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Herois do Olimpo RPG

Fórum de Mitologia Grega baseado em Percy Jackson e os Olimpianos e Os Heróis do Olimpo!


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O pecado do gigante - Leonardo - Página 4 Empty Re: O pecado do gigante - Leonardo

por Hera 24/01/20, 12:11 pm

Hera

Hera
Deusa Olimpiana
Deusa Olimpiana
Outro golpe. Pesado, mas tão preguiçoso quanto o anterior. Leonardo se defendeu com seu escudo e pôde perceber que era um inimigo forte. Mas sussurrou por entre os sons de metal se chocando, questionando-o sobre aquela atitude.


- Você tem medo de morrer? - Vociferou, e os sons da arena se silenciavam. Ele falava com mais autoridade que o Jarl, que parecia não entender o que era aquilo. - Pula de um lado pro outro, corre, se aproveita como uma serpente, nem Loki é tão traiçoeiro. - Ergueu o machado e o apoiou no ombro, como se não valesse a pena lutar contra Leonardo. - Tem medo de morrer? Tem medo de Valhalla?

#31

O pecado do gigante - Leonardo - Página 4 Empty Re: O pecado do gigante - Leonardo

por Leonardo 24/01/20, 07:35 pm

Leonardo

Leonardo
Filho(a) de Atena
Filho(a) de Atena
Eu estava achando aquela situação muito estranha. O fato do Jarl não estar por dentro do assunto e do homem agir daquela forma, dizer aquelas coisas e com aquela autoridade havia me assustado um pouco, porém não me intimido.

- Medo? Como se você fosse capaz de me matar. É apenas um covarde, que me escolhe para lutar e prefere brincar preguiçosamente. Se quer morrer logo, lute como um homem e eu te mostro ao que vim.

Falaria numa altura suficiente para todos ali ouvirem. Eu tinha receios que aquele homem nem fosse humano e de que ele poderia me matar com um simples olhar, mas eu não tinha muitas opções. Não o atacaria enquanto não tivesse certeza com o que estava lidando. Não era inteligente atacar indiscriminadamente, como um filho de Ares. Eu precisava entender a batalha antes de agir, e continuaria me comportando na defensiva até que ele se revelasse ou que ao menos eu tenha mais informações sobre meu oponente.

Se ele voltar a me atacar, me defendo mais ofensivamente, ganhando o espaço, mostrando que estava pronto para o combate, desde que ele fosse justo. Não queria ser taxado de covarde, mas muito menos queria agir precipitadamente. Meu pensamento está sempre ligado ao de minha mãe, Atena. Somente ela poderia me fornecer a força e o equilíbrio naquele momento, e eu tinha certeza que manter o foco nela me ajudaria a ter êxito nos meus tentames.

#32

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por Hera 25/01/20, 02:41 pm

Hera

Hera
Deusa Olimpiana
Deusa Olimpiana
- Vocês vão ficar só conversando? - Interrompeu o Jarl, apenas para receber um olhar frio e transbordante de repúdio do adversário de Leonardo.


- Não se intrometa, usurpador.
- O então líder, se encolheu na sua cadeira com raiva, como se aquelas palavras o tivessem lhe doído mais que um soco nos dentes. - Então veremos, semideus. - Tornou a olhar para Leonardo e caminhou em sua direção.


O filho de Atena o viu se aproximar. Não havia magia naquele instante, mas os instintos do campista se comportavam como se aquele homem tivesse acabado de ganhar cerca de três metros de altura. Olhava-o de cima para baixo, como um carrasco olha para o pescoço a ser cortado, ergueu o machado com seu único braço e lançou um corte na vertical. Era lento, mas de modo algum preguiçoso.


O grego desviou, mas sentiu um frio na espinha com o tremor causado quando o machado atingiu o chão. Ele era forte, mas nada como os homens que lutaram naquela arena no dia do torneio. Era uma força maldita, como a força de um avião se chocando na terra carregado de demônios. Aquele simples brandir foi o suficiente para abrir uma rachadura no chão, que se estendeu até a arquibancada e fez parte dela ruir. Um dos homens que estava ali sentado, afundou com a madeira e morreu nos estilhaços.


