenho a perder. Levanto-me e vou até a loba.

_Mim não fugir e você não mim comer?- Disse sarcástica.

É, acho que eles entenderam o que eu disse. - Faço uma cara tipo quando o lobo maior repreende os outros e uma assim quando ele me repreende. Então ele se afasta e os demais se posicionam "meio que estrategicamente" ao meu redor. OLHA, aquilo era uma viagem danada, mas pela primeira vez me sentia segura. E esse sentimento me forçava a correr com eles, era como se desde o inicio eu pertencesse a aquele grupo.

_ Definitivamente eu sou a Mogli protegida pelos lobos! Corremos por um tempo debaixo daquela chuva e saímos daquela cidade que eu conhecia muito bem.

_ Puts! Ei! Além de fumante tenho desvantagem de 2 patas! Se eu soubesse que ia correr isso tudo teria roubado uma moto! - Já estava começando a reclamar mas continuava correndo, alguma coisa me dizia que tinha que ir com eles.

Quase morri de tanto correr e fomos mudando de cenários até entrarmos numa floresta. Por fim paramos e quase pus meus pulmões para fora, eles queimavam.

_ Aff nem da policia corri tanto! - Observo o lobo que parecia ser o que mandava mais me mostrar uma casa meio que abandonada a primeira vista, vulgo não estar enxergando bem com a chuva.

_ Ah nem vem que vou entrar ali! - Fiquei parada olhando para os lobos que não pareciam muito amigáveis, bom, nem eu era .

Agora que já estou aqui melhor entrar naquela casa. Mas antes vou fumar um cigarro, to fodida mesmo. - Procuro meu maço no bolso e o mostro para os lobos, caso eles não encrencassem eu iria procurar um menos molhado e acenderia tampando com a mão para que não apagasse, assim entraria na casa mais relaxada e fumando porém atenta. Caso eles achassem ruim eu entraria meio que pokerface por estar recebendo ordens de lobos atenta a tudo ao meu redor, já que não sabia o que me esperava.

Adentrei a casa escura com receio e fui surpreendida por um par de olhos brilhantes prateados. Com o tempo minha visão foi se acostumando e comecei a olhar por toda a casa, tentei encontrar portas ou rotas de fuga - esse é o tipo de coisa que você aprende quando vive na rua: não confiar em ninguém e sempre entrar num lugar sabendo como sair.

- Bem vinda, criança de Roma, à Casa dos Lobos. Eu sou Lupa e aqui sua jornada poderá começar ou não. - Apertei meus olhos para melhorar a visão.

_ Uau! Você fala! Como funciona essa parada de não mexer a boca? E que história é essa de ou não? - Latidos do lado de fora da casa me deram calafrios e em pouco tempo estava rodeada por lobos, um deles eu conhecia, era o grandão que trolou os outros na minha frente, mas os demais não poderia dar a certeza. A diferença é que agora não me passavam a sensação boa de antes. Eu estava em perigo e todo o meu corpo implorava para não estar ali.

De costas para Lupa fiz uma contagem rápida de quantos me rodeavam. 5 ao total - o que importava? - A não ser que eu fosse capaz de aplicar mata leões em lobos gigantes eu estaria perdida. Fui dando passos discretos para trás na direção de Lupa - a única que por alum motivo me dava menos medo, porém sentia que estava sozinha- e erguia as mãos abertas como se tentasse parar um touro.

_ Olha se isso foi pelo que eu disse lá na igreja, tipo, será que desculpas ... - Não pude terminar minha frase, o lobo saltou em minha frente.

Vai perna pula, pulaaaaa - Meu cérebro dava ordens e mais uma vez estava no automático. Saltei para o lado, não queria virar salsichas caseiras por garras afiadas. E tentaria fugir dali passando ao lado de Lupa. Como a entrada estava interditada por peludos eu ia entrar em qualquer cômodo da casa e encontrar alguma coisa afiada ou do tipo para me defender. Caso ela fizesse algo para me impedir, bom, ia virar evangélica e começar a rezar.

Já não era acostumada a gostar de nada ou ninguém, estar cercada por 5 lobos com raiva - que estavam se achando e cobrando de mim como se me conhecessem me subiu um ódio daqueles, principalmente quando me arranharam.

_ Olha aqui seus filhas da **** me tiraram da minha vida ruim pra piorar um pouco? Sacanagem que é boa não pode ser pouca né? Me dê uma faca que eu te mostro quem é fraca. Seus covardes! - Na raiva que eu estava eles poderiam até me matar, mas eu dava dedada no olho de um deles, isso eu dava.

Minha postura estava arqueada e eu parei de recuar, minhas mãos endurecidas na posição de garras.