Ele estralou os dedos e ambos ficamos pokerface. Devia ser um tique nervoso mas sua fisionomia mudou e seu maxilar trincou.

_Carnívoros você quer dizer. - Pronto, vou rolar no barzinho com um cara daquele tamanho, prefiro o lobo. _ Você não vai querer ir até lá. É perigoso demais. Você devia estar em casa.

Ah que comovente, ele estava se preocupando comigo, que idiota. Me dê logo a informação, pensei.

_Eu estou tentando ir pra casa. Me aviadei nesse comentário, nunca tive um lugar que podia chamar de casa pra ser que eu era de verdade e eu chegaria lá ou morreria tentando. Estava fragilizada por instantes.

_Você não pode ficar aqui, o seu cheiro e o meu vão atrair monstros. O que você procura é o Rancho Triplo G. Ele fica ao norte daqui. Pegue a próxima rua à esquerda e siga até uma grande avenida. Ela dá acesso à rodovia que passa em frente ao rancho. Talvez você consiga alguma carona. Você saberá qual é o local, ele fede mais que o fogo fétido do Submundo.

O nosso cheiro? Ta que eu estava sem desodorante, que tinha tido uma batalha contra lobos molhados, que acordara na rua, mas não era pra tanto. Disfarçadamente cheirei a mim e inclinei um pouco para cheira-lo.

_ Vá logo garota! Roma te espera. - o garoto deu um sorriso colgate me tirando do mundo de Alice com os cheiros, mas logo ficou sério _ Que os deuses a ajudem, porque sorte é algo com a qual semideuses não podem contar.

_ Não espere que eu te agradeça. - Olhei-o nos olhos por um tempo e parti memorizando o que ele disse e o que a Lupa disse. Se continuassem me passando essas informações eu ia esquecer, era lerda e tinha dificuldade de prestar atenção nas coisas.

Lembrança: anotar o endereço.

"Pegue a próxima rua à esquerda e siga até uma grande avenida. Ela dá acesso à rodovia que passa em frente ao rancho. " Cantarolei ao som de metálica esse endereço até fixá-lo enquanto corria feito louca até o lugar, ao primeiro vestigio do odor mais fétido que o submundo ( estava virando moda eu escutar esse nome ou ter visões dele, e eu gostava , capaz que nem fedia tanto assim lá e esse povo só aumentando) eu passaria a ver uma forma de entrar mais segura e sem ser descoberta.

Fiz uma corrida zangada e cansada me joguei num banco. Estava stressada porque ninguém me dava carona e o stress do transito mais o stress da luta me fazia roer de vontade de fumar.

_ Que merda, perdi meu maço. - Estava xingando horrores quando notei a aproximação de um garoto estranho e titulado carinhosamente em minha mente por bobão.

- Hey, gracinha. - Nossa o bobão me cantar era ofensa. Já ia mandá-lo para aquele lugar quando ele disse terminou. - Você parece ser uma delicia. Ele queria meu corpo nú :megustacueca:

_ Sai fora mané, vem que eu te arranco o que você tem de precioso. Observei ele nojentamente lamber aqueles lábios moles e molhados. Eca. Então ele avançou sobre mim. Ele queria muito meu corpo nú nem eu sabia que era sexy assim. Então ele se jogou pra cima de mim, após aprender na marra a me mover com velocidade com os lobos de Lupa esquivei e o bobão bateu no banco.

_ Nossa você é muito idiota. - Ri dele alto, só que parei quando ele levantou uma das barras do banco e me xingou numa língua estranha. Minha cara no momento?

Olhei mais uma vez para ele tentando entender como alguém faria aquilo e vi que ele tinha um olho só.

_ Nossa como não notei que você além de bobo é extremamente feio? - Fiquei boba com o lance dele ter só um olho e comecei a prestar mais atenção ao pedaço do banco que ele fizera de arma.

Ele começou a me atacar com o pedaço do banco e eu comecei a manter a distância, ele era muito lento, porém seus ataques eram ferozes e pesados. Um tequinho daquele banco na minha cabeça e menos uma na Terra em 3..2.. Passei a analisar os movimentos que ele fazia com o banco, tentando entender a movimentação do corpo dele, tentar achar alguma brecha, sem isso não chegaria perto nem fudendo . Precisava entender o que era ele e se ele tinha algum poder especial tipo o lobo se esconder nas sombras. Mantive minha espata nas mãos e recuava para trás a cada golpe dele.