Animados, os tambores voltaram a bater e os sobreviventes urraram. A arena agora parecia uma pizza sem uma fatia. E o homem tornou-se a virar para Leonardo. Seus olhos pareciam os de um demônio, havia algo vermelho e com garras dentro do filho de Atena ao encará-lo. Algo gritando alto demais para ser compreendido. Talvez fossem seus instintos em um choro de guerra implorando "Ataque", ou quem sabe "Corra".

#33

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por Leonardo 25/01/20, 03:45 pm

Leonardo

Leonardo
Filho(a) de Atena
Filho(a) de Atena
A força dele era sensacional, a maior que eu já vira, e aparentemente isso assustava até mesmo o Jarl. Não sabia muito bem como lidar com aquela situação, mas sabia que só havia um jeito de vencer: atacando.

Espero o próximo ataque o pulo para o lado com atenção nos seus movimentos, porém, seria para o lado oposto das minhas últimas esquivas. Não queria que ele pegasse a manha dos meus movimentos. Em seguida, contra ataco o mais rápido que puder, antes mesmo que ele erguesse o machado do chão novamente, visando cortar o seu pulso, que estaria estendido com o golpe, buscando rasgar todas as suas veias. O golpe seria de baixo para cima, imaginando que o pulso estava virado para o chão. Eu o cortaria na ida da espada, mas também na volta do golpe, puxando minha arma para cima para aumentar a fricção. Sua pele podia ser bastante grossa, mas não numa região geralmente sensível.

Independente de acertar ou não, me afasto novamente, analisando qual seria o melhor ponto para o próximo ataque. Toda a minha inteligência estaria voltada para analisar meu oponente e em empregar a maior velocidade que conseguisse nos meus movimentos. Também ficaria atento para o caso de meu adversário sacar outra arma para me atacar. Nesse caso, adaptaria meu posicionamento para o combate diferenciado, analisando se seria melhor me esquivar ou utilizar o escudo.




Nível 15 - Fúria de Guerra: O herói aumenta sua força (+25) e velocidade (+25), porém, faz com que se torne mais vulnerável e mais agressivo. O uso desta habilidade requer 40 pontos de energia. A habilidade ficará ativa por 3 rodadas e entrará em espera por 2 rodadas após o término do efeito.

#34

O pecado do gigante - Leonardo - Página 4 Empty Re: O pecado do gigante - Leonardo

por Hera 26/01/20, 11:04 am

Hera

Hera
Deusa Olimpiana
Deusa Olimpiana

Homero cantou por diversas vezes, que Aquiles era o herói impecável. Nem Ájax, filho de Ileu, era tão belo e valente entre os aqueus. Isso se dava, pois era bravo, forte, implacável como uma rocha e arrastava seus inimigos para o tártaro como uma tempestade armada de espada, escudo e com os urros de um leão. Eis o verso:


Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles
A ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos,
Verdes no Orco lançou mil fortes almas,
Corpos de heróis a cães e abutres pasto:


Mas Leonardo sabia, que não só de contos heroicos vive um semideus. Ele conhecia as agonias, engoliu cada choro que coube em sua garganta, e o que transbordava ele transformava em gritos e força. Não era um filho de Ares, mas nem precisava, existe algo ainda mais importante do que um braço capaz de empurrar um carro num único soco, algo que Aquiles tinha de sobra, e o filho de Atena estava para descobrir de que se tratava.


O nórdico se aproximou, o próximo ataque seria fatal se o atingisse, o machado atingiu o chão, mais fraco dessa vez mas ainda assim criando uma grande rachadura, e o ex-conselheiro viu uma oportunidade para atacar. Lançou-se contra o pulso do bárbaro, desferindo um golpe tão certeiro em seu pulso quanto uma flecha lançada pelo próprio Apolo. Ou ao menos, seria, se aquele gigante não largasse o machado impulsionando-se para trás.


Mas havia força no golpe desferido pelo grego, uma força que ele conhecia bem, algo dânao e que o preparava para a guerra. O golpe não acertou o pulso, mas fez o dedo mínimo de seu adversário ir aos ares fazendo sua mão sangrar e sua boca rugir.


