O horário do jantar era sagrado no acampamento, ainda mais para eu, uma veterana do chalé 6, sim, filha de Atena. Porém quando digo sagrado não era com e menção de um um deus, ainda mais "daquele" deus, estava mais " é rotina obrigatória" . Hades em carne/fogo [?] estava diante de todos nós analisando todas as mesas e com seu jeitão rude ordenou que dois indefinidos fossem para a Casa Grande.

[Pensando] O que quer que eles tenham feito, não foi legal. Mas por que o senhor das trevas chamará dois indefinidos para a casa Grande, e por que Dionísio parecia entender o que estava acontecendo?

Se tem uma coisa que eu detesto é não saber das coisas, não sou curiosa, mas enfim, gosto de ficar "por dentro das coisas".[...] Fiquei por um tempo espetando minha couve-flor com o garfo ( sim, sou vegetariana), pensativa no que de tão grave faria Hades aparecer no acampamento sem explodir pelo menos três semideuses. Estava muito interessante a forma como meu garfo perfurava a couve, quando, meio que para me tirar do mundo de Alice, heis que surgiu, num misto de baba com um latido bem poderoso, minha linda e meiga cadela infernal, seu nome? Fofuxa.

_ Fofuxa, senta! Quieta garota! Do meu lado! ~ Gritava para que ela parasse de derrubar os pratos de todos os filhos de Apolo. _ Fofuxa, aqui, mamãe tem um presentinho pra você! ~ Mostrei um pedaço de madeira que ia ser posto na fogueira em breve e consegui a atenção dela. _ Isso vem cá! Senta, isso. Boa garota! ~Fofuxa permaneceu sentada na minha frente com a língua para fora e balançando freneticamente o rabo. Vez ou outra ela latia como se esperasse algo, e eu sabia o que. Hades estivera ali, o cheiro de morte dele com certeza a atraiu. _ Você quer ver Hades? Não é uma boa, ele não costuma ser, ham, legal com semideuses. ~ Ela latiu e fez com a cabeça para que eu subisse em sua cela rosa pink. Se você já teve uma cadela quase do seu tamanho louca para ir passear, sabe que não é bom discordar. Subi e fui levada, Fofuxa seguindo o cheiro dos mortos deixado por Hades até chegarmos a Casa Grande.

De longe podia ver na janela, com toda sua imponência, o deus dos mortos. Se alguém sabia emanar frieza e poder, essa alguém era ele.

_ Fofuxa, fica quieta, ele está numa reunião. ~ Disse tola, como se ela me entendesse. Mas de alguma forma, seja pelo meu comando ou pelo olhar frio que Hades nos lançou, ela sentou me obrigando a descer e lá esperamos. Não conseguia, assim como Fofuxa, parar de olhar para o deus. Era uma atração fria e estranha, mas sensual. Ele estava conversando com alguém la dentro, supostamente os campistas e Quíron, talvez o Sr. D também. Demorou um pouco até algo surpreendente acontecer. Eu não tinha tirado os olhos dele da janela, mas numa de minhas piscadas ele tinha desaparecido.

_ Mas... Como? ~ Praguejei em grego antigo, queria pedir de alguma forma para que ele abençoasse Fofuxa, porém o deus não estava mais lá.

_ Então você é uma filha de Atena? Tão curiosa quanto a mãe, se me permite dizer. ~ Atrás de mim, um ar frio me arrepiou a pele, quando me virei era ele, Hades.

_Mil perdões majestade eu não quis... ~Fui interrompida por um gesto de mãos me silenciando.

_ Você com certeza é mais habilidosa que aqueles indefinidos que eu chamei. Também a quero nesse resgate. ~ Ele definitivamente não estava pedindo, sua voz me faria cortar os pulsos se assim ele quisesse.

_ Resgate? Do que está falando? ~ No meu rosto uma interrogação se firmou então fitei com intensidade o deus dos mortos e podia jurar que meus olhos cinzas deixavam-no incomodado.

_ Há alguns anos semideuses vem sumindo antes que os sátiros possam chegar até eles a tempo. Eles foram dados como mortos por suas famílias, e até pelos Deuses... De alguma forma conseguiram induzir uma falsa morte que enganou os médicos e até a mim. Coloquei um servo meu no rastro do que quer que esteja causando isso desde a ultima “morte” que ocorreu, que tem um pouco mais de um ano, que aconteceu em Nova Orleans, que chegou até a mais recente que aconteceu ha um dia.Enviei aqueles dois campistas ao encontro do meu servo para o estado de Nebraska, na cidade de Omaha.

