Misterioso. Era assim que Leonardo parecia ser, e Nicholas percebeu isso, o semideus tinha um porte incomum, principalmente naquele lugar, mas ainda assim o respeito que emanava o fazia parecer no mínimo, admirável. Orion parecia bem cuidado naquele momento, e por isso ele se retirou até a fila novamente. Um homem magro, o que parecia raridade naquele lugar, recolheu o seu nome e o inscreveu para o torneio, marcando o elmo fechado do semideus com uma tinta branca, indicando que ele era um dos desafiantes.
Não havia um lugar específico para os competidores, todos ficavam na arquibancada e qualquer um que quisesse saltar para a Arena na intensão de desafiar os guerreiros, poderia fazê-lo. E por falar em arquibancadas, elas também eram de madeira coberta por couro. A arena, que se apresentava logo abaixo, era basicamente um piso irregular, coberto de neve e que tinha no máximo 15 metros de diâmetro, parecia o lugar perfeito para uma luta rápida.
O filho de Atena escolheu uma fileira, e se aconchegou entre aqueles bárbaros para aguardar o início do torneio. Mais pessoas chegavam, e havia um ou outro homem da estatura do campista, seriam esses os vanires? Eram no máximo três, e vestiam roupas chamativas mas nada úteis, como vestes feitas de prata brilhante e tinham algumas espadas cheias de adornos.
Do lado oposto da entrada, havia uma única cadeira que era maior que os bancos da arquibancada, nela se sentava um homem com uma veste de couro que cobria todo o seu corpo, ele parecia se misturar em meio à Arena, mas quando se levantou o semideus percebeu que ele tinha um corpo bem grande, maior do que a maioria. Sua barba era longa e castanha, seu cabelo também, e o Campeão de Hera tinha a certeza de que ele não tomava banho haviam meses.
- Sejam bem vindos. - Clamou o homem, e a arquibancada urrou de forma que o garoto se sentiu cercado de ursos. - Como sabem, nossa cidade se recuperou de uma violenta batalha há pouco tempo, e os últimos torneios não saíram como planejado. - Caminhou por entre a Arena, olhando todos nos olhos. Sua voz era a de um velho, mas não parecia se portar como um. - Mas os Deuses nos mandaram um sinal. Eles querem que lutemos. - Se dirigiu novamente até seu banco, e de um pequeno baú que estava sobre ele, retirou um colar com um cristal de gelo. - Contemplem, o medalhão de Ymir.
Leonardo poderia amaldiçoar aos Deuses por sua obviedade, ao olhar o medalhão ele teve certeza, Ymir era uma ova, aquilo era helênico. Havia sim uma magia incomum em torno do medalhão, mas olhar para ele era como olhar para seu próprio chalé, como havia chego ali e o que ele fazia era ainda uma incógnita, entretanto, o filho de Atena soube que este era o objetivo de sua missão.
- O vencedor do torneio, terá a honra de portá-lo e fazer uso de seus poderes místicos. Os perdedores, não temam, acordarão em Valhalla, banqueteando-se com nossos Deuses e tornando-se parte de seu grande exército de heróis. - Urraram novamente, e alguns tambores foram tocados com fervor enquanto o Jarl levava a joia e se dirigia ao seu trono. - Comecem.
Deveria ter uma regra, mas não tinha. As eliminatórias funcionavam mais ou menos assim, um daqueles caras grandes pulava no meio da Arena, apontava o dedo pra outro desafiante e esses se digladiavam com machados e martelos até que um não pudesse se levantar. A morte era comemorada com gritos, como se tanto o vencedor fosse digno, quanto o perdedor, afinal este morreu em batalha.
Houve um momento, em que um dos Vanires foi desafiado, e ele se lançou contra seu adversário gigante sem covardia. A luta foi rápida, e Leonardo pôde perceber algumas coisas ali. Eram semideuses, afinal, utilizavam técnicas mágicas que pareciam muito com as que ele via em seu acampamento, como os raios que emanavam do martelo do Æsir e os raios de sol que o Vanir usava para tentar cegar seu inimigo. Percebeu também, que isso pouco adiantava, afinal, houve um momento em que o gigante com o martelo pegou o rapaz com sua armadura prateada pelo pescoço e socou seu rosto com brutalidade tamanha, que quando caiu no chão a feição orgulhosa havia sido substituída por uma cara desesperada e ensanguentada. - Eu desi... - Tentou falar, mas antes que terminasse o nórdico mais forte lhe deu outro soco, mesmo estando no chão, dentes voaram, e mais um soco foi desferido, mais um, mais um, até que o corpo fosse só um boneco imóvel e sem vida, jorrando sangue que fervia sobre o gelo.
Levaram aquele corpo dali, sob vaias. Não parecia ser tão nobre matar um Vanir, mas mesmo assim, minutos depois um homem com uns dois metros, vestindo nada além de uma roupa de couro que o protegia apenas do frio, e portando um machado de guerra relativamente grande em uma de suas mãos, apontou para Leonardo, e o desafiou.