Leonardo, porém, mal pode ver quando um dos pés se ergueu, e como o coice de um cavalo o atingiu no peito. O ar de seus pulmões devem ter ido de volta à Grécia, pois certamente não estavam ali no instante em que seu corpo voou em direção ao outro lado da arquibancada e se enterrou nos estilhaços de madeira. Sua armadura era feita de ossos de dragão, aguentava pancada e por isso não tinha um arranhão, mas respirar passou a ser de imediato uma batalha, pois enquanto o ar se esforçava para entrar, o sangue lutava para sair. Cuspiu algo vermelho por dentro de seu elmo, e o cheiro de ferro se acentuou. Seus sentidos se aguçaram, como quando as pessoas caem grandes tombos e se machucam, e ele tinha certeza de que aquele homem era forte demais para ser só isso, um homem.


Sentia que pelo menos duas de suas costelas haviam se partido, e estava tendo pelo menos uma hemorragia interna. Sua visão embaçava, e lutava para focar no alvo que agora sacava a espada de sua cintura com seu único braço e caminhava falando alguma coisa. Afastou o zumbido nos ouvidos para prestar atenção:


- ...ocê não quer me ver zangado, semideus. NÃO QUER. - Não parecia o mesmo homem de antes, parecia lutar contra um urso dentro de si. O filho de Atena recordou de uma fala do homem que cuidava de seus cavalos, ele havia escutado boatos de que nesse torneio existiria até mesmo um "Berserkir".


Leonardo pôs-se de pé, era difícil, ergueu-se instintivamente daquele túmulo de madeira quebrada e couro rasgado onde seu corpo havia pousado após o chute. Viu-se naquele momento na pele do herói homérico. Perguntou a si, quantas vezes Aquiles teve de se por de pé, em frente a desafios tão grandes. Aquele herói, por óbvio, não hesitou e venceu com a bênção dos Deuses.


Restava a pergunta: Teria Leonardo, o suficiente para ser um herói?

#35

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por Leonardo 26/01/20, 01:31 pm

Leonardo

Leonardo
Filho(a) de Atena
Filho(a) de Atena
A viagem que fizera após o chute foi rápida, mas suficiente para algumas reflexões. Como ele conseguira ser tão rápido à ponto de sobrepor a guarda de meu escudo e me atingir com tanta força mesmo tendo sido ferido por minha espada? O que aquele homem tinha de especial? Seria um deus? Esses pensamentos passaram pela minha cabeça nos poucos segundos que precederam o choque contra o solo.

O gosto de sangue na boca era novidade para mim. Não estava acostumado a lutar contra monstros muito fortes. Geralmente os vencia na estratégia, na inteligência, mas raramente os enfrentava simplesmente com a força física. Apesar disso, havia em mim um enorme orgulho de ser quem eu era. Orgulho dos deuses gregos, da minha família. Nada no mundo poderia me derrubar enquanto os deuses vivessem, nem que para continuar lutando eu precisasse fugir da morte ou renascer quantas vezes fosse possível.

Se aquele miserável se achava forte, ainda não me conhecia coberto de fúria. Poucos conheciam. O fogo subiu aos meus olhos, meus músculos se enrijeceram, a dor se tornou apenas uma sensação distante demais para se preocupar. Meus braços seguraram a espada e o escudo com força. A diferença básica entre mim e os outros semideuses era que a fúria deles os levava à barbaridade, à ignorância e à movimentos simplesmente caóticos. Já no meu caso, ela se revestia do raciocínio completo que um homem poderia experimentar. Todas as nuances da batalha, os movimentos, os sons, a influência do solo, do céu, do vento. Cada mísera onda de energia que se propagava por aquela arena não passava desapercebida por mim.

Avanço contra meu inimigo no mesmo passado que ele se aproximava de mim.

- Você morrerá afogado no ódio do sangue grego que derramou. - Não havia mais necessidades de disfarces.

