Filhas de Demeter!

Transeuntes andavam sem rumo definido, aproveitando o feriado da semana com suas famílias, brincando na grama bem aparada, correndo nas vias para manter sua boa forma física ou sentados em alguma toalha desfrutando de um dia ameno de sol para fazer o tradicional pique-nique.

Alheia a tudo isso, Katherine estava sentada num banco, esperando pelo segundo dia consecutivo. Afinal de contas, não seria tudo uma pegadinha pós-mortem do seu pai? Talvez um lapso de insanidade causado pelos anos de solidão desde que a menina nascera? Não dava para saber, o único que realmente poderia responder essas perguntas, já ha poucos dias jazia muito além desse mundo.

— Uma jovem tão bonita não deveria cultivar uma expressão tão amarga... — Disse uma voz ao seu lado.

A menina virou-se de pronto para ser surpreendida por uma senhora que parecia ser de origem mexicana, ao menos o chale lhe fazia pensar isso. Alguns pombos circundavam os pés da velha, que atirava migalhas de pão par os pássaros. Katherine não havia visto chegar, talvez porque estivesse tão distraída em seus próprios dilemas. A idosa estava confortavelmente sentada no mesmo banco que Katherine, mas não parecia ter muitas posses, visto que suas roupas estavam um pouco esfarrapadas e era possível ver feridas nas pernas brigando por espaço com as varizes, exibidas pelo vestido de malha. Sua pele era enrugada, com algumas verrugas despontando aqui e ali, embora sua expressão fosse bem mais alegre do que normalmente se via nesse tipo de idade.


Na costa de Long Island, a conselheira do Chalé de Deméter estava ocupada, encarregada de gerenciar a plantação de morangos na ausência de Dionísio e Quíron quando um mensageiro desponta correndo como um bom filho de Hermes que era. Sua aceleração não parecia disposta a parar, de modo que quando pisou no "freio" acabou por derrapar e cair de cara num arbusto de morango, amassando a planta sob seu peso.

Quando se deu conta da merda que tinha feito, fez questão de se por de pé na frente do arbusto, fingindo que nada tinha acontecido.

— Dalhia, minha amiga, estão te chamando na Casa Grande, Kyle mandou lhe entregar isso! — Era uma carta.

Katherine Manson

Trent Wood, Carolina do Norte

Oi. Meu pai me deixou um testamento me dizendo para enviar uma carta para esse endereço... Ele disse que sou filha de uma deusa olimpiana, mas não sei se acredito nisso. Se alguém ler essa carta, por favor mande ajuda, pois eu não tenho nenhum parente vivo e estou com medo.
Estarei esperando todos os dias no Meadows Family Park. Não demorem.

Katherine Manson

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Filhas de Demeter!

A mulher se remexeu com o comentário, ajustando sua posição no banco até sua bunda finalmente se acomodar, embora para a garota parecesse um movimento completamente desnecessário. Talvez fosse um tique dela.

— Também lamentamos a morte de John. Ele era um bom homem, amava a natureza...Talvez até demais... — Comentou, seu semblante um tanto desolado. Os pombos pareceram concordar com ela, parando de se mover naquele nervosismo de bando e olhando todos em conjunto para a menina.

Em algum ponto todos olharam para o leste e os pombos alçaram vôo naquela direção. A mulher pareceu recuperar a agilidade de ao menos 30 anos atrás ao erguer-se e oferecer a mão para a menina.

— Lamento tudo ter que ser assim minha criança, mas sua vida corre perigo. Me acompanhe até minha árvore antes que seja tarde. — Disse, apontando para o que parecia ser o salgueiro mais velho do mundo, há uns 100 metros numa colina.


Dalhia decide buscar sua futura irmã, passa em seu chalé para pegar seus equipamentos e se dirige à Casa Grande, onde encontra Bjorn sentado em seu lugar à mesa foleando alguns relatórios do conselho com certo desinteresse.

— Kyle já foi...Algo sobre uma confusão de harpias na Carolina do Norte, mas deixou os suprimentos separado para você. — Disse, sem retirar os olhos dos papeis, faznedo anotações ocasionais aqui e ali nos relatórios, mas achou tempo para apontar para os equipamentos em cima da mesa: Uma espada curta, um elmo e um peitoral. Todos conheciam aquele set inicial. — Boa sorte! — Murmurou, antes de se erguer e levar algumas folhas para um quadro ao fundo, onde os prendeu junto com outros informes.