_ Entendo, então o senhor está sendo enganado. Por que não enviou logo as fúrias de uma vez? Ou usou seus poderes para tal? ~ Fiz caquinha. Pude sentir o azedo na minha boca e Fofuxa chorou.

_ Nós deuses não podemos nos intrometer diretamente nos assuntos humanos.~Ele disse num tom nada agradável. _ Vá ao encontro dos outros semideuses e ajudem-nos. Meu servo te explicará tudo. Pelo visto você não precisará de avião, essa cadela te será muito útil. ~ Hades tocou a testa de Fofuxa um uma áurea negra a envolveu.

_ O que você fez? ~ Perguntei quase gritando.

_ Ela ainda é muito nova para viajar nas sombras, porém agora, graças a mim, ela poderá fazer isso. ~ Depois disso ele simplesmente desapareceu.

_ Que? Hades? ~Procurei ao meu redor e nada. Simples e direto, ótimo. Corri até a entrada da casa grande e me deparei com os garotos saindo, apenas diz um sinal positivo com a cabeça e entrei.


- [...] Vão descobrir algumas verdades... – Ouvi Dionísio comentando com Quíron, então forcei uma tosse pedindo desculpas por não ter batido.

_ Mestre Quíron, Hades ... ~O centauro sentado em sua cadeira fez menção de que já sabia do que estava acontecendo e me mandou pular para o próximo tema. _ Então ele quer que eu acompanhe os garotos. ~Sorri sem jeito e olhei para o Sr. D.

_ Suponho que você vá precisar do dinheiro da passagem. Tome 100 dólares. ~ Estendeu o bolo de dinheiro.

_ Não senhor. ~Disse prendendo meu cabelo. _ Eu já tenho minha carona. ~ Assoviei e lá de fora Fofuxa deu seu melhor latido, então sorri, mostrando aos dois a minha frente que eu estava pronta para ir.

_ Pelo menos alguém que pensa estará nessa missão. ~Balbuciou o deus do vinho.

_ Que os deuses te acompanhe Pétala. ~ Quíron se despediu e eu corri para meu chalé pegar minhas coisas.

Spoiler:

Depois de estar vestida com minha armadura e posto tudo que na minha mochila de trilha, dei uma última olhada na minha pulseira, presente de minha mãe, transmutável e vesti meu sobretudo. Montei na minha cadela infernal, segurando bem firme suas rédeas e fechei os olhos.

_ É agora!~Gritei. Senti seu corpo arqueando então veio a pior sensação do mundo. Uma montanha russa interminável, o frio batia em meu rosto, e meus olhos se negavam a abrir. Depis de muita tortura, tudo parou. Abri os olhos estava dentro de um banheiro. Desci da sela e corri para a privada. Vomitei por um bom tempo. Fofuxa esperava pacientemente do lado de fora, seu cansaço estava visível então peguei na minha mochila um pedaço de ambrosia e dei a ela. Rapidamente seu animo voltou. _ Onde estamos hein? ~Perguntei pra mim mesma, ultimamente estava conversando muito sozinha, péssimo sinal. Saímos do banheiro e tinha uma placa enorme "WELCOME TO OMAHA". _Ah que legal, estamos em Nebraska . Seja bem vinda Fofuxa.

Fui até o saguão onde ficam os horários e notei que o voo que saída do aeroporto mais próximo do acampamento chegaria por volta dás 5 da manhã. Daria tempo de sobra para eu e Fofuxa descansarmos.

_ Amiga vamos descansar? Ainda estou tonta da nossa viagem. Tenho certeza que, quando eles chegarem virão nós duas aqui nas cadeiras de desembarque. Qualquer coisa com cheiro do mundo do mortos você me dá um sinal.~ Fofuxa latiu, sinceramente sabia que ela não me entendia, acho, mas tinha certeza que na presença de alguém do submundo ela daria uma alerta, e esse provavelmente, se Zeus quisesse, seria o tal servo. Sentei numa cadeira, ali mesmo no saguão, e Fofuxa fixou entre minhas pernas com a cabeça no meu colo/seios. Ali dormimos.