Avançaria na sua direção com um salto dado com o pé contrário ao lado mais ferido do meu corpo, para diminuir a dor, me aproximando mais rápido do que a própria morte. Ergueria minha espada na direção do seu peito, esperando que ele tentasse instintivamente defender ou atacar com a própria espada, mas era isso que eu esperava. No momento que ele se movesse em reação, observo decifrando cada movimento do seu corpo em câmera lenta, através de meu elmo, analisando qual posicionamento eu deveria assumir para atingir meu objetivo. Tentaria enroscar minha lâmina na sua e girar a ponta da minha contra a base do oponente, tentando derrubar sua arma no chão, nem que para isso precisasse decepar mais dois dedos seus. Faria isso o mais rápido possível para que ele não tivesse tempo para reagir aplicando sua força contra a minha arma, revertendo o movimento.

Conseguindo ou não, estaria pronto para o contra ataque com um chute, soco, cabeçada ou outra arma, mas usaria meu escudo com a proficiência que minha perícia dava para me defender com força e direção suficiente para deslocar o membro usado, empurrando-o para fora do ângulo na natural do corpo, me utilizando da leveza e força natural que o escudo adquiriria. Então enfim, fincaria minha espada na sua virilha, de baixo para cima, girando meus pés para o lado, num movimento para sair do centro do seu ataque, usando o escudo para ainda defender qualquer ataque possível, até mesmo com a cabeça. Caso o golpe seja bem sucedido, imaginaria as plumas que Hera me concedia se materializando como lâminas que seriam lançadas nas costas do berseker.

Com a mesma velocidade que avancei, recuo para sua lateral, evitando choques de fúria que ele provavelmente teria.

Caso qualquer movimento tenha saído diferente do esperado, não desanimaria e nem daria chance para ser surpreendido, tomando rapidamente a posição mais indicada para continuar o enfrentando, buscando uma brecha para quebrar sua defesa e o atingir finalmente.




Fúrias ainda ativa.

Nível 18 - Habilidade de Guerra: O herói possui golpes e movimentos mais rápidos em batalha. O uso desta habilidade requer 50 pontos de energia. (Recebe +35 AGI).

Nível 9 - Mestre de Defesa I: O filho de Atena tem facilidade em se defender mesmo sem escudo. O uso desta habilidade requer 30 pontos de energia. A habilidade entrará em espera por 2 rodadas.

Nível 10 - Bênção do Escudo I: O herói torna seu escudo mais rígido e ao mesmo tempo mais leve, podendo até mesmo quebrar armas de [Bronze][Comum]. O uso desta habilidade requer 60 pontos de energia. A habilidade entrará em espera por 3 rodadas após o término do efeito.


Nível 18 - Chuva de Plumas: Um campeão de Hera pode fazer uma “chuva” de plumas de pavão, porém as plumas serão afiadas como Espadas, e atingirão os seus inimigos. O uso da habilidade requer 100 pontos de energia e entrará em espera até o término da narração, ou a critério do narrador.

#36

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por Hera 26/01/20, 02:34 pm

Hera

Hera
Deusa Olimpiana
Deusa Olimpiana

OBS: obrigatório ouvir a música enquanto lê.

Heróis não nascem de momentos felizes...




...era uma triste realidade, que fazia Leonardo se questionar se era uma vida digna, se era algo que escolheria para seus filhos. Ser um herói. Ele sequer sabia se era um deles. Mas de uma coisa tinha certeza, eles não nasciam em armaduras douradas, com dentes brancos sorrindo para as meninas.


Não
.


Era disso que Homero esquecia de falar. Dos momentos em que o sangue tomava conta da boca. Onde era possível se esquecer de quantos dentes se tinha antes de cada soco. Era nos instantes em que a morte beijava suas almas, pronta para levá-las, que os heróis se tornavam o que eram. É quando olham para as asas do diabo, que os arrasta pro inferno e dizem: hoje não.


O filho de Atena mergulhou no orgulho. Era um grego orgulhoso e incorrigível. Suas raízes não o permitiriam abaixar a cabeça para um nórdico e apanhar, mesmo com sangue escorrendo de sua boca, mesmo com o medo corroendo suas entranhas como aranhas famintas. Não.


- Você morrerá afogado no ódio do sangue grego que derramou. - Bradou, e a multidão se assustou, os tambores pararam de tocar e até mesmo o Jarl tinha ficado boquiaberto.