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Filhas de Demeter!

- Você corre perigo desde o momento que nasceu criança, talvez por isso seu pai tenha escolhido morar aqui, a influência dos seres da natureza normalmente é maior...Ao menos até agora. - Ela olhou preocupada para o leste, mas não deixou de guiar a menina para a colina, onde chegaram em segurança sobre os galhos do Salgueiro, que apesar da idade ainda era vívido, com folhagens volumosas e um casco rígido como de uma tartaruga sábia.

No que parecia ser um ato impossível, a velha entrou dentro do caule como se ele fosse líquido, demorando-se eternos e longos dois minutos, tempo em que a jovem pode observar uma estranha mudança no clima.

As nuvens começaram a de aglomerado no parque, assim como o vento de um momento para o outro começou a zumbi forte, como se estivesse diante do anúncio de uma tempestade. Bem ao leste, um grupo de pombos importunava um bando de lebres, impedindo-as de avançar para as suas tocas talvez.

- Finalmente encontrei l - Falou a velha com um colar feito de fibras de folha de coqueiro muito bem trançadas, ornamentado com o que parecia ser o símbolo do naipe de espada do baralho. - Tome, querida, é um presente de seu pai, ele sempre cuidou muito bem de todos nós desse parque, por isso, juramos cuidar muito bem de você também. Receio dizer que as coisas não estão muito bem agora, mas desde que se mantenha dentro do parque terá ajuda...Agora vá...Vou segurá-los para você! - Disse, com pressa, apontando para um pequeno bosque, cujo uma trilha serpenteva pela vegetação densa.

Atrás das duas, os pombos pareciam finalmente terem perdido a capacidade de conter as lebres, que olhando mais de perto pareciam ter chifres.


- Como quiser. Sabe onde ficam os pégasus e sabe a combinação do cofre, lembre-se só o necessário. - Normalmente o rapaz era mais simpático, mas era visível que estava distraído com o painel que estava montando, embora a filha de Deméter parecesse completamente alheia as muitas folhas e fotos penduradas no que ela sabia ser o mapa de coisas que tem acontecido no mundo, informações que o grupo de Corvus ou outros relatórios de missões oferecidos por semideuses, algumas de suas próprias missões estavam registradas ali.

Fora uma ideia besta de Bjorn, mas até aquele ponto estava ajudando bastante os semideuses a verificarem acontecimentos nas áreas de missões em que estavam se dirigindo.

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Filhas de Demeter!

A pretensa filha de Deméter adentra no bosque antes de ver os galhos de Salgueiro se debatendo como no filme Harry Potter, lançando o bando de lebres para o mais longe que podiam a cada vez que uma delas pulava na direção da semideusa. Infelizmente era visível que a quantidade superava em muito as expectativas e três deles conseguiram atravessar as raízes com certa facilidade, quando abriram as asas em suas costas, vindo em direção da floresta.

As árvores pareceram abraçar a semideusa, fechando o caminhos atrás delas, mas os Dilldaps as atravessavam com sua falhada, arrebentando os galhos, como se premeditassem o que pretendiam fazer com os membros da menina.

Em dado momento um deles avançou voando e ficou a frente da menina, com os dois vencendo os galhos com facilodade.

Em seu peito o colar brilhou e uma lança longa despontou dele, feito da madeira de carvalho, incluindo a sua ponta muito bem desenhada e e talhada. Apesar de não parecer, tinha a mesma resistência de uma arma de Bronze Celestial.

O que estava a sua frente avançou, com sua galhada perigosamente afiada pronta para empatar a princesa da agricultura.

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No acampamento, Dalhia resolve invocar as Dríades para a ajudarem na viagem que não se demoram a atender o seu chamado.

- Lamento informar que não podemos te ajudar, já há dias estamos impossibilitados de fazer viagens desse tipo, é como se a própria natureza estivesse toda bagunçada...Alias...Pã não deveria estar fazendo alguma coisa em relação a isso? - Era obvio que a dríade não parecia nenhum pouco feliz com o problema que estava enfrentando, até porque pretendia passar o inverno no Sul.

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