Em um ato esperto e perigoso, a garota se joga para dentro da avenida quando achava mais oportuno. O ciclope a seguiu gritando xingamentos em latim, abanando a barra de ferro. Assim que eles pisaram no asfalto, buzinas soaram e pneus derraparam. Claire desviou de uma moto que não conseguiu frear, mas a criatura que a perseguia não teve tanta sorte. Um carro acertou-o em cheio, fazendo-o cair sobre o mesmo, amassando-o incrivelmente.

O motorista gritou, preso entre as ferragens. O ciclope bateu contra o teto amassado do carro e os gritos cessaram. Outros carros frearam bruscamente, cantando os pneus, alguns bateram entre si. Claire estava do outro lado da rua quando virou-se para ver o que acontecia. O ciclope estava de pé, embora mancasse tanto que poderia cair à qualquer momento, sua perna parecia quebrada e ele possuía finos e insignificantes cortes pela mesma. Sua barra de ferro se perdera no meio dos carros.

- Volte aqui! - gritou ele para a garota.

Alguns motoristas gritavam enraivecidos, outros com medo, enquanto muitos ligavam para a policia, bombeiros e qualquer tipo de socorro humano que a cidade promovia. Não demoraria para que as autoridades ali estivessem. Do outro lado da avenida a cidade continuava a se erguer.

Ciclope - 230 HP

Claire sai correndo. Por ser apenas uma criança de 13 anos, não tinha forças para guiar uma moto, seguindo pela calçada sobre suas próprias pernas. O ciclope ficou xingando, tentando mover-se na direção dela, mas logo ele foi cercado por várias pessoas. Sem olhar para trás, a garota correu o máximo de tempo que conseguiu, lembrando-se da pequena resistência que adquirira enquanto corria com os lobos de Lupa.

Depois de alguns minutos, ela estava muito longe de onde havia travado sua luta. Ela guarda a espata na bainha e passa a caminhar com mais calma, recuperando o fôlego. Olhando à sua volta, ela percebe que a cidade começava a se desfazer, e que, esticando um pouco seu campo de visão, logo via uma rodovia e campos rurais.

Ela estava no caminho certo. Porém, a luta e a corrida haviam deixado-a cansada. Ela precisava de uma carona ou uma pausa para recuperar as energias. Se continuasse daquele jeito, logo sentiria fome.

Claire continua andando, pedindo carona sempre. Um carro parou para ela, a sorte parecia um pouco favorável. Era uma senhora sorridente.

- Vai aonde pequena? - perguntou ela, gentil.

A garota diz que precisava chegar à uma das fazendas adiante, inventando uma história qualquer para explicar porque uma simples garota de 13 anos estava sozinha por ali. A senhora pediu que ela entrasse e logo o carro partiu. Claire sentiu-se desconfortável, não estava acostumada a ser bem tratada, ficando desconfiada.

No banco de trás do carro havia duas crianças, rindo e brincando com equipamentos eletrônicos.

- Vovó, me da um sanduíche? - pediu uma delas, sorridente como a senhora.

- Claro querido. - a avó sorriu para ele através do espelho retrovisor e virou-se para Claire - Poderia pegar para mim o que ele pediu? Esta nessa caixa térmica aos seus pés. Pode pegar para você também.

Ainda mais surpresa, a garota pegou a caixa e retirou de dentro dela dois sanduíches, passando-os para o garotinho no banco de trás, que entregou um para seu irmão. Ela também pegou um para si, comendo com calma para disfarçar a grande fome. Depois de vários minutos, a paisagem era totalmente rural. As janelas abertas traziam para dentro do carro o ar quente do dia que avançava. Saciados, as crianças continuaram a brincar e Claire permaneceu quieta e atenta, alerta como uma loba. Minutos depois, não só o ar quente entrava pelas janelas, mas também um cheiro forte e horrível de excremento e carne podre.

- Eeeeeeeeeca! - gritaram as crianças juntas, fechando depressa as janelas que os ladeavam.

- Que horror. - comentou a senhora, fechando a janela ao seu lado também - Criança, feche rápido a janela. - disse ela para Claire.