Voou contra seu adversário como uma flecha. Perfurou sua mão, e o fez largar a espada com um grito e logo em seguida desviou de mais um dos fortes chutes daquele Viking. Ele não estava perdido, não. Leonardo não era um fracote, nem os gregos. Se abaixou e cravou a espada na virilha do bárbaro. Todos os movimentos eram perfeitamente conduzidos por sua fúria, que ignorava a dor e o sangue que saía de seu corpo.


Não obstante, o campeão fez do ar gelado, plumas tão afiadas como espadas surgirem. Elas se materializaram rapidamente, como se o ar escurecesse, ficasse denso e assumisse aquela forma. Em segundo dançavam como leves folhas caindo ao redor dos dois guerreiros, e no outro se direcionavam como armas mortais perfurando as costas do nórdico, sangue jorrou como se um balão vermelho houvesse estourado e espalhado pela arena.


Leonardo respirava com dificuldade, e por um momento, só o vento pôde ser ouvido. Seu adversário caiu de joelhos e encarava o chão enquanto sangue escorria por seu corpo.


- Grego, é? - Ele disse. Seu corpo estava repleto de machucados, e sangrava como se o inimigo de Leonardo tivesse acabado de sair de um massacre. - Vocês, malditos, sempre se achando melhores e querendo nos causar problemas. - Se levantou, e o campista não conseguia acreditar no que estava vendo. O gigante ficou de pé, parecia ainda maior e seus olhos ardiam com um fogo vermelho e diabólico. - Não são. - Rosnou. - Eu sou aquele que veio do mar, para dar aos homens suas espadas. - As plumas descolavam-se de suas costas e caíam ao chão. - Eu sou aquele que enfrentou Fenrir, enquanto os fracos lutavam para prendê-lo. - Começou a caminhar com imponência na direção do filho de Atena, que não se acovardava. - Eu sou a justiça. O céu. A Luz. - Se moveu tão rápido que Leonardo não foi capaz de ver, e acertou-o com um soco no estômago que o fez cair ao chão, dessa vez, gritando de dor. Pisou no corpo de Leonardo, que agora via apenas a sombra daquela criatura, e os olhos vermelhos brilhando como os do próprio demônio. Sob aquele olhar, ele se sentia menos importante que uma mosca. - Eu sou Tyr. A guerra. - Ergueu o punho, o único que tinha. - E não perecerei diante de helênicos.


Socou Leonardo, sem tirar sua armadura. Um, dois, três, continuou por tanto tempo que o filho de Atena já não conseguia contar. Sabia que seus ossos estavam sendo triturados, e já não movia seu corpo. Era sua morte, mas o Deus nórdico fazia questão de ser lenta e dolorosa.


Houve um momento em que seu elmo voou para longe, assim como sua espada e escudo enquanto apanhava em todo canto do seu corpo, e ele já não conseguia prever os movimentos que o atingiriam, seus olhos inchados viam pouco, só vultos vermelhos enquanto apanhava. A arena estava em silêncio, e só os gemidos do filho de Atena eram ouvidos. Quando se cansou, Tyr caminhou até seu machado, e deu as costas para Leonardo que estava caído no chão. Iria pegar a sua arma para dar o golpe final. Era o fim.


Algo queimou dentro do semideus. Ele não sabia se estava chorando. Mas era o orgulho. Maldito orgulho, que o colocou naquela posição. Mas era só isso que restava, só isso que o colocava de pé. E sim, por incrível que pareça, ele se pôs de pé. O corpo tremendo como uma vara fina cravada no meio da neve enquanto o vento rugia. Trovões ecoaram nas nuvens da nevasca.


Ele era grego.


Como Aquiles.


Como Hércules.


E era mais do que isso. A jóia usurpada pelos nórdicos tremeu na caixa sob o banco do Jarl, que não soube como reagir. O medalhão rompeu o baú de madeira e voou em direção à mão de Leonardo. Seu corpo não tinha condições de ficar em pé, e sua mente muito menos ainda de usar as habilidades de Atena, mas ao tocar a jóia debochou daqueles bárbaros estúpidos. Medalhão? Só para idiotas, era uma arma, transmutada em medalhão, e nas mãos do campista assumia sua verdadeira forma. Uma longa espada dourada em forma de raio.