Depois que Lupa me ensinou a aguçar meus instintos estava mais confiante em meus reflexos. Eu sentia em todo meu ser que devia ir para aquele acampamento e aprender o que eu era e o peso que meu pai tinha, todas aquelas imagens vistas nos olhos do lobo negro me fazia sentir intima com tudo. Só que no momento, mais do que chegar ao acampamento eu queria matar aquele grandão, rápido ou lentamente não importava, queria o sangue dele, oras ele queria me comer, então era um ótimo argumento para matar. ( como se eu já não achasse normal) :twisted:

Sorri ao entender sobre um ponto fraco do "bobão": ele era lento, ou pelo menos mais lento que eu. E mais do que isso, percebi que ele tinha uns movimentos repetitivos. horizontal e vertical. Por um tempo imaginei o estrago que aquele golpe na vertical faria no meu fraco e pálido corpo. Não queria testar.

E esse sol do caramba?

Resolvi parar de fugir do bobão e a manter uma distancia segura, porém não muito longe. Assim que ele deferisse um golpe na horizontal saltaria após o "banco" passar e tentaria cravar minha espata em seu peito, aproveitaria do tempo que ele gastaria para recuperar o ataque dele. ( Leva um tempo para golpear e voltar os braços para a posição do próximo ataque?!)

Caso consiga acertar o peito dele com minha espata e matar o grandão monoolho vou sair correndo para meu destino xingando horrores sobre o sol quente ( odeio sol).

Levei um safanão O cara além de ter só um olho, ser enorme e forte ainda tem uma pele muito dura. Ta de brinks com minha face.

Minha arma caiu perto, por sorte, e observando o grandão enfurecido (que se auto titulou ciclope o que pra mim não fazia a menor diferença porque eu não fazia a menor ideia do que era aquilo), peguei minha espata, pronta para desviar a qualquer momento com um rolamento e em seguida levantar o mais rápida possível, TINHA QUE EVITAR AQUELE GOLPE e pensar no que fazer em seguida fugir.

Mais uma vez observaria sua forma de atacar e me esquivaria indo para trás ( desse jeito, recuando tanto, chegaria nos estábulos ainda lutando ).

_ Você parece sentir muito orgulho de ser um, como é que chama? Ciusclope? Ciclope? Feio desse jeito, se eu fosse uma andaria com um saco na cabeça. Idiota. - Só diria isso depois que estivesse de pé. Percebi uma coisa nele que eu tinha de sobra: Orgulho. Sabia reconhecer aquilo de longe e também sabia que ofendê-lo iria deixá-lo muito bravo, o suficiente para baixar a guarda e me atacar com ferocidade.

Estava agindo por instinto, como se deixa-lo irritado fosse a coisa certa. Nunca fui boa em montar planos então tinha que confiar no que eu era e naquilo que Lupa me ensinou a desenvolver: meus instintos e reflexos de semideusa.

Sempre que ele viesse com um ataque enfurecido eu tentaria achar uma brecha e com um rolamento simples na diagonal para frente ( que eu treinei com os lobos) e tentaria cortar seu calcanhar ( para que ele não pudesse mais andar) ou caso conseguisse esquivar apenas saltando tentaria cortar suas partes intimas saco ( Dúvido que ali era duro como nos demais lugares ). Caso não conseguisse contra-atacar apenas me esquivaria com rolamentos e saltos simples que desenvolvi na casa dos lobos e esperaria a hora certa, continuaria a enfurece-lo para que ele pudesse algum momento baixar a guarda.

Ele estava usando sua força para ficar mais ágil, o fidamãe não era tão burro assim. Eu não podia medir forças com ele, não conseguia me aproximar e minha arma não fazia muitos estragos em sua pele. Analisando tudo isso só tinha uma alternativa inteligente: Pernas pra quem te quer!

Comecei a observar, sem perder a concentração no grandão, o lugar ao meu redor: ao lado tinha a rua com movimentos de carros e do outro (?). Agora eu sei o que fazer!!!

Os motoristas ao meu lado estavam meio que ignorando uma pobre menina lutando contra um cara enorme com um pedaço de ferro na mão, ok até aí, mas eles existiam, então se não tem tu Brutos, vai o carro mesmo.

Esperaria a hora certa para atravessar a avenida para que desse tempo de eu atravessar sem ser atropelada e faria um cálculo rápido com a aproximação de um carro ou caminhão para que pegasse em cheio o ciclope. Fods se os motoristas iriam morrer, eles estavam me ignorando apanhar mesmo.

Já que o grandão tinha um olho só, sua visão não seria panorâmica ( não conseguir ver bem o que acontece ao redor) então continuaria irritando-o, já que estava funcionando, e caso ele ameaçasse esquivar do carro arremessaria minha espata nele para que por instinto ele tentar se defender dela e fosse acertado pelo automóvel.

Menina da rua rules :D . Caso não dê certo, vou ver o que tem do outro lado da avenida, se for uma floresta/mato, vou me embrear nela e usar do fato dele ter um olho só e estar irritado ao meu favor.