Atena era...
...tão velha quanto o pecado, e seus olhos não podiam estar mais cansados. Ela queria morrer. Os campistas mais novos não percebiam isso, a Deusa da sabedoria escondia isso bem, e talvez nem outros Olimpianos conseguiriam ver a amargura que derretia seus sorrisos, mas Leo já a conhecia havia um tempo, e herdou aqueles olhos fadigados e a expressão esfalfada da sua mãe, que tinha aparecido do seu lado haviam alguns minutos. Dessa vez, ela se vestia como as estátuas da Grécia antiga retratavam, uma rouba nobre e de época que cobria parte da armadura dourada, uma coroa de louros e um escudo nas costas.
Atena encarava o sol nascente com um sorriso infeliz, como se buscasse algo por detrás do horizonte. Saudade, talvez? Mesmo a conhecendo, é difícil ler uma Deusa, até sendo seu filho. Ela o encarou. Estavam sozinhos no chalé, e o filho da sabedoria sentiu sua garganta secar. Deuses não apareciam por nada, eles sempre tinham algo pra falar, pra pedir, pra mandar. Mas ela, que não o tratava como um simples missionário estendeu a palma da sua mão até acariciar a bochecha de seu filho mais velho.
- Você cresceu.
Leonardo era um dos campistas mais velhos, e certamente era o mais poderoso da prole de Minerva. Seu sorriso, dessa vez, foi afável. Era difícil para os Deuses e seus filhos criarem afeto nos últimos séculos. Depois de alguns segundos, afastou-se e assumiu uma postura séria. Enfim, um divindade se fazia presente naquele momento, e a triste mulher cansada havia desaparecido. Caminhou por entre as camas do chalé, e não se demorou para explicar o porque de estar ali.
- Filho... Preciso que recupere algo que me foi roubado. Saberá o que é quando encontrar, está enterrado no gelo, em uma planície no Alasca. Quero que o traga de volta, antes que desapareçam com ele novamente. - Outra vez, ela fitou o horizonte. - Haverão inimigos.
Após a breve explicação aproximou-se, tirou do bolso um guardanapo levemente amassado e o pôs na mão de Leonardo. Estes símbolos estavam desenhados nele: δλμ. Não significavam nada que o semideus conhecesse. Não nessa ordem, mas o guardou. Quando voltou a olhar para sua mãe, ela havia desaparecido. Sem supernova, sem explosões chamativas de energia, ela só se entregou ao vento, ao vazio, e se fez parte do nada, como se nunca tivesse aparecido ali.