Tyr virou-se novamente para o grego, dessa vez com o machado em mãos. Leonardo sabia que não conseguiria erguer aquela espada e desferir um ataque, nem se quisesse. O som de um trovão ecoou ao longe. - Vê, grego? Até Thor amaldiçoa sua presença neste lugar. - Um clarão ilumina toda a arena, junto com um barulho ensurdecedor, enquanto Leonardo era atingido por um raio.


Não, não era Thor.



Spoiler:

#37

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por Leonardo 26/01/20, 03:34 pm

Leonardo

Leonardo
Filho(a) de Atena
Filho(a) de Atena
Por mais que eu tivesse me esforçado, meu inimigo era enfim superior à mim. A cada soco que sofria dele, um nome de deus ou de herói passava pela minha mente. Todos aqueles que haviam lutado e eventualmente sucumbido sobre o peso das injustiças e do mal. Porém o legado sempre prosseguiu e os herdeiros do Olimpo nunca decepcionaram. Eu era apenas mais um, que apesar de ter feito todo o possível, não foi capaz de vencer a batalha. Porém, não vencer a batalha não era o mesmo que perder a guerra.

O peso de 5 mil anos de incontestável e sábio domínio sobre o mundo ocidental de repente se reunia dentro de mim. A dor não era nada comparada ao orgulho de quem eu era e de onde eu viera. Se Tyr estava ali para decretar o fim de minha jornada, ele permaneceria vivo para presenciar a derrota de seu império, pois ninguém jamais se sobreporia aos gregos. Não possuíam poder suficiente para frear os deuses do Olimpo com seus heróis.

Aquele povo pagaria caro.

Por um momento, me pergunto se minha mãe havia me abandonado à mercê da morte. Qual o sentido de me levar ali se não havia chance de vitória? Qual golpe seria mais poderoso do que a prova de amor que eu dei aos deuses? Porém, aceitei o meu fim, afinal heróis passavam por isso e eu só seria um quando deixasse o mundo com uma história para ser contada. Observo o céu que era testemunha do meu martírio. Quem sabe os animais ou os espíritos estivessem me assistindo e pudessem contar a história do semideus que desafiou os nórdicos para que as gerações futuras possam se inspirar em mim para executar a vingança inevitável.

Justamente quando eu estava prestes a abandonar a luta, pensando que os deuses não precisavam mais de mim, algo mudou. O poder do legado grego foi sentido dentro de meu peito que eu nem sabia se ainda possuía um coração batendo. De repente, o orgulho voltou em uma enxurrada de sentimentos felizes. Minha mãe, minha matrona, os deuses, os meus amigos no acampamento. O calor do sul, o império que mantínhamos, o futuro que havia pela frente. Tudo aquilo se misturou dentro de mim gerando um calor irrefreável que me pôs em pé para a minha própria incredulidade.

A imagem do deus nórdico de costas para mim reavivou minha raiva. De repente, só tinha pensamentos para o medalhão que se escondia no acento do Jarl. Chorei. Chorei por minha mãe. Seu poder estava bem ali, porém fora do meu alcance. Porém, desejei aquele objeto com tanto afinco e honestidade, que talvez os deuses tenham sorrido para meu esforço, pois de repente a joia voou em minha direção.

Quando senti o peso daquela espada sagrada em minhas mãos, todos os meus receios se foram. Eu podia morrer, mas morreria como um grego, em pé, enfrentando meu oponente, como nós sempre fizéramos. Entretanto, antes que pudesse aceitar o meu fim, os trovões se fizeram presentes. Tyr refere-se a Thor, mas eu sentia que não era ele. De repente todos os sentimentos que represei dentro de mim durante aquela batalha explodiram para fora em forma de palavras.

- Nós somos SIM, melhores. Não causamos problemas, livramos o mundo da escória! Eu sou aquele que vim do sul, que nasci na Grécia e caminhei pelo mundo ao longo dos milênios. Eu carrego comigo o poder de dar ao homem um sentido para viver. Eu sou a inteligência da criatura ocidental, eu sou a ordem do mundo civilizado, eu sou a esperança que mantém os homens unidos. Eu sou a desgraça do norte que fará o mundo inteiro respeitar nossas origens e se ajoelhar diante dos nossos deuses. Eu sou o seu castigo, Tyr!

E quando senti aquele raio me atingindo, percorrendo meu corpo, passando pelos meus ossos quebrados, deslizando pela minha corrente sanguínea que jorrava, sabia que aquilo não iria me ferir, e sim me curar. Sabia que havia representado o Olimpo tão bem que havia recebido a graça do nosso rei. E sabia que aquele era o prêmio pelo destino bem aceito e pelo orgulho cultivado até o último momento.

- Não é Thor. É Zeus!

Simplesmente direciono o olhar para Tyr, desejando que todo aquele poder o atingisse como um tsunami de poder do ódio do sangue grego derramado.

#38

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por Hera 26/01/20, 04:43 pm

Hera

Hera
Deusa Olimpiana
Deusa Olimpiana



Cada palavra saída da boca de Leonardo parecia carregar consigo uma voz tão antiga quanto as lendas. Era Homero, Odisseu, Quíron, Hércules, Teseu, Perseu e todos aqueles que um dia carregaram a honra de serem chamados de gregos. Sua palavras ecoavam, como se fosse de fato, um Deus vociferando contra os mortais que estavam ali presentes. Enquanto falava, sua perna se erguia do chão, e por um momento ele soube como os filhos do Rei do Olimpo se sentiam ao voar, porque de fato, olhava o gigante Tyr de cima, com a honra de seu povo e de toda a história que carrega em suas costas.


- Não é Thor. - Sua voz era como um rugido. Um leão parecia ter tomado posse de sua garganta, e falava por meio de Leonardo. - É Ζεύς. - Recitou o nome de seu avô, mas o som que saiu de sua boca não era grego, nem inglês, nem escandinavo, era algo mais antigo que a palavra, algo que talvez, somente Chronos teve o azar de ouvir, era o som do primeiro Raio correndo por entre as nuvens. Mas Tyr entendeu, e em seus olhos furiosos Leonardo pôde ler um sentimento humano: pavor.


Como se das nuvens o próprio punho de Zeus tivesse descido, veio o raio. Uma força avassaladora, que pulverizou a Arena e todos que estavam presentes nela. Não foi rápido, nem irregular, era a concentração de todas as tempestades do mundo em um único ponto.


Tudo que Leonardo via era branco. Não havia contorno, nem sombra, e seus ouvidos escutavam o caótico som tempestuoso e trovejante que parecia não ter fim. Ele já havia presenciado, sim, já havia visto e lutado contra o poder dos Deuses. Mas senti-lo fluindo em seu corpo dessa forma, era como ver cada peça de um relógio sendo criada desde a fundição do ferro de suas peças, até seu molde, seu monte, e a construção e pintura daquela peça tão complexa. E ele entendia a razão de nenhum mortal poder carregar aquilo.


Quando o raio cessou, Leonardo percebeu que estava a 10 metros do chão, voando sem asa alguma. Onde antes existia uma arena, havia uma mancha escura e imensa. Assim como a tempestade acabou, a energia do filho de Atena também se esgotou e este foi empurrado novamente ao chão pela gravidade. Seus ossos continuavam moídos, seu corpo ainda sangrava, e sua missão ainda não tinha acabado.


A queda doeu, mas não tanto quanto o ríspido som da maldição. Havia enfrentado um Deus, afinal. E sentiu-o falando em uma linguagem tão pura quanto o ódio, deveria ser só isso, inclusive, espalhando-se pelo lugar como o cheiro de queimado. - Eu vou atrás de você - dizia Tyr, de onde? Leonardo não sabia, afinal seu corpo tinha sido vaporizado pelo raio. Mas Deuses eram imortais, assim como sua fúria.


A tempestade de raios foi o suficiente para atiçar as nuvens, e uma nevasca começou a cair. O ex-conselheiro não teve forças para mover um único músculo, e juraria que estava morrendo. Mas morreria com a honra de um grego. Apagou.


Viu somente escuridão.


Sentiu somente frio.


E ouviu a tempestade, soprando com a fúria do norte. E por detrás dela, um relincho familiar.


E então, nada.


Fim do Ato I



Ato II - O mestre das Runas


Entre Muspell e Niflheim havia o vazio,
um lugar sem forma,
uma lacuna do nada.
Os rios do mundo feito de névoa escoavam para esse vazio,
que era conhecido como Ginnungagap, "a garganta do abismo".



Leonardo abriu os olhos. O cheiro não era incomum. Um celeiro? Estava deitado em feno. Esforçou-se para mover o corpo machucado. Faixas? Olhou para si, com muita dor. Estava sem armadura e sem suas armas, mas sentia tudo transmutado em suas tatuagens. Ao lado de seu corpo algo o aquecia, era o corpo de Orion. O nobre aliado estava deitado, descansando.


- É um cavalo corajoso. - Falou uma voz desconhecida, e Leonardo virou-se de imediato para ver quem era. Arrependeu-se da velocidade, seu corpo estava recuperado, sim, mas não por completo e seu pescoço doeu como se tivesse tocado ferro fervido. - Ei, calma. - Se aproximou, era uma mulher. - Você ainda está bem machucado. Não fosse por seu amigo aí ter te trazido até aqui, teria morrido na nevasca. - Ela era linda, apesar do cabelo raspado. E se não fossem as milhares de runas nórdicas tatuadas por todo seu corpo, o filho de Atena poderia jurar que tinha um sorriso como o de Apolo, e passava a mesma sensação de calor.

#39

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por Leonardo 26/01/20, 05:36 pm

Leonardo

Leonardo
Filho(a) de Atena
Filho(a) de Atena
A sensação daquele poder em meu corpo foi terrificante. Nenhuma sensação poderia superar aquilo no mundo, eu tinha certeza. De repente, eu me sentia um pequeno grão de areia no imenso oceano que refletia o poder dos deuses. Não obstante, eu me sentia leve e feliz. O clarão que queimara minhas retinas até não restar visão nenhuma era quente e aconchegante. Eu poderia viver aquele instante para sempre, mas havia chegado ao fim.

Caio como um meteoro e sinto a fúria de um deus tão antigo quanto o mundo me amaldiçoando. Se aquele era o preço por ser um herói, eu o aceitava de bom grado, afinal sabíamos que nossa vida não seria recheada de alegrias e sim de sacrifícios e dores. Eu afinal entendia o que significava ser um semideus. Não se tratava somente sobre perseguir monstros, brandir espadas e fingir que os deuses se importam com nós. É fazer parte do poder que carrega a civilização nas costas largas e generosas. É conhecer a sua pequenez e a sua força ao mesmo tempo. É viver a vida como uma poesia dos gregos antigos, respirar cada momento como se fosse único e honrar sempre os nossos pais.

Minha vida passava diante dos meus olhos, e naquele momento eu acreditava que era o fim. Não demorou muito e o silêncio e a escuridão tomaram conta de mim.




Quando acordei, imaginei estar no Elísio, apesar do cheiro de estábulo. Afinal eu estava sem item algum e cada célula do meu corpo parecia estar sendo cozida em banho-maria. Tinha certeza que eu havia pulverizado tudo sob mim e eu inclusive. Sabia que jamais seria capaz de suportar aquela energia colossal, mas então uma voz se manifestou.

Eu não esperava ouvir a voz de uma mulher, mas quando tentei me virar, senti a dor terrível da convalescença pela qual ainda passava. Sinto que Orion está comigo e agradeço aos deuses a dádiva de tê-lo ali. Queria falar, mas era incapaz. Minha boca parecia estar fechada há séculos. O gosto era amargo e eu simplesmente não tinha mais energia alguma para me mover.

Ainda assim, tento sussurrar com o pingo de força que ainda me restava:

- Q... Que..m? On...de?

As palavras eram poucas, mas meus olhos inquiriam sobre tudo àquela mulher. Queria saber onde estava, quem ela era, onde estavam as minhas coisas. Queria o ópio e a romã, pois sabia que eles podiam me curar, mas não conseguia pedir mais nada. Apenas me deixei largado sobre o feno, rezando para não desmaiar novamente e esperando respostas.

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